Pesquisa realizada pela Michael Page no início de julho mostra os principais motivos que causam insatisfação nos profissionais de grandes organizações. Entre eles, a má gestão está em primeiro lugar (21%), seguida de falta de reconhecimento e de feedback, cada um com 12%.
Há um contingente significativo de funcionários que pedem demissão para trocar de chefe; não de empresa. Uma análise qualitativa do Great Place to Work® aponta que gestores frequentemente destroem o sentimento de significado no trabalho; muitas vezes, sem perceber. Essa análise indica alguns comportamentos que devem ser evitados para que os líderes não causem a demissão voluntária de profissionais essenciais ao bom desempenho das organizações.
Segundo Ruy Shiozawa, CEO do Great Place to Work® Brasil, a principal função do líder é cuidar das pessoas. ?Uma boa liderança é bem rara nas empresas. Um estudo global revela que 75% das empresas apontaram que a construção do talento de liderança é o maior desafio que enfrentam. Isso ocorre porque muitos líderes simplesmente não sabem qual é a sua verdadeira função em um cenário em que o aprendizado é focado em conhecimentos técnicos e especializados. Os líderes não sabem ? e não se preparam ? para aquela que é a sua principal função: cuidar das pessoas; focar no aspecto humano nas relações de trabalho?, afirma o especialista. Shiozawa acrescenta que os líderes precisam ser capazes de comunicar claramente qual é a missão da empresa e como o trabalho de cada membro da equipe é importante para caminhar nessa direção.
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A vanguarda da gestão empresarial reconhece que um modelo que tem como pilar central o investimento em pessoas é parte importante da estratégia do negócio. Ruy Shiozawa aponta quais comportamentos devem ser evitados pelos gestores.
1. Sinais de mediocridade
Nobres propósitos e altas expectativas costumam permear as missões, mas poucas empresas estão ativamente trabalhando para tornar a missão realidade. Um exemplo é a palavra inovação ? muito usada pelas empresas. Mas para inovar, é preciso correr riscos, ainda que calculados. A liderança está disposta a correr esses riscos? Se não estiver, melhor não falar sobre o assunto. A incoerência entre teoria e prática pode tirar todo o propósito do trabalho.
2. Déficit de atenção estratégico
O gestor deve estar atento a fatores internos e externos que podem afetar a empresa. Um comportamento recorrente é o abandono de projetos ? aqueles que não são finalizados e que não têm tempo para alcançar a maturidade. Esse comportamento é típico de gestores que trocam constantemente de estratégia ou toda semana aparecem com uma nova solução ? que será abandonada rapidamente. Esse comportamento passa a impressão ao funcionário de que a liderança não sabe qual é a estratégia da companhia; que não há continuidade ou objetivo bem definido.
3. Falta de coordenação
Os gestores ?falam a mesma língua? que os funcionários? Cada departamento age como acredita ser melhor sem conexão com a estratégia e a missão da organização? Esse comportamento destrutivo da liderança leva a qualidade dos produtos/serviços a degringolar. O funcionário passa a duvidar que algo vá mudar; perde o orgulho pelo trabalho realizado. O ambiente de trabalho torna-se ?aquele lugar que eu vou porque preciso pagar as minhas contas?.
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