Quando o período do contrato de não competição terminou, não demorou um mês para Enéas Pestana, ex-CEO do Grupo Pão de Açúcar, encontrar um novo caminho. Em outubro de 2014, abriu a Enéas Pestana & Associados e não precisou fazer qualquer trabalho ativo: em seis meses, já tinha 26 sócios ? empresas em que atuaria de alguma forma ? entre eles a de varejo de moda Líder, com faturamento de R$ 2 bilhões, a Saraiva, Brasil Pharma, Eletro Zema e até gigantes da indústria, como o Grupo JBS. Em comum, todas queriam uma coisa: a experiência bem sucedida do gestor, que somente no varejo conta com duas décadas de história.
Ao contrário de outras consultorias, o foco de atuação de Enéas é na melhoria da gestão de ?forma construtiva e sustentável?. ?Não prestamos um serviço especializado em corte de despesa, em orçamento…olhamos tudo: modelo de gestão, estrutura, processos, sistemas de meritocracia, de acompanhamento de performance, governança corporativa. Analisamos tudo de A a Z para colocar a empresa no trilho do crescimento e do retorno sustentável?, diz Pestana, em entrevista ao Portal NOVAREJO, concedida durante um evento do setor. Durante um ano, a equipe liderada pelo gestor trabalha em uma fase de diagnóstico e depois há uma fase de implementação de ações para os acertos.
Em tempos recessivos, esses acertos são fundamentais para sobreviver em um mercado de margens baixas. Pestana não ignora o peso da crise. Acredita até que não sentimos todos os efeitos dela. No caso do varejo, há ainda o fator pesado do Poder Público que dificulta a agilidade das operações. ?Está na hora desse setor ser mais apoiado e está na hora de o setor privado parar de pagar essa conta, porque não há empresa que consiga ganhar eficiência suficiente para pagar por tanta ineficiência do setor público?, diz. Apesar disso, para ele, há muito mais além de crises e governos. ?Falamos muito de cenário macro ou sobre a questão política, mas tem muita coisa acontecendo?, afirma. ?O empreendedor brasileiro é otimista e confiante e já vivemos muitas crises de confiança antes e posso dizer que somos experts nisso. Essa crise é temporária e vai passar. E o mercado consumidor brasileiro é um dos maiores do mundo, é enorme?, diz.
E quando passar, afirma, é melhor estar preparado para não ser engolido pelo mercado. NOVAREJO perguntou ao consultor, então, o que fazer para conseguir crescer agora e para encontrar ainda mais oportunidades quando a maré baixar. Ele respondeu.
1. Esqueça as promoções
?Em um mercado recessivo como esse, buscar venda requer investir muito em promoção, propaganda, e isso vai ter um efeito baixo, porque o mercado está retraído e recessivo. Muitas empresas tendem a investir muito dinheiro em promoções, propaganda, marketing e mídia e pode não ser uma boa estratégia. Minha recomendação é olhar pra dentro, buscar o ganho da eficiência.?
2. Leveza é fundamental
?É um período para fazer um trabalho de busca pela eficiência. Muitos pequenos e médios varejistas ainda trabalham com empresas familiares e precisam passar por um processo de profissionalização para realmente conseguir competir no mercado. O varejo precisa ter eficiência, ter leveza e agilidade. O ciclo do varejo é rápido: o tempo de de tomar a decisão e implementar a ação é pequeno. Por isso, ganha a emprsa que for leve, ágil e rápida. E para isso tem de ter processos simples.”
3. Aumente a produtividade
?Ser eficiente não é mandar gente embora, é aumentar a produtividade e isso se faz eliminando desperdícios, cortar as despesas ruins, buscar ter as pessoas certas no lugar certo e ter a visão de transformar a compra em uma experiência e uma proposta de valor para o seu cliente?.
4. Trabalhe em parceria
?É preciso trabalhar a cadeia de valor, fazer modelos de integração com fornecedores. Isso pode ajudar aqueles que se prepararem a capturar mercado desde cedo quando o mercado voltar a aquecer.?
5. Expandir só se for certeiro
?Abrir loja nesse cenário é um procedimento cirúrgico. Tem loja que não tem muita discussão, tem mercados que não têm muita discussão. Mas apostar em um crescimento orgânico e testar agora um formato novo, em regiões onde há dúvidas, não recomendo. Mesmo fazer abertura de mercado para sua marca – recomendaria não fazer ou fazer com muita cautela.?
6. Cuide do caixa
?Em períodos de crise, a coisa mais importante para uma companhia é estar capitalizada, é cuidar do caixa, porque a gente não sabe o quanto a crise pode aprofundar. A empresa quebra quando ela não tem caixa. Ela pode ter lucro e patrimônio, mas se não tiver caixa, ela quebra. Por isso, muita cautela nos investimentos.?
7. Faça da sua operação a melhor
?É preciso garantir território, prestando um nível de serviço e experiência de compra realmente incrível.?
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