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Atualmente existe uma epidemia de cesáreas desnecessárias?

Atualmente existe uma epidemia de cesáreas desnecessárias?

Duas novas propostas de normativos foram colocadas em consulta pública pela Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS). Ambas visam diminuir o número de partos cirúrgicos

Raquel  passou a gravidez toda planejando um parto normal. “Desde o começo da gravidez eu falei pra minha médica que queria parto natural, sem anesteasia, mas como não tinha nenhum grupo de apoio na época, nem doula aqui na Baixada Santista , nem nada pra me apoiar, eu não percebi que o tempo todo ela deu a entender que eu iria cair no golpe da cesárea de emergência. Ela falava que eu não iria aguentar a dor, que se eu queria tanto pn que ela podia usar anestesia, e quando eu falava que não, que queria natural, ela ria. Hoje eu tenho consciência de que eram sinais de que ela não queria fazer um parto, mas uma cirurgia”.

Hoje a jornalista Raquel Gomes, na segunda gravidez, tem pesadelos com a cesárea eletiva. Essa é apenas uma personagem da mesma história: mães que não conseguem protagonizar um momento único, aquela uma coisa para a qual seu corpo foi todo desenhado para realizar: o parto.

A cesárea é um assunto polêmico entre gestantes, mães, médicos e planos de saúde. Existe, sim, uma demonização da modalidade que não é real, muitas vezes o procedimento é, sim, necessário. No entanto, são crescentes os relatos de mães que poderiam ter tido seus filhos da maneira natural, mas não tiveram escolha.

A intenção de ambas é reduzir o número cesarianas desnecessárias entre consumidoras de planos de saúde. Entre as medidas sugeridas pela Agência, está a ampliação do acesso à informação pelas beneficiárias, que poderão solicitar as taxas de cesáreas e de partos normais por estabelecimento de saúde e por médico ? independentemente de estarem grávidas ou não.

As propostas para a mudança do modelo de assistência vigente foram anunciadas em Brasília, pelo ministro da Saúde, Arthur Chioro, e o diretor-presidente da Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS), André Longo. As medidas foram elaboradas por um Grupo de Trabalho específico constituído por servidores da ANS.

Na ocasião, o ministro da Saúde destacou a importância do enfrentamento ao que pode ser considerada uma epidemia de cesarianas no país. “No setor privado, o percentual que temos de partos cesáreos deveríamos ter de partos normais. Respeitar a mulher é, acima de tudo, disponibilizar a ela todas as informações sobre o parto normal e fazer com que o parto cirúrgico seja adotado apenas quando indicado”, ressaltou Chioro.

Além da transparência das informações, as resoluções preveem ainda a apresentação do partograma, um documento que deverá conter as anotações do desenvolvimento do trabalho de parto, das condições maternas e fetais. O documento, além de uma importante ferramenta de gestão para as operadoras, será parte integrante do processo para pagamento do parto. Em casos excepcionais, o partograma poderá ser substituído por relatório médico detalhado.

“O partograma vai mostrar a evolução do parto, com as informações sobre dilatação, contrações, que vão auxiliar, inclusive, na troca de plantão médico. Com o documento, será possível identificar a realização das cesárias sem indicação médica. No entanto, mais do que adotar medidas coercivas, a ANS acredita que é necessária uma mudança de cultura. A Agência vai fiscalizar essas ações assim que as resoluções entrarem em vigor e contamos com o apoio das mulhres nesse processo”, explicou o diretor-presidente da ANS, André Longo.

As resoluções também incluem a distribuição, por parte das operadoras de planos de saúde, do Cartão da Gestante com a Carta de Informação à Gestante, instrumento para registro das consultas de pré-natal, com orientações e dados de acompanhamento da gestação.

A cesariana, quando não tem indicação médica, ocasiona riscos desnecessários à saúde da mulher e do bebê: aumenta em 120 vezes a probabilidade de problemas respiratórios para o recém-nascido e triplica o risco de morte da mãe. Atualmente, no Brasil, o percentual de partos cesáreos chega a 84% na saúde suplementar.

“Não estamos demonizando a cesariana. Existem muitos casos em que elas salvam vidas. A cesariana é uma conquisa científica, mas não ter este excesso. A escolha do modelo de parto é, fundamentalmente, uma questão de saúde, e deve estar condicionada ao que for mais adequado para cada caso e ao que for mais seguro para a mãe e o bebê”, destacou a gerente de Atenção à Saúde da ANS, Karla Coelho.

“Partindo do princípio que a maioria das mulheres engravidam de um  ato de amor, conclui que minha filha nasceu do amor, amor que me fez decidir, escolher, pode-se usar a palavra que quiser. Sempre que se fala em tipos de partos surgem as  discussão sobre o que é melhor para a mãe e o bebê, que a mãe tem que ser a protagonista. Existem aquelas que defendem o Parto Normal ou Humanizado e chegam a serem radicais, dizem que não há riscos, que é tudo muito lindo. Não discordo e nem quero levantar bandeira para que a Cesárea seja a maioria, mas a verdade é que  tudo é muito lindo se você pode pagar”. É o que diz a catarinense de Blumenau, Silma Matos, em seu blog, sobre o nascimento de sua filha.

Para Silma, importante mesmo foi ter um plano de parto. Durante o curso de gestante foi bem ressaltado o quanto o parto normal era melhor, no hospital que a minha filha nasceu eles tinham doulas e enfermeiras parteiras. Falei com meu obstetra, ele me deixou à vontade para decidir, pois o hospital tinha estrutura para qualquer tipo de parto, mas eu só pensava no bebê, primeiro filho, que no caso foi filha. Já com 40 anos, eu me perguntei se valeria a pena mesmo fazer o parto normal, tive medo, mesmo com todos me apioando. A enfermeira que me acompanhou era um doce de criatura, acostumada com PN, me deixou super tranquila, sempre dizendo que eu era a mãe, eu decidia o que fosse melhor pra mim e pro bebê”, diz.

Mas a história de Silma deixa uma outra reflexão: todo o pré natal foi rezlizado com plano de saúde e o parto foi particular. Portanto, o desafio é fazer com que haja uma sinergia comportamental e o protagonismo da mãe, não em detrimento de sua saúde, mas de forma consciente, passe a ser padrão de saúde no Brasil – e que isso não tenha valor financeiro.

* Compartilhe a sua opinião sobre as suas experiências no assunto na página do Facebook e no Twitter, sob a hashtag #CesáreaeDireitos

 

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