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Como recuperar a confiança financeira dos consumidores?

Como recuperar a confiança financeira dos consumidores?

Bancos podem ter papel central na retomada do otimismo abalado pela inflação

Como os consumidores estão se sentindo em relação às suas finanças pessoais? De acordo com o que descobriu uma pesquisa realizada pelo Banco de Montreal com 3.402 americanos no último semestre de 2022, não muito bem.

O Real Financial Progress Index revelou que a confiança financeira dos entrevistados caiu de 79% para 68% no período de apenas um ano. A grande maioria das pessoas (83%) foi além e ainda afirmou que sua situação econômica está aumentando sua ansiedade.

Fatores financeiros por trás deste estado emocional incluem o medo de despesas inesperadas (85%), despesas com algum membro da família (69%), custos de moradia (68%) e dívidas no cartão de crédito (54%). Pouco mais da metade ainda está com dificuldades para pagar gastos médicos (67%) e, entre os mais velhos – entre 55 e 65 anos – 63% estão ansiosos por não conseguir manter suas contas em dia.

“A inflação que corrói o poder de compra e a incerteza em relação à economia americana por conta da alta da taxa de juros são alguns itens que influenciam a ansiedade e o medo das famílias, o que também está relacionado a esta confiança em baixa”, comenta o professor de economia da Faculdade de Economia e Administração de Ribeirão Preto da USP (FEARP/USP), Rafael Nakabashi.

Por que a confiança financeira está tão baixa?

De fato, o estudo mostra que a inflação é o motor principal que vem ocasionando a queda de confiança financeira do consumidor. Com isso, alguns comportamentos acabam impactados: 60% dos entrevistados estão adiando a compra de carro ou imóvel e a porcentagem de pessoas que consegue economizar para aposentadoria ou férias caiu.

Além disso, os objetivos econômicos dos americanos se tornaram bem mais conservadores. Longe de novas aquisições, eles querem pagar suas dívidas (45%), reduzir suas despesas (31%) e organizar o orçamento (19%).

A professora do Departamento de Administração da Faculdade de Economia, Administração, Contabilidade e Atuária da USP (FEA/USP), Rafaela Almeida Cordeiro, explica que a principal consequência deste comportamento conservador, trazido pela sensação de vulnerabilidade financeira, é a desaceleração econômica. “As pessoas consomem menos, o nível de produção cai, a taxa de desemprego aumenta… o resto, nós já sabemos”, fala.

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Cenário brasileiro também é impactado

A pesquisa do Banco de Montreal é focada no mercado estadunidense, mas os professores da USP ajudam a fazer uma correlação com o cenário brasileiro. Afinal, por aqui a inflação também tem preocupado os consumidores.

“Os reflexos podem ser vistos em situações do dia a dia, como nas trocas por opções mais baratas no supermercado, na hora do lazer, em viagens. Muitas pessoas também têm recorrido ao cartão de crédito para comprar itens essenciais, como alimentos e medicamentos. Soma-se isso aos juros altos, o resultado é o endividamento”, fala a professora Rafaela Almeida Cordeiro, que lembra que estes problemas têm sido vistos em diversos países.

Já o professor Rafael Nakabashi acredita que a situação brasileira pode ser considerada até pior, devido às taxas maiores de desemprego, a renda mais baixa, que aumenta menos que a inflação, e o achatamento da classe média. “Se fosse feita uma pesquisa similar aqui, provavelmente iria capturar uma queda na confiança financeira também”, diz.

Bancos são atores centrais na retomada
da confiança financeira

Além de revelar a queda na confiança financeira, a pesquisa Real Financial Progress Index tem o objetivo de servir como alerta aos bancos, que não devem ignorar as mudanças no comportamento do consumidor. Ela aponta que estas instituições têm um papel central na retomada da sensação de bem-estar financeiro.

A professora da FEA/USP, Rafaela Almeida Cordeiro concorda com a colocação. Ela diz que os bancos são muito presentes na vida dos clientes e diversas decisões importantes, como a compra da casa própria e o financiamento de estudos, são mediadas por eles.

“Se essas instituições adotarem práticas que ajudem os consumidores na gestão das finanças pessoais, eles se sentirão mais confiantes nesse aspecto”, acredita. Para a professora, ainda pode atuar nesta retomada o próprio governo, por meio de benefícios financeiros e programas de transferência de renda.

O professor da FEARP/USP, Rafael Nakabashi, também acredita que os bancos podem ser ativos no impulsionamento da confiança financeira, mas indo além do que já praticam hoje.

“Eles podem direcionar os investimentos, auxiliar as famílias a saber como agir para pagar suas dívidas e, no geral, ajudar os clientes explicando o necessário de maneira acessível. Mas isso é o básico, educação e planejamento financeiros são assuntos importantes que deveriam ser tratado pelos bancos e outras instituições”, avalia.

Ele também reforça que a situação no Brasil é sempre mais complicada, uma vez que muitas pessoas ainda não têm acesso a conta em bancos e, assim, estariam privadas deste auxílio das instituições. “Por isso políticas públicas também são fundamentais”, enfatiza.

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O que bancos podem fazer para alavancar o otimismo

Focado no mercado americano, o estudo do Banco de Montreal lista quatro sugestões para que os bancos atuem na retomada da confiança financeira:

  1. Humanizar a experiência bancária. Os clientes que já estão em estresse financeiro esperam contar com o suporte de suas instituições bancárias, por exemplo por meio de bom atendimento ou de uma orientação presencial.
  2. Oferecer ferramentas gratuitas e de fácil uso, como apps, de organização financeira ou controle de orçamento.
  3. Priorizar a educação financeira nas interações banco-cliente. Afinal, qualquer ferramenta será inútil se a pessoa não souber como usá-la.
  4. Dividir os lucros, no sentido de que não é mais moralmente aceito que bancos e seus acionistas usufruam de rendimentos gordos oriundos das altas taxas de juros se isso não for repassado em forma de benefícios aos seus clientes.

Os professores da USP complementam com sugestões que podem funcionar no contexto brasileiro, que historicamente é marcado por altos índices de desconfiança perante às instituições financeiras:

  •  Trocar a linguagem técnica presente nos materiais que divulgam dicas de gestão financeira por uma mais lúdica e compreensível;
  • Informar os clientes sobre os benefícios dos produtos que estão sendo adquiridos e como usá-los (por exemplo, vantagens adicionais “escondidas” em um seguro de carro);
  • Capacitar colaboradores para atender e orientar as pessoas sobre suas finanças;
  • Cobrar políticas públicas de educação e inclusão financeira;
  • Investir na comunicação para criar uma relação de confiança entre a instituição e o cliente.


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