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Turismo: aumento da tarifa de bagagem preocupa consumidor

Turismo: aumento da tarifa de bagagem preocupa consumidor

Em momento de discussão sobre gratuidade de despacho, tarifas mais altas encarecem preço final da viagem

Desde o último mês de abril, quem viaja de avião e despacha bagagens está pagando mais caro. As principais companhias aéreas do país – Azul, Gol e Latam – aumentaram o preço da tarifa para transporte de bagagem despachada. Em um cenário de inflação a dois dígitos e alta no valor das próprias passagens aéreas, o aumento deixou muito consumidor na área de turismo contrariado.

“Não é justa esta cobrança, pois foi implementada para diminuir o custo da passagem e na verdade isso nunca aconteceu”, fala a passageira Heloisa Dabus. A passageira Maria Eunice Zanotto concorda: “acredito que o aumento não seria necessário, justamente porque as tarifas não foram minimizadas desde essa cobrança”.

Já o passageiro Danilo Gabriele continua resumindo a situação: “com esse acréscimo no valor da bagagem, logicamente existe aumento no valor da passagem também, que já está absurdamente cara e impactando ainda mais no custo total da viagem. Também impacta no racionamento do que se leva e nas compras que eventualmente serão trazidas”.

Os depoimentos são de clientes de Adriana Gabriele, proprietária da De Gabriele Travel Service, agência de viagem e turismo há décadas no mercado. Segundo ela, os mais afetados pelo aumento da tarifa das bagagens despachadas são os viajantes internacionais, em voos de média e longa duração. “Com certeza impacta, pois a bagagem despachada entra como adicional no valor final”, explica.

A empresária complementa que o aumento não chegou a afetar a programação de viagem dos consumidores, mas acabou trazendo preocupações sobre o que e quanto transportar na mala. “Em viagens nacionais, por exemplo, a bagagem de mão está sendo muito mais utilizada”, afirma.

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Em busca de respostas do setor de turismo

Diante do novo valor da tarifa, o Procon-SP notificou as companhias aéreas Azul, Latam e Gol pedindo esclarecimentos sobre o aumento aplicado. Elas deveriam explicar, até dia 12 de abril, quais os itens que compõe o valor da taxa de despacho de bagagem que é cobrado do consumidor, discriminando cada um e apontando os destinados ao custeio administrativo e aqueles destinados ao custeio da operação de transporte aéreo (com informações sobre o percentual de cada item em relação ao montante final). Segundo a instituição de proteção ao consumidor, após o envio das respostas, elas seguem para análise e só então devem ser divulgadas.

Na Azul, o preço mínimo para despacho de bagagem passou de R$ 80 para R$ 90 em trechos domésticos. O valor máximo de R$ 250 e o preço de despacho em voos internacionais foram mantidos.

A Gol também reajustou o preço mínimo para despacho: foi de R$ 80 a R$ 95 em voos domésticos e de R$ 100 a R$ 199 em voos internacionais. Os preços máximos para voos domésticos e internacionais permaneceram inalterados: R$250 e R$650, respectivamente.

Já a Latam aumentou o preço da tarifa da bagagem despachada apenas em voos domésticos, que passou de R$ 65 a R$ 75 no valor mínimo; o valor máximo permaneceu em R$ 160.

Como justificativa para o reajuste, as companhias aéreas citaram o aumento de custos na aviação comercial, a adequação aos preços de mercado e até o cenário afetado pela Guerra da Ucrânia.

Leia mais: Consumo e conflito Rússia e Ucrânia: é hora de valorizar o mercado local?

“De fato, tivemos o aumento do custo operacional para as aeronaves decolarem com segurança, pontualidade e toda equipe operacional. Também houve aumento no preço dos combustíveis, insumos e profissionais qualificados para toda a operação, adicionando-se a isso o fato do aumento de custos geral por conta da inflação”, explica a agente de viagens Adriana Gabriele.

Discussão sobre gratuidade de tarifa de despacho

O aumento da tarifa para despacho de bagagem chegou em um momento que a própria cobrança desta taxa tem sido motivo de discussão. O Senado aprovou, no último dia 17 de maio, medida provisória alterando regras para o setor aéreo no Brasil e prevendo, entre elas, a gratuidade do despacho de bagagens em voos.

Entre os senadores que votaram favoráveis, prevaleceu o entendimento de que a cobrança da bagagem extra, em vigor desde 2017 no país, não culminou em uma redução de tarifas nas passagens aéreas. A medida deve ainda passar por votação e discussão na Câmara dos Deputados e seguir para a assinatura do presidente, que pode vetá-la ou não.

Caso aprovada, voltaria a ser gratuito o despacho de bagagens de até 23 quilos em voos domésticos e de até 30 quilos em voos internacionais. Hoje, é permitido levar gratuitamente apenas uma bagagem de mão de até dez quilos.
Segundo dados da Agência Nacional de Aviação Civil (Anac), as tarifas se mantiveram estáveis nos dois primeiros anos após o fim da gratuidade; em 2019 foi registrada alta de 8%; em 2020, no cenário pandêmico, as tarifas caíram 14,5%; depois, em 2021 e nos dois primeiros meses de 2022, registraram novamente alta de 19,3% e 15%, respectivamente.

Novos preços, novos planos

Enquanto vigora o aumento do preço das tarifas e não se define sobre a manutenção da cobrança ou a volta da gratuidade do despacho da bagagem nos voos domésticos e internacionais, os consumidores se adaptam e, muitas vezes, mudam os planos.

É o caso das passageiras Cinthia de Gaspari, que adiou sua viagem para o ano que vem, e de Zelia Consorte, que deixou seus planos em stand-by. “Acabei prorrogando no aguardo de uma estabilidade no mercado, aguardando as companhias aéreas oferecerem preços mais acessíveis. Estou fazendo uma economia de guerra para conseguir viabilizar minha visita a minha família”, conta.

Ainda assim, Adriana Gabriele permanece otimista, pois vê que o desejo do brasileiro de viajar está muito forte. “O Brasil tinha uma base sólida de turismo doméstico, mas agora podemos ver o retorno dos viajantes internacionais, especialmente saindo do norte do Brasil, pois as restrições de viagem são aliviadas e a conectividade de voo é melhorada para destinos como Espanha, Portugal e Estados Unidos”, afirma a proprietária de agência de turismo.

Para quem viu seus planos suspensos ou adiados devido à alta dos preços, ela dá dicas que podem aliviar o orçamento, como planejar com antecedência de quatro meses ou mais, evitar altas temporadas no destino, buscar profissionais que possam orientar a organização da viagem e adquirir serviços com fornecedores confiáveis. “Muitas vezes, o barato sai caro”, finaliza.

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*Por Carolina Vieira.


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