O disparo da inadimplência e a redução do poder de compra estão entre as principais sequelas da crise econômica. Consequentemente, a concessão de crédito ficou limitada e muitos consumidores tiveram que recorrer a conhecidos em melhor situação financeira para realizar as compras. Um levantamento realizado pelo Serviço de Proteção ao Crédito (SPC Brasil) em parceria com a Confederação Nacional de Dirigentes Lojistas (CNDL) em todas as capitais, indica que essa prática é mais comum do que parece.
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De cada dez brasileiros, pelo menos quatro (44%) já pediram o “nome” emprestado a outras pessoas para fazer compras a crédito. A estatística é ainda maior nas classes C, D e E, com (48%), e mulheres (49%). O estudo revela que o método é adotado, principalmente, por consumidores que passaram por situações de urgência e não possuem reservas de emergência (27%) ou aqueles que estão com seus nomes inscritos em cadastros de devedores (22%). Outras razões mencionadas na pesquisa são crédito negado (16%) e o limite do cartão de crédito ultrapassado (13%).
Para a economista do SPC Brasil, Marcela Kawauti, quem assume a dívida de terceiros passa a ser responsável por possíveis consequências jurídicas caso o terceiro tenha dificuldades em cumprir com os valores. “O maior perigo é ter o próprio CPF negativado caso o devedor não cumpra o acordo. Dizer ‘não’ pode até abalar a amizade, mas se a pessoa diz ‘sim’ sem pensar nas consequências do ato, corre o risco de perder não somente o amigo, mas também dinheiro e ficar com o nome sujo”, destaca.
Quem mais empresta o nome?
Outro dado relevante da pesquisa é que a proximidade de relação é fator determinante na hora de pedir o nome emprestado, de modo que pais (29%), cônjuges (24%) e familiares (21%) são os mais procurados nesse momento. A lista segue com amigos (18%), irmãos (18%) e namorados (6%). Amigos do trabalho aparece na lista com 5%.
Falta de empatia?
Apesar de terem sido ajudados por outra pessoa, 48% dos entrevistados reconhecem que não teriam a mesma atitude se a situação fosse contrária, portanto, não emprestariam seus documentos para outras pessoas realizarem compras. Entre os que pediram o nome emprestado, 64% acharam que o pedido foi fácil de ser atendido.
A finalidade do empréstimo
O levantamento mostrou que a grande maioria dos casos estava ligada à necessidades de primeira ordem. Em primeiro lugar do ranking, com 28%, estão utensílios eletrônicos como smartphones, TVs e notebooks. A lista segue com aquisição de roupas, calçados e acessórios em segundo, com 25%, e produtos de supermercados 23%.