Em 2020, as empresas de táxi aéreo foram autorizadas de forma temporária pela ANAC a vender assentos avulsos em voos de curta duração. Até então, essas empresas só poderiam fretar a aeronave inteira, o que resultava nas chamadas “pernas vazias”, ou seja, trechos sem passageiros a bordo. Passagens avulsas só poderiam ser vendidas por companhias aéreas da aviação comercial. Na última terça-feira, os diretores da ANAC aprovaram por unanimidade a liberação para que as empresas privadas que fazem taxi aéreo possam de forma definitiva vender assentos avulsos para até 15 voos por semana e em aeronaves com até 19 assentos.
A Consumidor Moderno conversou com Paul Malicki, CEO da Flapper, plataforma independente de aviação sob demanda. O objetivo foi entender o que essa decisão da ANAC traz de mudanças efetivas tanto para as empresas de aviação privada, quanto para o mercado da aviação subregional e, principalmente, para o consumidor. Segundo Paul, não há dúvidas que a autorização da venda de assentos avulsos é positiva, porque a possibilidade de voos compartilhados aquece o mercado e tende a impulsionar a criação de novas rotas.
“A nova regra facilita a venda de assentos nos chamados voos de oportunidade, que são o caso das aeronaves que voltam vazias após levar clientes de um voo fretado. Isso democratiza a experiência e possibilita que pessoas que nunca viajaram em aeronaves particulares, possam viajar. Fizemos uma pesquisa que mostrou que 30% dos nossos clientes que compraram assentos avulsos nesse período de pandemia, viajaram de táxi aéreo pela primeira vez com a Flapper. E não é difícil de entender o motivo: um voo fretado de São Paulo para o Rio custaria em média R$30 mil reais e comprando avulso, o cliente consegue embarcar pagando R$1500”, explica o CEO.
Paul Malicki vê a decisão da ANAC como um pontapé inicial, uma esperança para fomentar o mercado de táxi aéreo no Brasil. Ele afirma que com os altos preços de combustíveis, de manutenção e das peças da aeronave, atualmente no país, a aviação sub-regional não é economicamente viável para as empresas. Segundo Paul, sem subsídios do governo, a conta não fecha.
“Na década de 1960, o Brasil chegou a ter mais de 250 aeroportos, hoje tem pouco mais de 100. Tinham muitas linhas sub-regionais, hoje não temos praticamente nenhuma fixa. As companhias aéreas comerciais têm benefícios, incentivos, já as empresas de táxi aéreo não. Na Flapper, nós temos atualmente uma rota fixa: São Paulo-Angra dos Reis., exemplifica o executivo.
O CEO afirma que a pandemia da Covid aumentou a demanda por voos da aviação executiva e serviços aeromédicos. Ele estima que esse crescimento acelerado da demanda continuará ao longo de 2023 e 2024. A Flapper realiza em média 200 voos por mês, incluindo destinos não atendidos pela aviação tradicional. Além da rota fixa de voo subregional citada por Paul, que vai de São Paulo para Angra dos Reis, vale destacar a alta procura por vôos executivos (RJ-SP, SP-BH e SP-BSB); vôos de alta temporada para Jericoacoara, Paraty e Ilha Bela; e vôos de luxo, que vão para Fernando de Noronha e Camboriú, por exemplo.
“É difícil para uma empresa lançar uma rota fixa. Algumas já tentaram, mas não engrenaram pela questão financeira. Com autorização definitiva de venda de assentos avulsos, acredito que essas empresas vão voltar a fazer testes. Hoje são 120 empresas de táxi aéreo no Brasil e mais de 600 aeronaves. O serviço de táxi-aéreo e a aviação subregional é uma realidade nos Estados Unidos e até no Chile. Não vejo razão para o Brasil não começar a investir no setor”, afirma Paul Malicki.
Em relação às vantagens que a expansão da oferta de táxi aéreo pode trazer para o consumidor, Paul cita o aumento da possibilidade de rotas, incluindo destinos que não são oferecidos pelas companhias aéreas comerciais, e a redução dos preços para viajar em aeronaves da aviação privada. “O mercado funciona assim. Na medida em que aumenta a oferta de vôos compartilhados, de rotas fixas no subregional, os valores ficam mais acessíveis para o consumidor. E com o aumento da demanda, as empresas também conseguem oferecer preços melhores”, reforça o CEO da Flapper.
A Flapper
A Flapper iniciou as operações em 2016, durante as Olimpíadas do Rio, viabilizando deslocamento rápido entre os aeroportos de Jacarepaguá (RJ) e Congonhas (SP), e segue reforçando a frota disponível para deslocamentos em período de grandes eventos. Levando em conta as operações em outros países, com foco na América Latina, são 1,5 mil aeronaves cadastradas na plataforma.
Mais de 370 mil usuários já acessaram o aplicativo móvel da Flapper, onde é possível cotar e fechar voos exclusivos ou compartilhados. A plataforma é reconhecida no mercado como pioneira nessa frente de negócios e no fretamento de transporte aéreo. A Flapper afirma estar preparada para esse novo momento da aviação privada no país e busca consolidar a posição de liderança no segmento.
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