Em momentos difíceis da nossa vida, quem não recorre a um bom ombro amigo? Inflação em alta, consumo em baixa e instabilidade gerada pelo momento político são motivos e tanto para o varejo se preocupar. Nessa hora, o setor pode encontrar conforto em um batalhão de ?ombros?. ?São nestes momentos de mudanças constantes que os funcionários fazem ainda mais diferença?, afirmou Leonardo Marchi, sócio da consultoria de varejo Praxis Business. ?Mas isso só acontece se eles estiverem engajados?, disse, durante apresentação no Seminário Internacional de Marketing no Varejo 2014, realizado pelo Popai Brasil, que aconteceu nesta semana em São Paulo.
Segundo o especialista, engajar os funcionários, ainda mais em um setor tão sensível quanto o varejo, é uma das ferramentas que as empresas têm para continuar crescendo em tempos difíceis. ?Para crescer, o varejo precisa fazer uma curadoria para o cliente e ofertar o que ele realmente precisa. Para fazer isso, as informações e o poder de engajamento são os pilares. Sem o engajamento dos colaboradores não tem como aumentar os resultados?, afirmou. ?O varejo está em beta constante, as coisas mudam e vão continuar mudando. Sai na frente as empresas que se adaptarem na mesma velocidade. E nesse contexto de mudanças, precisamos olhar as pessoas como um ativo da empresa ? e ativo deprecia?, disse.
Em números globais, Marchi afirma que 13% das pessoas se mostram totalmente engajadas, enquanto 22% têm algum nível de engajamento. Para 39% dos funcionários, tanto faz estar na empresa onde trabalha ou em qualquer outro lugar fazendo qualquer outra coisa. E mais: 26% estão engajados negativamente, ou seja, falam mal da empresa dentro e fora dela. O resultado é um nível de rotatividade maior e, por consequência, queda nos resultados e na qualidade.
Por outro lado, quem consegue engajar consegue crescer. Nos Estados Unidos, por exemplo, as empresas que investiram em ações que aumentaram o engajamento em cerca de 10% elevaram em 27% as receitas. ?Engajar não é algo bonitinho ou que a empresa faz porque é legal. É uma ação que dá resultados?, avalia.
Para chegar ao aumento das receitas, empresas que se preocuparam no engajamento dos funcionários reduziram o absenteísmo, a rotatividade e a queda na qualidade. E aumentaram a carteira de clientes, a produtividade e, por fim, a lucratividade. ?Se eu consigo engajamento, as pessoas vão falar bem da minha empresa, dentro e fora dela. Ela permanece ali e gosta de pertencer?, avalia.
Na América Latina, 65% do quadro que se diz engajado fala bem da empresa, 56% permanece nela por mais tempo e 57% se empenha por fazer a diferença ? esse empenho, afirma Marchi, se traduz em fazer mais do que a atribuição lhe cabe. Os resultados estão aí. Mas como engajar o colaborador? ?É reconhecer, ajudá-lo a inovar, dar oportunidade de carreira. O salário fica em quarto lugar para o próprio funcionário?, avaliou o especialista. De olho nisso, ele elencou cinco estratégias para aumentar o engajamento dos funcionários no varejo e impedir que este ativo se deprecie ao longo do tempo.
1. Entenda a sua empresa
Conhecer a empresa não é saber onde ela fica ou o que ela produz, é olhar, segundo o especialista, no propósito que ela entrega, para além do que está escrito na cartilha. ?O que O Boticário entrega? Não são produtos de beleza? A marca tem a missão de aumentar a autoestima?, exemplifica Marchi. Entender o que está por trás do negócio é fundamental para incutir esta mesma missão entre o quadro de funcionários.
2. Dissemine a cultura
Uma vez entendida a missão, os valores e os propósitos da empresa, diga em alto e bom som. Todos os funcionários, de todos os níveis, de todos os braços de negócios, devem saber essas informações. Eles precisam conhecer o motivo de estarem ali. Sem isso, não tem como engajar.
3. Traga as pessoas corretas
Encontrar profissionais que acreditam nas missões e valores da empresa é fundamental no processo de engajamento. Se for real para o funcionário, será real para o cliente final.
4. Mostre o que você quer
Não adianta ter as pessoas certas se elas não sabem o papel que precisam desempenhar. Dizer desde o início o que a empresa espera dela é importante para que ela tenha uma meta informal na cabeça ? daquelas metas que o fazem levantar da cama todos os dias.
5. Desenvolva
Dê as ferramentas para que o funcionário consiga perceber a meta dele e, por consequência, da empresa, seja em treinamentos ou acompanhamentos constantes.
6. Avalie
Dizer se o funcionário está no caminho certo, se está alinhado ao que lhe foi passado no começo e, principalmente, à cultura da empresa, é fundamental para gerar relacionamento. Aqui, não vale apenas criticar negativamente ou supervalorizar o funcionário. É preciso dar-lhe direção e um feedback real, com o intuito de desenvolvê-lo.
Com tudo isso bem feito, fica mais fácil engajar o funcionário. ?Se ele entende o propósito da empresa e vê que é o mesmo propósito dele, ele engaja e se mobiliza em prol desta mesma missão. E ele começa a enxergar que a empresa não é apenas uma fonte de renda, mas um objetivo de vida?, diz Marchi.
Confira na próxima edição de NOVAREJO, as principais ações das varejistas que figuraram na lista nacional das Melhores Empresas para se Trabalhar GPTW 2014. E na edição número 38 da revista, veja quem são As Melhores Empresas para se Trabalhar NOVAREJO 2014, prêmio concedido aos varejistas que têm as melhores ações de RH, segundo pesquisa exclusiva do Great Place To Work (GPTW), em parceria com NOVAREJO. Esta é a primeira lista do setor de varejo feita pelo GPTW no mundo.
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