No Brasil, existe um grande potencial a ser explorado pelas cervejarias que desejam ser carbono neutro, uma vez que o mercado coloca o Brasil como o terceiro maior fabricante de cerveja no mundo, com uma produção de 14 bilhões de litros por ano. Tudo isso equivale a cerca de 2% do Produto Interno Bruto (PIB), com faturamento de R$ 100 bilhões por ano e geração de 2,7 milhões de empregos. Os dados são do Sistema de Comércio Exterior (Siscomex) e atraem a atenção de clientes e investidores.
Como se não bastasse, em 2020 houve o crescimento do número de cervejarias artesanais, alcançando a marca de 1.383 empreendimentos registrados no Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (MAPA), segundo o Anuário da Cerveja. As projeções do relatório são de que o segmento cresça exponencialmente até 2025.
Por que ser carbono neutro?
Ser carbono neutro significa calcular o total das emissões, reduzir onde é possível e balancear o restante das emissões através da compensação. Esta pode ser feita através da compra de créditos de carbono, recuperação de florestas em áreas degradadas, uso de energias renováveis e descarte correto de resíduos.
A preocupação com os recursos naturais e o impacto das grandes corporações no meio ambiente se estende à consciência dos stakeholders das marcas. Afinal, os princípios e a agenda ESG são muito importantes para eles, estão cada vez mais presentes no cotidiano e há uma certa expectativa de que as empresas façam a sua parte. Tanto que as ações sustentáveis, muitas vezes, determinam a escolha de compra e de investimento. As cervejarias e o setor de bebidas em geral não estão isentos disso.
Grupo Heineken e suas iniciativas em prol do meio ambiente
Observando o seu papel social e propósito enquanto corporação, o Grupo Heineken foi a primeira cervejaria global a tratar a sustentabilidade como pauta prioritária ao anunciar, oficial e publicamente, esse compromisso em abril de 2021.
Ecologicamente, a organização se propôs a neutralizar suas emissões de carbono em toda a cadeia de valor até 2040. No Brasil, a meta é ser carbono zero até 2023. Isso acontece porque desde o ano passado o país é o maior mercado consumidor da cerveja da companhia, registrando um crescimento de 12% no volume de vendas nos três últimos meses do ano e acumulando uma alta de 8,3% em 2019, o melhor resultado em uma década.
Para tanto, a empresa vem mapeando os pontos de emissão de carbono, desde a produção de matérias-primas até a venda ao consumidor final, e ampliando o plano de descarbonização em cada etapa. Dessa forma, desde quando iniciou a jornada por um mundo mais verde, o Grupo Heineken elaborou estratégias visando diversos elementos. Ornella Vilardo, gerente de Sustentabilidade da companhia, elenca algumas delas:
● Implantação de caldeiras de biomassa em 6 das 15 unidades produtivas e adoção do uso de outras fontes de energias renováveis em 100% da produção de 3 delas;
● Adesão aos programas de logística reversa Glass is Good, Ecogesto e apoio à implantação de outros três (Programa SO+MA Vantagens, Ação Volte Sempre e o Noronha Plástico Zero);
● Substituição de empilhadeiras a diesel por opções elétricas;
● Abastecimento dos centros de distribuição com energia 100% renovável;
● 50% de circularidade do vidro da marca Heineken® até 2025;
● 100% de circularidade das embalagens no ON TRADE até 2025;
● 100% de circularidade do plástico até 2025 no ON e OFF trade;
● Redução de 80% do volume de PET em até quatro anos;
● Geração distribuída de energia renovável a bares e restaurantes;
● Projeto piloto com caminhões elétricos nas regiões sudeste e nordeste, já mirando a expansão do modelo para todo o País.
“A adoção dessas metas e todos os esforços são sempre baseados em nossa essência, para que tudo seja feito de forma genuína, e estão 100% alinhados ao nosso principal valor: o respeito pelas pessoas e pelo meio ambiente”, pontua Ornella Vilardo. Entretanto, essas ações não serão suficientes para atingir a neutralização total da emissão de carbono. Por isso, no decorrer do processo o grupo anunciará novas soluções para tornar o alcance da meta viável. “Até 2040, muitas mudanças ainda serão feitas, dando continuidade a esse trabalho e expandindo para as outras pontas que ainda não haviam sido impactadas, como a facilitação do uso de energia verde por bares e restaurantes nos quais o nosso portfólio está presente”, conta.
Os princípios de ESG
A sigla ESG (ambiental, social e governança) versa sobre três pilares fundamentais e que precisam ser considerados por uma empresa que tem a sustentabilidade, nesse caso, o foco em ser carbono neutro, e a satisfação do consumidor como fatores estratégicos de sucesso.
“Esses princípios são essenciais para garantir que haja um equilíbrio de esforços que, juntos, se sustentam e dão robustez à atuação da empresa, reduzindo riscos operacionais e de reputação e, consequentemente, possibilitando que essa organização tenha perenidade. Para nós, isso é a base das tomadas de decisão e estão diretamente conectados com os nossos valores, propósito e identidade de nossa companhia”, afirma a gerente de Sustentabilidade da empresa.
“Um dos nossos principais valores é o respeito pelas pessoas e pelo planeta. Por isso, a sustentabilidade é uma das prioridades do nosso negócio. Para nós, ficar alheio a essas questões não é uma opção quando pensamos na perenidade da companhia. Por sermos a segunda maior cervejaria do país, sabemos do tamanho da nossa responsabilidade sobre os impactos que causamos e entendo que, para que possamos de fato criar conexões e estarmos presentes em momentos de celebração com os consumidores por meio dos nossos produtos, é fundamental que sejamos atuantes em relação ao meio ambiente, buscando soluções para ampliar nosso impacto positivo”, finaliza Ornella Vilardo.
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