A realidade cotidiana dos brasileiros segue assombrada pelos efeitos da instabilidade econômica. Segundo o Indicador de Propensão ao Consumo feito pelo Serviço de Proteção ao Crédito (SPC Brasil) junto a Confederação Nacional de Dirigentes Lojistas (CNDL), 53% dos brasileiros pretendem cortar gastos em agosto.
As principais preocupações apontadas pelos consumidores são:
– Alta dos preços (19%);
– Desemprego (18%);
– Endividamento e dificuldades financeiras (14%);
– Redução da renda (9%).
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Prioridades
O contexto faz com que o consumo gire em torno de itens estritamente essenciais. Além dos produtos rotineiros de supermercado, os brasileiros planejam gastar apenas com remédios (24%), roupas, calçados e acessórios (19%), recarga para celular pré-pago (19%) e perfumes e cosméticos (14%).
O indicador revela que apenas 17% dos consumidores brasileiros estão com as contas no azul, ou seja, com sobra de recursos para consumir ou fazer investimentos. A maior parte (38%) admite estar no zero a zero, sem sobra e nem falta de dinheiro, enquanto 38% encontram-se no vermelho e não conseguiram pagar todas as contas em julho, com a renda que possuem.
“A proporção de consumidores com orçamento apertado mostra bem o impacto da crise sobre as finanças pessoais, embora o estado da economia não seja o único fator a explicá-lo”, explica a economista-chefe do SPC Brasil, Marcela Kawauti. “Há também a importante questão da falta de controle do orçamento. E, como não poderia ser diferente, a situação financeira impacta o consumo, seja porque restringe o crédito ou porque leva o próprio consumidor a rever seu padrão de consumo”, avalia.
O crédito
No mês de junho, 56% dos consumidores brasileiros não utilizaram crédito – seja com empréstimos, linhas de financiamento, crediários ou cartões de crédito. Para o restante do público (44%), as modalidades mais mencionadas são cartões de crédito (37%) e os cartões de loja e crediário (16%). O cheque especial foi citado por 6% da amostra. Há ainda, 4% de consumidores que recorreram à empréstimos e 2% que buscaram financiamentos.
Para quem optou pelo cartão, a minoria (23%) diminuiu o valor da fatura. Para 30% ela se manteve em patamar estável na comparação com o mês anterior, ao passo que 42% observaram aumento no valor utilizado. O valor médio reportado pelos entrevistados foi de R$ 977. Os principais itens obtidos por essa forma de pagamento foram compras de supermercados (66%), remédios e farmácia (56%), roupas, calçados e acessórios (36%), combustível (35%) e gastos com bares e restaurantes (31%).
“O consumidor que recorre ao cartão para fazer frente a esses gastos precisa levar em consideração que, nos meses seguintes, terá de arcar com as despesas básicas novamente e planejar-se para o pagamento”, analisa Marcela.