Quando se fala em zerar a pegada de carbono, logo se pensa em reduzir a frota de carros a combustão, repensar a produção da indústria. Pouca gente lembra, entretanto, que para a locomoção, não são apenas os carros que emitem gases poluentes e nocivos à atmosfera do planeta. Os aviões, que circulam todos os dias, também são responsáveis por uma parte grande da emissão de CO2, uma vez que necessitam de muita combustão para atingirem a velocidade suficiente para se manter no ar.
Discutir maneiras de mudar esse cenário era, até então, algo que chegava a poucas conclusões. Aviões à jato são mais eficientes e, principalmente, seguros, algo que pesa bastante tanto para companhias aéreas quanto para passageiros. Além disso, é difícil imaginar a mecânica de uma aeronave que não utilize a combustível para sair do solo. Mas, segundo a United Airlines, esse modelo em breve terá uma nova alternativa: aviões elétricos.
Em 2026, a empresa pretende deixá-los disponíveis como opção aos passageiros, fator que contribui para reduzir as emissões de poluentes da companhia — que pretende zerar sua pegada de carbono até 2050. A empresa já encomendou 100 aeronaves ES-19, da startup sueca Heart Aerospace, que produz modelos elétricos. Ainda em fase de protótipo, a startup pretende entregar a demanda até o final de 2024, ainda que a certificação saia somente em 2026.
Aviões elétricos: uma alternativa sustentável e… viável?
Além de reduzir a pegada de carbono, a chegada de aeronaves elétricas fará uma mudança e tanto no mercado aéreo. De acordo com o fabricante dos aviões, o modelo ES-19 é até 20 vezes mais econômico que as aeronaves comuns e 100 vezes mais eficiente que motores a jato que utilizam o estilo turbofan. Se não bastasse ser sustentável e eficaz, o ES-19 também terá uma manutenção mais barata que os modelos à jato.
Quanto aos detalhes, as aeronaves serão pequenas, com uma capacidade reduzida de passageiros. Terão pressurização da cabine e capacidade para até 19 pessoas, dispostos em oito fileiras de assentos individuais — o que por si só moderniza a parte interna de um avião comum. Os comandos são fly-by-wire, ou seja, eletrônicos, e o modelo pode decolar em pistas com até 750 metros.
A energia que possibilita fazer o avião decolar e se manter no ar é feita por meio de um conjunto de baterias de íons de lítio, muito semelhantes às usadas em carros e celulares. O ES-19 terá autonomia para sobrevoar 400 quilômetros, o que o configura para viagens regionais, e terá também quatro motores com sete hélices, montados na asa. Segundo a Heart Aerospace, a recarga é feita em apenas 40 minutos.
Interesses econômicos
Com o pedido de 100 aeronaves, a United Airlines sai à frente da inovação, mas outras companhias aéreas já demonstraram interesse nos modelos elétricos. A finlandesa Finnair já confirmou a intenção de comprar 20 unidades e o fundo Breakthrough Energy Ventures, alternativa criada por Bill Gates para reduzir a pegada de carbono, também anunciou investimentos no projeto.
A questão é: será essa uma alternativa sustentável e segura? Mecanicamente falando, é necessário aguardar as próximas etapas da startup para assegurar se o ES-19 será, de fato, uma nova realidade para o mercado de aviação.
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