Eles não usam tantos aplicativos assim, são totalmente conectados, querem experiências nas lojas físicas e bom atendimento e têm propósitos fortes. O que as pesquisas falam sobre os millennials foi comprovado em um encontro que a NOVAREJO promoveu hoje (29), em São Paulo, em parceria com a Ideation Brasil, organização que fomenta o empreendedorismo entre jovens universitários. Nele, 11 jovens com idades entre 19 e 23 anos se encontraram, frente a frente, com dois executivos de varejo, João Pedro Serra, diretor geral do Groupon, e Izabel Eufrosino, Sênior Customer Care Executive do Walmart Brasil. A missão: entender o que significa fazer marketing no varejo em um mundo onde as pessoas estão conectadas 24 horas por dia, sete dias na semana.
O que se viu, contudo, foi mais que isso: executivos e jovens consumidores tentando entender se suas expectativas são atendidas. ?Vocês são a Geração que foi marcada pelo 7 a 1 [Brasil X Alemanha], porque foi quando o Brasil começou a cair em si. O choque naquele momento foi de duas visões: a visão do treinamento com método e a visão do talento baseado na força da emoção e no improviso. A visão da emoção sucumbiu diante do preparo?, comentou Jacques Meir, diretor de Conhecimento e Plataforma de Conteúdo do Grupo Padrão, que mediou o encontro. ?Diante disso, vocês se sentem preparados para lidar com esse mercado??, questionou.
?A gente está em um ponto de mudança e, seja lá o que a gente quiser fazer, agora é a hora?, acredita Caio Rodrigues, de 19 anos, estudante de Medicina. ?E esse rompimento mostra justamente que a tendência agora é a do preparo do que da emoção. E tendo esse ponto de mudança, a gente e as empresas têm de se preparar?, acredita o estudante.
Leia também
Como a sociedade influencia o varejo
?Sinto que é cedo pra gente falar se estamos preparados pra lidar com tanta mudança. Em um cenário de crise, o varejo é um dos primeiros a serem afetados e isso afeta a todos: se uma empresa não vai bem, ela tem de cortar custos, vai demitir pessoas e isso tem impacto forte em todo o entorno?, avalia Raul Anaias Carvalho, de 20 anos, estudante de administração. ?Será que estamos preparados e será que as empresas estão preparadas para o Brasil do futuro??, questiona William Cordeiro, de 22 anos, estudante de Administração.
Quando se fala no e-commerce, a visão dos jovens é que ainda falta muito pra avançar para que suas expectativas e demandas sejam atendidas. Embora conectados, os millennials ainda não deixam de comprar nas lojas físicas. O motivo? ?Ainda existem muitas barreiras para se comprar online?, comenta Victor de Souza, de 23 anos, recém-formado em Química. ?Os sistemas ainda não são seguros, há ainda uma dificuldade de fazer trocas ? coisa que se consegue fazer de maneira muito mais fácil fora do Brasil. Ainda enxergo muitas barreiras ? é uma política que tem de mudar?, afirma o jovem.
?Também acho que é uma questão de cultura?, completa Marina Borges Martins, de 21 anos, estudante de Engenharia. ?Se for mudar, precisa mudar a forma como o e-commerce funciona, para depois mudar essa cultura nossa?, acredita. ?Nesse caso, a localidade importa: se você não tem acesso a um serviço ou produto, você vai buscar e as pessoas estão buscando mais no e-commerce, que está se provando mais seguro, mas vai levar tempo para que as pessoas acostumadas com a loja física comprem via internet?, avalia Fernanda Giacomassi, de 20 anos, estudante de Jornalismo.
Leia também
Fazer ‘mais com menos’ ou ‘menos é mais’?
Na hora de comprar, a internet traz a comodidade que os jovens dessa geração tanto querem, mas existem outros drivers que fazem com que os millennials comprem. E a experiência é um deles. ?A experiência me leva a consumir: busco marcas que falem comigo, que conversem diretamente comigo?, afirma Lorran Franceschini, de 20 anos, estudante de Comércio Interncional. ?A experiência conta, mas o que busco são benefícios. Não tenho apego a uma marca: procuro ter o máximo de benefícios em uma única compra?, afirma Junior Basílio, de 19 anos, estudante de Administração. ?Sou total experiência e atendimento: se eu não sou bem atendido, não volto nunca mais?, completa Yago Ceraico, de 22 anos, recém-formado em Engenharia.
Para Luiz Iervolino, de 19 anos, estudante de Medicina, cumprir promessas é fundamental. ?Não adianta você ter um programa de fidelidade, se você não entrega. Faça e cumpra o que prometeu?, cravou. ?Essa questão de entrega também vai muito da expectativa de cada um?, acredita Raul. ?Eu compro online e prefiro comprar em sites onde existe informação, onde há o acesso a informação, porque pra mim isso passa confiança?, avalia Andrei Golfeto, de 21 anos, estudante de Administração.
E como as empresas lidam com tantas expectativas? Elas estão atendendo a todas elas? No Groupon, as informações dessa moçada é uma ferramenta para uma comunicação e uma experiência mais efetiva, afirma João Pedro, do Groupon. ?Hoje, é muito fácil o big data prever o que você quer e onde você está. O próximo passo é interpretar coisas que estão além desse conhecimento?, avalia o executivo. ?Experiência pra gente está na missão e é visceral?, acrescenta.
Para Izabel, do Walmart Brasil, a experiência passa pela confiança. ?Quando a empresa faz isso, o retorno é fantástico. Seja qual for o ponto de contato, está todo mundo moderno, móvel e multicanal e você tem de atingir um algo a mais e pensar em como você vai atingir um consumidor tão moderno?, avalia.
Durante o encontro, os jovens também mostraram a visão que têm sobre o País e sobre empreendedorismo. Para saber mais, leia a próxima edição da revista NOVAREJO (edição 46) e confira mais sobre o Ciclo de Encontros NOVAREJO de março.
Leia também
Na era das expectativas