Em meio à discussão sobre a taxação dos e-commerces asiáticos no mercado brasileiro, plataformas como a singapurense Shoppe e as chinesas AliExpress e Shein continuam entre as mais acessadas pelos brasileiros.
Os dados são da edição de março do Relatório dos Setores do E-commerce, divulgado pela Conversion. O levantamento aponta que a Shoppe está na terceira posição entre os 10 maiores e-commerces do Brasil, enquanto a AliExpress e a Shein ocupam a quinta e sexta posição, respectivamente.
Ranking dos maiores aplicativos de e-commerces
Já em relação ao ranking dos maiores aplicativos de e-commerces, a singapurense Shopee sobe para a segunda posição, ocupando a vice-liderança entre os apps mais acessados do país. Shein e AliExpress ocupam a terceira e quinta posição, respectivamente.
As estratégias agressivas dos e-commerces asiáticos
Vale lembrar que o boom das plataformas asiáticas se deu na pandemia, principalmente entre 2020 e 2022, período que acelerou a migração dos consumidores para o mercado online.
Na ocasião, estratégias agressivas de vendas foram adotadas por tais players. Para Diego Ivo, CEO da Conversion, o crescimento meteórico dos e-commerces asiáticos está, em grande parte, relacionado a uma grande lacuna que este mercado conseguiu identificar: o ticket baixo.
“As plataformas asiáticas perceberam uma grande brecha no e-commerce global, que é o ticket baixo. Nesse contexto, criaram grande senso de urgência por meio de suas promoções, oferecendo uma verdadeira experiência de busca de achados, o que acabou estimulando as pessoas a passarem cada vez mais tempo dentro do site e do app”, avalia.
Consumo brasileiro e os ‘jogos casuais’
Entre outras estratégias adotadas para estimular o consumo, aqui no Brasil os ‘jogos casuais’ foram uma das apostas certeiras dos e-commerces asiáticos.
Por meio dessa funcionalidade, os consumidores brasileiros interagem com minigames dentro dos apps das marcas, que oferecem prêmios, recompensas e cupons de desconto para atrair os usuários às compras.
Quem atacou essa oportunidade em cheio foi a Shopee, que, por meio de uma parceria com a gigante dos games, Garena, se tornou o app de compras mais baixado do Brasil em 2022.
Lives commerces e entregas rápidas
Outro filão do marketing que os e-commerces asiáticos enxergaram foram as lives commerces, vendas ao vivo por streamings que ganhou força na China e se popularizou no mercado eletrônico global.
Segundo estudo realizado pela Research and Markets, as estimativas são de que sejam levantados US $600 bilhões até 2027 por meio desse modelo de vendas. E o Brasil é um mercado em potencial para essa estratégia.
Já as entregas rápidas e grande variedade de produtos também são outros fatores que corroboram para o grande sucesso das plataformas asiáticas no Brasil.
Governo endurece taxação para e-commerces asiáticos
Após muita pressão de empresários que atuam com o varejo nacional para que o Governo e o Congresso atuassem com maior severidade sobre a taxação dessas plataformas, houve uma resposta.
Recentemente a Receita Federal confirmou que adotará medidas para tributar compras de comércio digital estrangeiro de valor superior a US$ 50. Segundo o órgão, a decisão não consiste na criação de um novo imposto, mas, sim, na aplicação da legislação já em vigor.
Em nota, a Receita afirma que não fará alterações no ordenamento jurídico, que trata dessas importações, pois a lei já determina a tributação em 60% do valor desses produtos quando comercializados por pessoa jurídica. Segundo o órgão, as medidas servirão para preencher as brechas de fiscalização explorada pelas marcas asiáticas.
A decisão recebeu apoio da Associação Nacional de Auditores Fiscais (Unafisco). Uma ação que poderá entrar na meta de até R$150 bi em medidas propostas pela Fazenda para atingir o plano previsto no arcabouço fiscal.
O e-commerce nos próximos anos
Em última análise, fica a questão: quais serão as próximas estratégias de vendas desses players asiáticos para seguirem avançando no varejo online? A pergunta também se estende aos e-commerces brasileiros: como seguir rivalizando com a concorrência pelo preço baixo na internet?
Frente a um retração econômica ainda em curso no Brasil e a busca do consumidor por preços mais acessíveis, o cenário do e-commerce por aqui seguirá movimentado.
Certamente os e-commerces nacionais deverão rever suas estratégias e não apenas esperar o “efeito governo”. Práticas mais audaciosas sobre entendimento do consumidor, qualidade no atendimento, investimentos em tecnologia, além de um olhar estratégico para a logística, deverão ser mais praticadas daqui em diante.
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