Papai Noel realmente é um velho batuta, segundo dizia a canção. Imagine um camarada bonachão, montado em um trenó puxado por renas mágicas e com a ingrata missão de entregar presentes a todas as crianças boazinhas ao redor do mundo em menos de 24 horas.
Uma curiosa reportagem da BBC, publicada em dezembro do ano passado, mostrou que a boa ação do velho Santa no Natal é possível, ao menos na teoria. Ela consultou especialistas de diferentes áreas do conhecimento, que contribuíram com cinco divertidas (e também sérias) teorias sobre o trabalho do velho Santo Claus.
A clientela do Noel
Antes, é preciso entender o universo de entregas de Noel. Estima-se que existam 2,2 bilhões de crianças no mundo, sendo que metade desse total passaria no teste da régua de bondade estabelecida por Papai Noel.
Outro fator a ser considerado é quantidade de pessoas vivendo em uma mesma casa. A média global é de 2,5 crianças por residências, o que resulta em ?apenas? 440 milhões de casas para visitar.
Agora que a reportagem fica divertida…
Voar muito (mas muito mesmo) rápido
Em consulta a um ex-jornalista da New Scientist, a BBC ouviu que as entregas seriam possíveis se o trenó do Papai Noel alcançasse a velocidade da luz (no caso, 300 mil km/s). Graças a isso, ele poderia dar sete voltas ao redor do mundo em apenas um segundo e alcançaria os seus nobres objetivos. No entanto, a teoria esbarra no fato de que as renas torrariam a uma velocidade dessas e o próprio Noel seria esmagado no assento do trenó.
O maior serviço de entregas do mundo
Estamos falando de 440 milhões de casa para visitar e entregar em 24 horas. Ou seja, não há empresa no mundo capaz de realizar esse serviço em pouco tempo. Assim, a única possibilidade seria um esforço global e sincronizado para chegar ao objetivo.
Para entender como isso seria possível, a reportagem usou como parâmetro o Serviço dos Correios dos Estados Unidos. Hoje, eles lidam 40% das cartas e encomendas do mundo ou, em números totais, nada menos que aproximadamente 158 bilhões de objetos por ano. Isso dá uma média de 434 milhões de objetos por dia.
Em outras palavras, é possível. Para tanto, seriam necessários 600 mil funcionários e uma das maiores frotas de veículos do mundo.
A teoria, no entanto, esbarra em um detalhe importante: Papai Noel comparece a todas as entregas.
Buraco de Minhoca
Essa é para os fãs de Jornada nas Estrelas. Uma das teorias mencionadas na reportagem diz respeito a aplicação da Teoria de Dobra Espacial (ou Buraco de Minhoca), que está inserido na Teoria da Relatividade, de Albert Einstein. No entanto, em vez da U.S.S Enterprise, é o trenó quem entraria em um ponto e sairia em outro, encurtando assim a viagem ao redor do mundo.
Papai Noel ou Chronos, o senhor do tempo?
A teoria parte da ideia de que Papai Noel é capaz de manipular e controlar o tempo e o espaço. Na consulta feita pela BBC a um engenheiro mecânico e aeroespacial, o velho Santa Claus criaria uma nuvem de relatividade na qual espaço, tempo e luz são percebidos de uma forma completamente diferente da maneira que são percebidos fora desta nuvem.
Dentro da nuvem, Papai Noel teria meses para entregar os presentes, pois é como se enxergasse um planeta totalmente congelado. Ali, seis meses seriam o mesmo que um piscar de olhos para as pessoas fora da nuvem. Ou seja, a entrega seria feita sem pressa.
O onipresente, segundo a física quântica
Ele seria uma espécie de fenômeno quântico, pois ele estaria em qualquer lugar do mundo em qualquer momento da véspera de Natal.
A reportagem entrevistou Daniel Tapia, cientista do laboratório Cern, em Genebra.
“Pode ser possível que Papai Noel seja uma superposição de estados quânticos. Em outras palavras: uma coleção de Papais Noéis espalhados por todo o planeta”, disse.
A compreensão da ideia não é algo tão simples, claro. Mas vamos lá: pense em uma partícula. Para nós, ela emite ou não um sinal de vida, certo? De maneira extremamente grosseira, a ideia de superposição é que a partícula emite e não emite nada ao mesmo tempo. Ou seja, ela pode estar viva e morta ao mesmo tempo. Tudo depende do confinamento e da maneira como o estado (emitir ou não) é medido. Dessa forma, ao partimos do pressuposto que há partícula emitindo algum sinal, logo assume a face do emitido.
Com o Papai Noel acontece mais ou menos assim: ele está em todo o lugar. Enxergá-lo depende da interação de momento. Loucura, não?
Um feliz natal a todos!