Aquecimento global, desmatamento, falta de chuva, consumo desenfreado. Essas são algumas das razões pelas quais muitos acreditam estarmos passando pela atual crise hídrica.
Durante o Fórum ?Distantes do que é possível ? A responsabilidade do consumidor na crise hídrica?, realizado pela Docol, empresa fabricante de metais, Eduardo Pacheco, engenheiro sanitarista do portal Tratamento de Água, afirmou que o principal problema é a falta de planejamento.
?As pessoas precisam entender o assunto. O atual secretário de saneamento e recursos hídricos do estado de São Paulo, Benedito Braga é do ramo, sabe o que está fazendo, mas o seu antecessor não era?. ?Há dez anos o departamento de água e energia perguntou ?e se tivermos uma seca como a de 1953? São Paulo entraria em crise? e é o que estamos passando agora?, conta Plínio Tomaz, Relator da Câmara Técnica de Macrodrenagem e Enchentes da Região Metropolitana de São Paulo, Membro do Comitê da Bacia do Alto Tietê e Cantareira.
O professor, engenheiro civil e presidente do Conselho Brasileiro de Construção Sustentável, Orestes Marracine Gonçalves, não apenas concordou com Pacheco como também acrescentou o desenvolvimento urbano desenfreado como influenciador da crise.
Pacheco cita o tratamento do esgoto como um auxílio a melhora da situação atual da região. ?É muito mais fácil e viável tratar o esgoto e fazer o uso direto ? reuso ? e indireto ? devolver como água tratada aos mananciais que abastecem a cidade. Tratamos 20m³ de esgoto, temos que tratar pelo menos 50m³?.
Por outro lado, a professora de Engenharia da USP, Lúcia Helena, diz que o tratamento de esgoto em edifícios é complexo por conta de gases de efeito estufa que se acumulam. Orestes Marracina concorda com ela, ?o reuso da água em um edifício tem sua importância modificada da quantidade para a qualidade. É perigosíssimo?.
Levi Garcia, diretor da Docol, especialista em metais economizadores de água, afirma que a questão comportamental ainda é a solução. ?Eu conversei com o gerente de um hotel no qual sempre ia sobre trocar os dispositivos hídricos por outros, mais econômicos. Disse que poderíamos fazer uma parceria, um preço melhor, já que estávamos sempre lá. Mas a resposta que ele me deu foi que o hotel precisava trocar as fechaduras por automáticas e os cofres por tamanhos maiores?, contou.
?Da classe média para cima as pessoas não se preocupam muito com a água, não se importam se faltará na casa do vizinho?, comentou Levi. Ricardo Chaim, responsável pelo Programa Uso Racional da Água, falou que metade da população reduziu o consumo de água e atingiu o bônus, porém não é o caso com os edifícios. ?85% dos condomínios reduziram o consumo de água, mas apenas 34% atingiu a meta de redução de 20%?.
Orestes afirma que a mudança de hábito é um comportamento que vai ficar para sempre e cita a importância de utilizar dispositivos de água dentro das normas brasileiras. ?As torneiras que não atendem às normas gastam água como um shopping. Trata-se de qualidade, tecnologia e inovação?.
A professora Lúcia cita três itens importantes que independem da crise. ?Comportamento ? ético, procedimento e político ?, condições hidráulicas ? preços adequados e manutenção ? e tecnologia?.
?A Sabesp tem mais de mil vazamentos por dia, e as fraudes ? os gatos ? geram perda de aproximadamente 18 mil reais por mês à distribuidora. Foram 2,6 bilhões de litros ano passado, o suficiente para a abastecer a cidade de Taboão da Serra?, comenta Ricardo Chaim. O responsável pelo Pura conta ainda que a Sabesp estuda a possibilidade de uma tubulação aérea de abastecimento de água para evitar perdas na rede hídrica.
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