Menos de um 1% dos sites no Brasil são acessíveis por pessoas com deficiência. Então, como garantir a acessibilidade digital e de comunicação para todos em tempos de distanciamento social e quais são as políticas públicas existentes para ampliar e melhorar a qualidade do acesso digital? Este foi o tema central de mais um webinar exclusivo da Consumidor Moderno.
A conversa contou com Cid Torquato, secretário municipal da Pessoa com Deficiência de São Paulo (SMPED), Simone Freire, CEO da Espiral Interativa e idealizadora do Movimento Web para Todos e Jacques Meir, diretor-executivo do Grupo Padrão.
Ações para acessibilidade nas plataformas digitais
”Tudo tem que ser para todos no Brasil e o digital também”, afirmou Torquato que também lembrou que a Lei Brasileira de Inclusão da Pessoa com Deficiência garante este direito. Hoje, a Secretaria Municipal da Pessoa com Deficiência de São Paulo possui um selo de acessibilidade digital para mostrar se um site é acessível ou não.
Freire abordou a necessidade de atenção necessária para os programadores e desenvolvedores de sites e aplicativos: “Temos apostado muito nos profissionais que trabalham com o desenvolvimento de sites e aplicativos para que eles tenham acesso a este conhecimento. Acessibilidade não é algo difícil, que precisa de uma certificação internacional. A informação circula na web há muito tempo”. Ela ainda falou do diferencial competitivo que as empresas ganham, além da obediência a normas de compliance ao tornar um conteúdo acessível.
Olhar para os extremos e tirar boas ideias
O secretário municipal da Pessoa com Deficiência de São Paulo também falou que mesmo em 2020, o processo civilizatório ainda está atrasado neste universo da deficiência. “O preconceito é grande, o estranhamento é grande, a falta de conhecimento é grande. Mas existe uma resistência atávica das pessoas em aprenderem sobre a deficiência. As pessoas não discutem. Precisamos promover o processo civilizatório, através de espaços inclusivos”, explicou também incluindo que este é o cerne da SMPED.
A CEO da Espiral Interativa e idealizadora do Movimento Web para Todos comentou que está tudo ligado a representatividade. “O digital precisa ser um espaço democrático para todo mundo. Hoje em dia, eu fico muito feliz que as novas gerações já estão convivendo com pessoas diferentes, do que na nossa geração. O diferente é normal”, disse.
Representativa e protagonismo nos locais de trabalho
Segundo Torquato, atualmente a população do Brasil tem mais de 13 milhões de pessoas com deficiência e só 400.000 trabalham. Desta forma ele acredita que a Lei de Cotas é uma das principais ferramentas para a inclusão. “Este é um caminho. Mas antes, é muito importante terem [as pessoas com deficiência] educação a chegarem a uma capacitação. O caminho é a inclusão e participação nas escolas e no trabalho.”
Além do número quase nulo de sites brasileiros acessível, hoje em dia, Freire também apontou que 96% das páginas .gov falharam em pelo menos um teste de acessibilidade. “Acessibilidade não é favor, é Lei, é oportunidade, é necessidade básica hoje”, disse.
Ambiente digital inclusivo
Ao final, a CEO da Espiral Interativa e idealizadora do Movimento Web para Todos comentou que “o ambiente digital tem que ser bom para qualquer pessoa, independentemente da forma que ela navega”. E para isso os conteúdos devem ser acessíveis para leitores de telas, navegáveis pelo teclado, terem contraste e zoom de tela, e libras, com avatar, interprete e legenda.
O secretário municipal da Pessoa com Deficiência de São Paulo ainda comentou que é necessária uma mudanças de comportamento para que exista uma acessibilidade digital. “O mais importante é o upload do conteúdo. Não pode ser upload de conteúdo que não é acessível e precisa fazer a descrição de imagens”, explicou ao descrever que quem quiser saber a nota de acessibilidade para o seu site ou da empresa, basta acessar hasesweb.governoeletronico.gov.br/ases/avaliar.
O selo da Secretaria da Pessoa com Deficiência de São Paulo é concedido após uma nota de 95 de aderência, a checagem de 50 itens em uma avaliação humana e a aprovacão de um grupo de experts.