Nas últimas duas décadas, o setor de cosméticos no Brasil cresceu aproximadamente 10 % ao ano, com mais de 1.700 empresas de Higiene Pessoal, Perfumaria e Cosméticos, dividindo espaço nas prateleiras das farmácias e drogarias para disputar a preferência do consumidor. Um estudo feito pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística ? IBGE revelou que o brasileiro gasta mais com beleza do que com comida.
O que pouco se sabe é que o organismo de pessoas que costumam maquiar-se e usar produtos de beleza diariamente pode absorver cerca de 2,3 kg de produtos químicos a cada ano. É o que diz a reportagem do site Organic Consumers.
Parece bastante imaginar meio saco de arroz de circulando nas veias de químicas muitas vezes nocivas à saúde, né? Alguns dos compostos presentes nos artigos têm sido associados a efeitos colaterais que vão desde a irritação da pele ao câncer. Uma das classes de produtos químicos presentes na maquiagem, como os parabenos, foram encontrados em grandes quantidades em amostras de tumores de mama.
O contato dos produtos com a pele pode ser mais nocivo que a própria ingestão das substâncias, porque quando você come algo que os enzimas na sua saliva e no estômago ajudam a quebrá-los e eliminá-los do seu corpo. Quando esses produtos entram em contato com a sua pele, no entanto, a absorção ocorre diretamente pela corrente sanguínea, sem qualquer tipo de filtragem, sem qualquer proteção contra as toxinas.
A rotulagem é, como sempre, aliada do consumidor. Mas muitas vezes apenas os nomes não ajudam muito a quem quer saber o que está comprando e usando. Veja a seguir, as denominações de alguns dos ingredientes mais perigosos para a saúde – e mais comuns:
Conservantes liberadores de formol
Muitos cosméticos utilizam na formulação algum tipo de conservante que libera formol na pele. Um estudo realizado no Departamento de Dermatologia da Universidade de Debrecen, Hungria, e publicado no periódico “Experimental Dermatology”, em maio de 2004, revelou que o formol pode contribuir para o aparecimento de câncer induzido pela radiação ultravioleta do sol. Para a segurança do consumidor, é bom observar cuidadosamente os rótulos, procurando as seguintes substâncias: quatérnium-15, diazolidinil hora, imidazolidinil ureia e DMDM hidantoína.
Óleo mineral e outros derivados do petróleo
Os óleos minerais estão presentes na maioria dos produtos cosméticos, devido a sua propriedade emoliente, ou seja, hidratante para a pele. Entretanto, estudos recentes vêm associando esses componentes ao aumento da mortalidade por diversos tipos de câncer, como o de pulmão, esôfago, estômago, linfoma e leucemia. Isso é devido à presença de um composto chamado 1,4-dioxano, uma substância cancerígena, como relata estudos publicados nos periódicos “American Journal of Industrial Medicine” (Departamento de Epidemiologia, Escola de Saúde Pública, Los Angeles, CA outubro de 2005), “Contact Dermatitis” (Departamento de Dermatologia, Nagoya City University Medical School, Japão, abril de 1989) e “Regulatory Toxicology and Pharmacology” (outubro de 2003). Procure no rótulo palavras como: paraffin oil e mineral oil.
Parabenos
Um estudo realizado na Universidade de Reading, Reino Unido, e publicado em janeiro de 2004 no Journal of Applied Toxicology, os parabenos apresentam propriedades estrogênicas, ou seja, se comportam como se fossem um hormônio feminino: o estrógeno. O mercado possui conservantes naturais ou mais modernos que demonstraram segurança, permitindo aos formuladores o desenvolvimento de produtos mais seguros. Os parabenos em produtos cosméticos destinados à aplicação na área axilar (como desodorantes, por exemplo) devem ser reavaliados, pois estudos recentes levantaram a hipótese de que o seu uso nessa região pode estar associado ao aumento da incidência de câncer de mama, o que foi confirmado em teste realizado recentemente. Os parabenos podem ser identificados nas formulações dos cosméticos e desodorantes com diversas nomenclaturas: Parabens, Methylparaben, Ethylparaben, Propylparaben e Butylparaben.
Propilenoglicol
O propilenoglicol é um produto utilizado como diluente de outras substâncias, usado em uma ampla variedade de cosméticos. O perigo no seu uso está ligado aos problemas de pele como alergias e irritações. Um estudo realizado com 45.138 pacientes na Universidade de Göttingen, Alemanha, e publicado no periódico “Contact Dermatitis”, em novembro de 2005, confirmou o potencial sensibilizante (potencial para causar alergias) do propilenoglicol, confirmado também pelo Departamento de Dermatologia do Hospital Osaka Red Cross, Japão, e publicado no periódico “International Journal of Dermatology”, também em 2005. Para saber se o seu produto cosmético contém propilenoglicol na composição, verifique a palavra propylene glycol no rótulo da embalagem.
Ureia
Um dos hidratantes mais utilizados em cosméticos é a ureia, tanto pela sua eficácia, quanto pelo seu baixo preço. Mas vale lembrar que a ureia é proibida para mulheres grávidas, pois a ureia penetra profundamente na pele e tem a capacidade de atravessar a placenta, podendo chegar até o feto em formação, ocasionando graves consequências ao bebê. A ANVISA (Agência Nacional de Vigilância Sanitária) determina que todas as vezes que um produto tiver na sua composição ureia em dosagens maiores que 3%, ele deve conter no rótulo o seguinte alerta: “Não Utilizar Durante a Gravidez”. A ANVISA ainda resolveu proibir a fabricação de cosméticos que contenham em sua composição mais de 10% de ureia.
Prazo de validade
Vale lembrar que no Brasil, é obrigatória a indicação do prazo de validade na embalagem dos produtos cosméticos, à vista do consumidor, conforme determinação da ANVISA ? Agência Nacional de Vigilância Sanitária. ?O prazo de validade – caracterizado como o período de vida útil ? tempo no qual o produto mantém suas características originais – antes de ser um requisito legal, é, sobretudo, uma condição técnica de qualidade, pois um produto instável do ponto de vista físico-químico, microbiológico ou toxicológico, além da perda de eficácia, poderá também causar algum dano e comprometer a confiabilidade frente ao consumidor
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