A maior crise já vivida pelo comércio paulista ainda persiste, atingindo de forma aguda a maior parte das atividades varejistas e sem mostrar sinais de arrefecimento. Nesse cenário de desalento e baixas perspectivas, duas atividades vem conseguindo ao menos se manter imunes a quedas em suas receitas reais e mostrando taxas de crescimento, ainda que modestas: os supermercados e as farmácias e perfumarias.
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Diante da inflação crescente, a retração no consumo se tornou inevitável, tanto pela perda de poder aquisitivo das famílias quanto por suas incertezas quanto ao futuro. O impacto imediato foi sentido nos segmentos que comercializam bens duráveis, dependentes de crédito (endividamento futuro) e com elevada relação com oscilações da renda (elasticidade-renda).
Com isso, de acordo com um levantamento feito pela FecomercioSP, o consumo de bens essenciais, como alimentos e medicamentos, com característica justamente oposta, ou seja, pouca relação com oscilação da renda (baixa elasticidade) e independência de crédito foi beneficiado por meio de uma ?migração? de consumo de duráveis para não duráveis. Nessa categoria estão incluídos justamente os Supermercados e as Farmácias e perfumarias, que acabaram por usufruir dessa ?migração? e foram poupados dos reflexos da crise que atinge o varejo nos dois últimos anos.
Para a Federação, o comercio paulista tende a apresentar em 2016 um desempenho muito parecido com o do ano passado, com queda ao redor de 5%. Da mesma forma, os setores de supermercados e de farmácias devem manter seus movimentos de crescimento real, de 6% e 2%, respectivamente. ?Caso o cenário se confirme, será a terceira queda consecutiva do faturamento do setor, que em 2014 registrou recuo de 2,8%?, disse Vitor França, assessor econômico da FecomercioSP, responsável pelo estudo. ?Após três anos seguidos de queda, diante de uma base de comparação tão fraca, é possível que o varejo paulista mostre estabilidade ou até uma leve alta, mas ainda é difícil apostar quando efetivamente veremos o início da recuperação das vendas?, completou o porta-voz.
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O cenário mais provável é o de continuidade do atual quadro de baixo consumo até o final do ano, prevê a entidade, além da tendência de crescimento no desemprego. Paralelamente, uma provável estabilização da inflação nos patamares atuais poderá, por consequência, impedir maiores quedas na massa de rendimentos das famílias, caminhando para a estabilização da mesma.
?Seja qual for o setor, é preciso estar ciente de que o perfil do consumidor mudou, já que as famílias estão sofrendo com a queda da renda e buscando produtos mais acessíveis, que caibam no orçamento?, adverte França. E acrescenta: ?As empresas precisarão otimizar processo, reduzir despesas, aprimorar a gestão de estoques, sem descuidar do principal diferencial do varejo, que é o relacionamento com o cliente.?
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