O customer experience (CX) faz parte de todas as empresas, sem exceção. Até um pequeno restaurante, quando dá brindes no aniversário do cliente, por exemplo, pensa na experiência. Mas, fazer o básico do CX bem feito ainda é um desafio para a maioria dos negócios, principalmente num momento em que a régua da experiência subiu e o consumidor está mais exigente.
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Do que se trata, então, o básico do CX? Um painel do CONAREC 2022 trouxe Evelyn Rozenbaum, CEO da Usina de Pesquisa e XCX, para mediar uma conversa sobre o assunto entre Celso Tonet, Diretor de CX da Claro; Patricia Carneiro, Head CRM & Analytics do Hortifruti Natural da Terra; Thiago Gonçalves, VP of Sales & Marketing da Stilingue; e William Sousa, Presidente da Kainos&CO.
Atualmente, para entregar experiência para o cliente, basta começar pelo básico e fazê-lo bem feito. “Muitas empresas querem pensar a frente do nosso tempo, trazem diversas tecnologias, vários canais, mas não fazem o mais simples. Qualquer cliente tem que entender o processo, a jornada. Qualquer reclamação tem que ter uma resposta, caso contrário a empresa não está fazendo o básico que é atender o cliente. No entanto, um pedido de desculpas surpreende por ser inusitado, o que não deveria acontecer, já que isso é o básico”, explica Patricia Carneiro.
Com o avanço de tecnologias e inovação, a régua da experiência está em outro patamar. Independente disso, o cliente continua sendo o ponto principal para as empresas. Celso Tonet, da Claro, explica que os anos de pandemia aumentaram a exigência e mudaram o que é considerado básico, tendo duas variáveis como as mais importantes: velocidade e facilidade.
“No Brasil o desafio é muito maior: arcabouço regulatório, instabilidade econômica e política, tudo isso traz para as organizações uma questão cada vez mais crítica de como lidar com o cliente. A concorrência vem de todos os lados e o desafio de CX sempre vai existir, mas a estratégia tem que ser o cliente. Ele sempre esteve ali e a gente nunca se deu conta, mais do que nunca temos que nos virar para ele”, indica Tonet.
Esse foco no cliente deve fazer parte de toda a empresa, ou seja, envolver as áreas em um só conjunto, de forma a criar uma cultura voltada para a experiência. Na prática, não é exatamente isso que ocorre. É o que explica Thiago Gonçalves: “O CX tem que influenciar a construção e a execução dos processos de marketing, de vendas, entre outros. No início há um silo, uma vertical de CX, mas é necessário levar essa discussão para a organização como um todo. Falamos em journey insights, ou seja, integrar todos os indicadores de cada etapa da jornada para uma matriz da experiência”.
Desafios do CX
Os anos de pandemia foram, no primeiro momento, de adaptação ao digital, tanto das empresas quanto do consumidor. Como resultado, aconteceu a maior abertura nos canais de relacionamento, o que cria um longo caminho de aprendizado para as marcas. William Sousa, da Kainos&CO, afirma que administrar a ansiedade do cliente para gerar ótimas experiências ainda é um desafio que se soma a outros pontos importantes da jornada.
“Conseguimos enxergar uma ótima experiência até a venda, mas depois isso se perde. O pós-venda raramente é 100%. Não é questão de trabalhar bem um canal de reclamação, mas de se antecipar ao problema. Por exemplo, avisar com antecedência o imprevisto que fez a entrega do produto atrasar. O cliente cria expectativas e estar preparado para evitar a quebra dessa expectativa é a questão”, diz Sousa.
Outro ponto importante destacado é a importância de ouvir o cliente onde ele estiver falando sobre a empresa, seja nas redes sociais, no SAC, na loja etc. Essa escuta permite reconhecer as dores e trabalhar em cima delas para melhoria contínua da experiência. Porém, como afirma Celso Tonet, muitas empresas ainda não estão preparadas para a estratégia de trabalhar a escuta por estarem muito focadas em resultados, sem compreender o propósito.
“Uma prática pouco vista é a matemática, é fazer conta. CX não pode ser poesia, precisa ser resultado. A experiência traz maiores margem e receita, mas não conseguimos mostrar isso para as empresas. O grande desafio é comprovar que vale a pena investir em CX”, reflete Tonet.
Na visão de Sousa, na medida em que o CX for potencializado, possuir métricas e adicionar o DNA brasileiro, a experiência do cliente não terá limites.
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