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Chegou a vez dos negócios conectados e compartilhados

Chegou a vez dos negócios conectados e compartilhados

Frost & Sullivan aponta que em 2020 o mundo todo terá 50 bilhões de devices conectados; cidades digitais, serviços compartilhados e a importância dos dados serão determinantes para os negócios do futuro

Em 2020 o mundo todo terá 50 bilhões de devices conectados. Os números são da Frost & Sullivan, revelados na última quinta-feira (29), durante o Global Commuty of Growth, Innovation and Leadership 2015 (GIL), evento realizado em São Paulo pela consultoria. De acordo com Art Robbins, President, Americas & Partner Frost & Sullivan, ?o mercado global tem uma grande oportunidade de negócios voltada definitivamente para soluções integradas e conectadas?.

A Internet das Coisas, uma das mega tendências apontadas no evento, movimentará US$ 19 trilhões nos próximos dez anos, dos quais US$ 4,6 trilhões estão no setor público e US$ 14,4 trilhões estão no mercado privado.

Desse total, US $ 870 bilhões virão da América Latina. Jayme Faria, gerente de consultoria de ICT da Frost & Sullivan, apontou esses dados durante o GIL 2015 tendo como base um estudo realizado pela Oxford em 2013. O Brasil tem um potencial de realização de negócios nesse setor da ordem de US$ 34 bilhões, contra US$ 20 bilhões no México (dados da Cisco de 2014). Para Faria, os ganhos em produtividade, redução de custos, eficiência e incremento das capacidades e modelos de negócios gerados pela conectividade e convergência é brutal.

O setor de manufatura desponta com potencial de US$ 4 trilhões nos próximos anos. No setor de saúde, um dos mais promissores, o potencial para negócios é de US$ 89 bilhões até 2018. Soluções como câmera pill (micro câmeras dentro de pílulas), dispositivos wearables, controle de freezer de medicamentos e vacinas e plataforma de monitoramento puxam os investimentos.

Para o varejo, os analistas apontam que essas empresas ?serão digitais?. A fronteira entre pesquisa de preço, compras e pagamentos diminuirá e todas as plataformas desse setor serão digitalizadas e integradas. Para os BRICs, novos modelos de negócios baseados na cocriação se intensificarão por meio de plataformas online e a geolocalização será de suma importância dentro de qualquer modelo de negócios.

 

Cidades digitais e a importância dos dados

De acordo com os números da Frost & Sullivan, até 2020 haverá cerca de 50 cidades digitais na Alemanha, Estados Unidos, França e Coreia. As cidades digitais tem um potencial de negócios avaliado em US$ 1,5 trilhão somente para o setor público. Soluções inteligentes de coleta de lixo, estacionamento de veículos, pontos de ônibus conectados, monitoramento de qualidade da água e do ar – a exemplo da cidade de Barcelona – estão no radar de governos interessados no desenvolvimento de novos negócios e na qualidade de vida de seus cidadãos.

Nesse contexto um número apresentado dispara um alerta – principalmente para quem vive em São Paulo – a demanda de energia crescerá 30% até 2020. A tendência apontada pelos analistas é a Smart Energy (sistemas inteligentes para redução de consumo de energia). Aliada a novas tecnologias no tratamento e reuso de água e outras fontes renováveis, essas soluções estarão cada vez mais no radar de governos e iniciativa privada.

O big data e análise de dados também levarão as empresas a desenvolverem novos modelos de negócios para transformar um número cada vez maior de algoritmos digitais – oriundos de diversos comportamentos do consumidor – em informações estratégicas para seus negócios. Ou seja, os dados serão o próprio negócio. Jaime Faria explica que os dados coletados pela indústria automotiva no futuro podem servir como moeda de negócios entre seguradoras, por exemplo. ?Elas poderão traçar estimativas e ofertas personalizadas de apólices para seus clientes?.

Mobilidade urbana, compartilhamento e o carro do futuro

Seguindo com as tendências apontadas no evento, o setor automotivo parece não se abalar com os números cada vez maiores de carros nas ruas e a infraestrutura caótica de algumas cidades.

Uma previsão para o setor revela que 23,3 milhões de carros conectados circularão nas ruas até 2018.

Outro ponto impactante é o possível fim das concessionárias. Para 2020, 90% dos automóveis sairão de fábricas conectados ao cliente a às próprias montadoras. Essa integração não só diminuirá a distância dessa cadeia, mas abrirá espaço para players como Google e Apple, por exemplo, que poderão construir uma nova aliança de mercado e obter uma nova base de análise de dados. Em contrapartida, as montadoras poderão potencializar novos mercados como a customização e a criação de serviços, redefinindo o conceito das antigas concessionárias.

Como já acontece em países como a Itália, onde houve um crescimento acentuado dos sistemas de compartilhamento de veículos na modalidade B2C (Business to Consumer), o GIL trouxe para seu evento a Fleety e Dirijaja. No painel ?Urban Mobility? as empresas brasileiras apresentaram seus modelos de negócios como soluções para a mobilidade nas grandes cidades. Através de veículos elétricos compartilhados, conectados e integrados com multimodais essas empresas apostam nesse nicho como potencial de negócios. Para André Marin, CEO e fundador da Fleety, ?o compartilhamento é muito mais que uma economia, é um novo comportamento de vida?.  A partir de março o serviço chegará à cidade de São Paulo.

Ao final do evento aconteceu um debate sobre a importância da conectividade e da convergência nos novos negócios. Moderado por Cristiano Zaroni, da Frost & Sullivan, o painel reuniu os executivos, Sergio Pessoa, do Grupo Contax, Nelson Armbrust, da Atento, Luciano Corsini, da HP, Luiz Tizzato, da Unit Care e Carlos Eduardo Nogueira, da Intersystems. Todos foram unânimes em afirmar que as empresas estão ?no olho do furacão? em relação à convergência e conectividade nos negócios. Os grandes desafios ainda persistem: aumento do conhecimento do consumidor, integração de diversos canais no atendimento, infraestrutura, mão de obra e, sobretudo, a análise e a aplicação correta dos dados digitais para cada negócio.

Além dos desafios, o GIL 2015 confirmou aquilo que temos acompanhado nos últimos anos: entrada de empresas de tecnologias em mercados antes nunca prospectados, a importância da digitalização, o comportamento do consumidor/cidadão determinando os próximos passos de empresas em diversos setores e a ciência como aliada no desenvolvimento de soluções e serviços digitais.

Em resumo, levando em consideração que cada governo e cada cidade têm suas particularidades e obstáculos para a aplicação e desenvolvimento dessas tendências, o objetivo do GIL 2015 foi alcançado: provocar os agentes dessa cadeia a começarem a estreitar suas relações. E sorte daqueles consumidores e cidadãos que poderão usufruir de tantas novidades.

 

Leia mais:

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