O mineiro Gustavo Araújo pertence a uma nova geração de líderes do mercado financeiro. Aos 32 anos, ele está no comando do Banco Mercantil do Brasil desde agosto de 2020, cargo que assumiu com o desafio de digitalizar o banco. Antes de ingressar na instituição financeira de quase 80 anos com sede em Belo Horizonte (MG), Gustavo trabalhou por quatro anos como engenheiro de projetos na Petrobras, na unidade do Rio de Janeiro e, antes de assumir a presidência do banco, atuava como CFO.
Formado pela Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) em engenharia elétrica, o executivo possui pós-graduação em Gestão Financeira pela Fundação Getúlio Vargas (FGV) e especialização pela Harvard Business School online, em Business Analytics e Contabilidade Financeira. Recentemente, ele concluiu o programa intensivo e multimodular sobre bancos globais, fintechs, analytics e digital pela Columbia Business School.
Gustavo Araújo esteve em São Paulo recentemente, visitou a sede do Grupo Padrão e, em entrevista exclusiva à Consumidor Moderno, comentou o cenário socioeconômico mundial em contexto de guerra, o contexto brasileiro diante das eleições presidenciais no final deste ano e a perspectiva de aumento de juros nos Estados Unidos (EUA), que impactam a performance do setor financeiro no Brasil.
Segundo ele, o Banco Mercantil está muito bem-posicionado pela qualidade dos seus ativos. “Ao se posicionar com uma carteira pulverizada e de muita qualidade, o banco deve conseguir passar o ano relativamente bem e também apresentar crescimento. Não sei se o crescimento será tão forte quanto o ano passado, o banco não divulga guidance por ser companhia aberta. Apesar dos fatores macroeconômicos serem historicamente pressionados em anos como esses, pretendemos continuar crescendo”.
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Em 2021, a instituição financeira registrou lucro líquido recorde de R$ 184 milhões — crescimento de 22% em relação a 2020. Também no final do ano passado, o Mercantil conquistou a 5ª posição no ranking de pagamentos de benefícios do Instituto Nacional do Seguro Social (INSS), sendo 1.580.956 beneficiários ativos. “O que é motivo de muito orgulho porque o sistema bancário é tradicional, concentrado e competitivo”, comenta o CEO.
A consolidação no ranking é reflexo do trabalho desenvolvido pelo banco, que reposicionou sua marca no mercado financeiro e hoje atua com foco no público 50+. A instituição também vem realizando estratégias direcionadas para o marketing de performance simplificado, auxiliando no aumento do número de clientes.
“O investimento em inovações tecnológicas e na diversificação dos canais de atendimento, como a promoção de ações direcionadas para o marketing de performance vem auxiliando no aumento do número de clientes. Como resultado, o banco encerrou o ano com 4,3 milhões de clientes ativos, um aumento de 67% em comparação com o mesmo período do ano anterior”, diz o executivo.
O banco dos 50 +
Gustavo Araújo está à frente da nova administração que traçou um novo rumo para o banco e ações focadas nos clientes 50+, que hoje representam 75% dos clientes ativos da instituição de um total de mais de 4 milhões de clientes. A estratégia é focada em digitalização, aprimoramento de serviços e mostra que, embora tenha uma origem tradicional, a empresa procura aliar esses valores à inovação. Dessa forma, fornece segurança ao cliente.
O foco, conforme o executivo, é levar experiência para o cliente de forma que ele utilize, veja o fácil uso, goste e se sinta satisfeito. Para isso, foram feitas várias mudanças no aplicativo do banco. “A população brasileira é muito diversa e os aplicativos um pouco mais pesados tendem a ocupar muito espaço no aparelho”.
Impactos no mercado financeiro
Segundo ele, o ano de 2022 tende a ser um período duro para o mercado financeiro de forma geral. É um ano de eleições presidenciais, o que sempre representa volatilidade. Além da alta de juros, há a inflação. Inclusive, em março, segundo dados do Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo divulgado pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), o Brasil registrou a maior inflação desde o lançamento do Plano Real.
Outra questão que tem impactado o cenário mundial e o mercado financeiro, inclusive o Brasil, é a guerra entre Ucrânia e Rússia, no Leste Europeu. Em termos macroeconômicos é um período desafiador, pois independente do período de duração da guerra, a retomada não será acelerada.
Na visão de Araújo, essa sequência de fatores acabam pressionando a economia, mas, por outro lado, a estrutura de balanço das empresas demonstra solidez, o que reforça o otimismo do mercado. “2022 tende a ser um ano mais difícil, em que devemos perceber no sistema uma maior dificuldade no pagamento de dívidas, ou seja, um aumento de inflação. O Brasil não deve crescer muito, o PIB deve ficar muito próximo de zero, tende a ser macroeconomicamente um ano um pouco mais complexo”.
Leia mais sobre a estratégia do banco mineiro para ser o maior o melhor ecossistema para o seu público-alvo na edição de 270, de abril/maio da revista Consumidor Moderno.
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