A economia brasileira passou três anos bastante complicados. Os efeitos do período permanecem na percepção dos consumidores. Mesmo com alguns indicadores econômicos demonstrando melhora, como a queda da taxa de juros, muitos brasileiros chegaram ao segundo semestre sem perceber melhora na economia. Isso fez com que 80% dos cidadãos cortassem gastos ao longo dos primeiros meses do ano. A constatação é de uma pesquisa realizada pelo Serviço de Proteção ao Crédito (SPC Brasil) junto a Confederação Nacional de Dirigentes Lojistas (CNDL).
A alimentação fora de casa é o principal hábito cortado pelos brasileiros, citado por 57% dos entrevistados. Também foram deixados de lado a compra de roupas, calçados e assessórios (55%), idas a bares e restaurantes (53%) e gastos com lazer e cultura, como cinema e teatro (51%). Fora isso, viagens (51%), idas a salões de beleza (50%) e a compra de itens supérfluos nos supermercados (50%) também aparecem na lista.
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Finanças
Nos primeiros meses do ano, foram registrados recuo na inflação e queda na taxa de juros. Mesmo assim, a pesquisa mostra que para 76% dos consumidores a vida financeira pessoal continuou igual ou pior do que no ano passado. Apenas 19% consideram que houve melhora no período avaliado. A percepção predominantemente negativa se mantém elevada em todos os estratos analisados, como gênero, idade e classe social.
“A reconquista da confiança dos brasileiros ainda demandará tempo e depende de resultados mais palpáveis no campo econômico. No momento, a condição para que a economia melhore é a solução do impasse político e a aprovação das reformas estruturais, como a da previdência e a trabalhista. As projeções indicavam que o início da recuperação se daria ao longo do segundo semestre. Agora, porém, levantam-se muitas dúvidas sobre essa possibilidade acontecer neste ano”, avalia o presidente da CNDL, Honório Pinheiro.
Neste cenário, 77% dos brasileiros não conseguiram juntar dinheiro do primeiro semestre e apenas 23% conseguiram concretizar algum sonho de consumo no período.
Próximos meses
Para o segundo semestre, as perspectivas também não são boas. Segundo a pesquisa, grande parte dos brasileiros (47%) não acredita que a economia pode melhorar este ano. Apenas 29% dos brasileiros nutrem alguma esperança de que o país volte a crescer ainda em 2017. Na comparação com o primeiro semestre, 38% acreditam que, nos próximos meses, a economia permanecerá na mesma toada, enquanto 14% acreditam que será pior. Para 30% a situação tende a melhorar até o fim do ano.
Com relação às próprias finanças, as expectativas são semelhantes. 13% acreditam que o segundo semestre será pior, 35% pensam que será igual e 35% têm esperanças de que haja alguma melhora.
As principais preocupações dos brasileiros são o fato de a situação financeira estar difícil (40%), a falta de expectativa em conseguir alguma fonte de renda (34%) e o medo de ficar desempregado (16%).
Cautela
A preocupação com a economia faz com que 25% dos entrevistados apontem que evitarão o uso do cartão de crédito nos próximos seis meses. Além disso, 23% planejam fazer mais pesquisas de preços e 21% passarão a dar prioridade para pagamentos à vista.
“Medidas como a organização das contas e o uso consciente do cartão de crédito podem fazer diferença no orçamento ao longo de todo o ano, uma vez que não há previsão de quando haverá recuperação da economia. O consumidor sabe que as compras parceladas representam risco de endividamento, situação que poderia fugir ainda mais ao controle em caso de desemprego”, explica a economista-chefe do SPC Brasil, Marcela Kawauti.