Uma das bebidas mais populares do mundo – e uma paixão nacional para o brasileiro – corre o risco de sumir das prateleiras em todo o mundo como consequência do crescente aquecimento global. O alerta faz parte de um estudo publicado na Nature Plants, um dos mais respeitados semanários dedicados à pesquisa científica.
Curiosamente, o risco não necessariamente está diretamente ligado a uma possível escassez de água no futuro. Na verdade, segundo a publicação, a causa tem relação com as secas e ondas de calor que se intensificaram pelo aquecimento global provocado predominantemente pela ação do homem. Isso deve levar a declínios bruscos no rendimento das colheitas de cevada e gramínea cerealífera, justamente dois dos principais ingredientes da bebida. Hoje, as regiões que mais cultivam cevada no mundo seriam justamente as regiões que seriam prejudicadas, caso do Canadá, algumas regiões da Europa e da Ásia, além da Austrália.
“Descobrimos (a partir do estudo) que esses eventos extremos podem causar reduções substanciais nos rendimentos de cevada em todo o mundo. Perdas de rendimento médio variam de 3% a 17%, dependendo da gravidade das condições. As diminuições na oferta global de cevada levam a quedas proporcionalmente maiores na cevada usada na fabricação de cerveja e resultam em drásticas reduções regionais no consumo de cerveja (por exemplo, uma diminuição de 32% na Argentina) e aumentos nos preços da cerveja (algo em torno de 193% na Irlanda). Embora não seja o impacto mais preocupante das futuras mudanças climáticas, os extremos climáticos relacionados ao clima podem ameaçar a disponibilidade e a acessibilidade econômica da cerveja”, diz o estudo, desenvolvido por cientistas da Universidade da Califórnia, da Universidade Chinesa de Pequim, da Academia Chinesa de Ciências Agrícolas, do Centro Internacional Mexicano para Melhorias do Milho e do Trigo e da Universidade de East Anglia (Inglaterra).
O estudo pode ser acessado AQUI.
Preço
Nesse cenário, segundo o estudo, um pacote contendo seis cervejas do tipo mais comum poderia custar US$ 20 ou R$ 75. Na média, conforme aponta o estudo, o preço da cerveja deve dobrar. A pesquisa considera que em casos de queda de 4% da produção de cevada, a bebida acaba custando 15% a mais.
A reportagem da BBC lembra ainda outro detalhe que pode ser decisivo para a cerveja. Hoje apenas 17% da cevada produzida no mundo é usada hoje para a fabricação da cerveja. O restante é colhido e se torna alimento para gado. Nesse caso, a preferência seria dada ao gado em função de sua importância em uma escala alimentar.