A demanda por alta conectividade é um reflexo das mudanças nas necessidades e hábitos dos consumidores e empresas. Por consequência, a crescente interdependência entre dispositivos e tecnologias tem impulsionado a necessidade de uma infraestrutura robusta e eficiente. As aplicações que demandam transferências de dados em tempo real, como videoconferências, streaming de alta definição e jogos online exigem conexões estáveis e rápidas.

A segurança da informação é outro aspecto que não pode ser negligenciado na busca por conectividade. À medida que mais dispositivos se conectam à internet, as vulnerabilidades aumentam. Portanto, é essencial que as empresas integrem soluções de segurança em suas estratégias de conectividade para proteger dados sensíveis. E ainda manter a integridade de suas operações.

Conectividade + IA

Sabendo disso, a Agência Nacional de Telecomunicações (Anatel) e a Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) assinaram um Termo de Execução Descentralizada (TED). Da parte da Anatel, o acordo foi assinado pelo Centro de Altos Estudos em Comunicações Digitais e Inovações Tecnológicas (Ceadi).

Em suma, o acordo corresponde ao desenvolvimento de soluções de Inteligência Artificial (IA) voltadas para a gestão do espectro de radiofrequências.

Em primeiro lugar, é importante ressaltar que o espectro de radiofrequências é utilizado para uma variedade de serviços e aplicações. Nesse rol, estão inclusos telecomunicações, rádio, televisão, serviços de emergência, e conectividade sem fio, como Wi-Fi e redes móveis. Por sua vez, a gestão do espectro de radiofrequências refere-se ao conjunto de práticas para organizar e controlar a utilização desse recurso limitado e valioso.

As etapas do projeto

Dessa forma, a iniciativa da Anatel e da UFRJ tem como objetivo melhorar o planejamento e a gestão do espectro. Para isso, as técnicas de IA serão aplicáveis a situações específicas. O trabalho será dividido em quatro etapas:

• Análise de abordagens de IA para radiocomunicações;
• Implementação da tecnologia na gestão do espectro;
• Formulação de estratégias para a adoção das soluções pela Anatel;
• E, por fim, a produção de um relatório que consolide os resultados obtidos.

A gestão eficiente desempenha um papel fundamental no desenvolvimento econômico e social, impactando diretamente os investimentos em infraestrutura de telecomunicações no Brasil. Quem explica melhor é o conselheiro substituto e superintendente de Outorga e Recursos à Prestação da Agência, Vinicius Oliveira Caram Guimarães. “Ao incorporar essa tecnologia, a Anatel se alinha às melhores práticas internacionais recomendadas por organismos como a União Internacional de Telecomunicações (UIT)“.

Fortalecimento do Brasil em IA

Sobretudo, em sua visão, essa iniciativa fortalece a posição do Brasil em fóruns globais. “E, em contrapartida, reafirma o compromisso do país com a inovação tecnológica e a modernização das telecomunicações. Ademais, também promove um ambiente mais competitivo e conectado”, enfatiza Vinicius.

A colaboração reforça o compromisso de ambas as instituições em estimular a inovação, fortalecer a regulamentação e atender às crescentes necessidades do setor. Nesse ínterim, o propósito é unir pesquisa acadêmica de excelência com ações práticas voltadas para o futuro das telecomunicações.

De acordo com o presidente do Ceadi e conselheiro diretor da Anatel, Alexandre Freire, a aplicação de IA na gestão do espectro representa uma oportunidade promissora para a inovação no sector de telecomunicações. Analogamente, Freire afirma que “a Agência, por meio do Ceadi, tem atuado de forma pioneira para incentivar estudos e iniciativas visando otimizar o uso desse recurso estratégico para o desenvolvimento econômico e social do Brasil”. Ele também enfatizou que “este projeto, em parceria com a UFRJ, é uma oportunidade única para integrar novas tecnologias aos processos regulatórios e aprimorar a capacidade da Anatel em enfrentar os desafios do futuro digital, com transparência e eficiência, em consonância com os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável”.

ODS 16

A pesquisa em IA aplicada à gestão do espectro proposta pela Anatel está em conformidade com o artigo 139-A do Regimento Interno da autarquia, que confere ao Ceadi a responsabilidade de promover o avanço técnico e científico nas discussões sobre telecomunicações. Além disso, alinha-se ao Objetivo de Desenvolvimento Sustentável (ODS) 16, especialmente a meta 16.6, que visa o desenvolvimento de instituições eficazes, responsáveis e transparentes em todos os níveis.

O projeto, com duração de 30 meses, prevê a realização de workshops para divulgar internamente e externamente os resultados da pesquisa. Entre os produtos esperados estão roteiros (roadmaps) para a adoção, pela Agência, das soluções potenciais de IA voltadas para a Gestão e Uso Eficiente e Dinâmico do Espectro. Esses roteiros incluirão ações de curto, médio e longo prazo, abrindo espaço para a atualização do arcabouço regulatório pertinente, a proposta de aquisição de softwares e plataformas (tanto em versões padrão quanto customizadas), e o desenvolvimento de ferramentas específicas criadas ao longo da pesquisa para este fim.