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1+2 = BLUE: A CIÊNCIA DAS CORES NO CINEMA

1+2 = BLUE: A CIÊNCIA DAS CORES NO CINEMA

Como o nosso cérebro age perante as cores? E as telas influenciam alguma coisa em relação a isso? Painel no SXSW debate o tema

Austin, Texas, EUA – “Toda cor é uma ilusão. A cor que nossos olhos veem nunca é a real. Quem enxerga a cor como ela é e atribui sentido a ela é o cérebro”. Bevil Conway, professor associado de neurociência do MIT foi incisivo: estamos descobrindo realmente como a cor nos influencia. Ele foi um dos palestrantes do painel interativo “1+2=Blue: a ciência das cores no cinema”, que contou ainda com a presença de Rama Allen, diretor executivo de criação da produtora The Mill, e Mikey Rossiter, colorista da mesma The Mill. Um painel para fazer a alegria de geeks e cinéfilos.

Um momento: um cineasta, um neurocientista e um colorista juntos? Não só. Na plateia do SXSW, uma pessoa participando de uma experiência, ligada a biossensores, entregando dados ao vivo, visualizações do corpo e da mente.

Aqui é possível ver em tempo real o cérebro do espectador conectado aos biossensores (Foto: Jacques Meir)

Como a cor nos afeta? E como cineastas usam a cor para alterar a nossa percepção, emoção e cognição? Rama Allen, cineasta, falou sobre a influência da cor em seu trabalho e no de outros cineastas. Bevil falou sobre a ciência das cores e como a psicofísica visual impacta artistas e audiências. E Mikey Rossiter compartilhou sua perspectiva como artista e forneceu insights sobre seu processo criativo enquanto monitorava o corajoso espectador ligado aos sensores.

Bevil Conway iniciou sua exposição destacando como as cores afetam as percepções. Isso porque a produção da arte é um foco de experiências para ele. Segundo o neurocientista, a cor é um processo extraordinário que ajuda a entender como nossas mentes trabalham. Nosso cérebro corrige e interpreta corretamente as cores que vemos. Monet foi um pintor que intuitivamente percebeu essa dinâmica e dedicou-se a enxergar a luz.

Mas a luz e as cores percebidas diante da luz são enganadoras. Ou seja, há viés de cor. Por isso, é necessário compreender como a cor é percebida na mente. O cérebro é nossa máquina de cor. É lá que a cor acontece e não no olho.  E a neurociência é válida para esclarecer o que a cor significa em nossas vidas.

Nesse momento, Conway afirmou: “toda cor é uma ilusão. Nos faz sentir. Desperta reações químicas. De que cores gostamos mais? Gostamos de cores que simbolizam a natureza: azuis e laranjas”. Sim, leitores, vocês pensaram no Itaú?

Cineastas assinam com as cores

Mikey fala de Blade Runner. Juntamente com Rama, a apresentação mostra como cineastas diversos utilizam estilos de cores distintas. A plateia, ligada a fones de ouvidos, vê transições de imagens de um cineasta para outro, como diversos frames de filmes diferentes e consegue perceber facilmente esse estilo dos diretores. Via de regra, cineastas sabem que gostamos de azuis e laranjas, porque essas cores compõem lindos cenários, o raiar do dia, o sol refletindo em paisagens naturais. Até que Ridley Scott, com Blade Runer subverteu essa ordem. Ele trabalhou azuis com cinzas e tons escuros. E desde ontem, sempre usa tons de grafite em seus filmes.

Rama mostra diversos ensaios de cenas dos primórdios do cinema submetidos à coloração para que possamos entender como as cores mudam o sentido original que se quis mostrar. A história da aplicação das cores passa pela compreensão de como nosso olho combina as cores primárias vermelha, verde e azul. E Mikey complementa: “não há limites para o que as cores podem ser. A solução é: como capturar a cor pela câmera?”

Rama, Conway e Mikey mostram então como os cineastas criam “assinaturas com as cores”.  David Lynch, do perturbador “Veludo Azul”, usa as cores para criar borrões, cores fortes, para gerar confusão.

Fassbinder, cineasta alemão, usa cores com choques de luz, pesadas, para mostrar sua visão de mundo intensa. Já Tarantino prefere usar muitos contrastes e uma estética “gasta”, para remeter aos filmes que o definiram e inspiraram. Suas cores são homenagens. Os irmãos Wachowski, de Matrix, usam uma paleta de cores que se baseia em graphic novels, tonalidades que lembram o nanquim e o lápis para que possam “congelar” a tela.

Kubrick ama os vermelhos. Sempre há elementos em vermelho em seus protagonistas. Vermelho significa perigo, guerra, ruindade, morte, sangue. Ele sempre amplifica a cena na presença do vermelho.

E quando falamos em amarelo e vermelho? Contextos românticos. Vermelho significa paixão e intimidade. Com amarelo, delicadeza, cordialidade.

Podemos modificar emoções a partir do contexto em que se produzem cenas. Cores modelam o que podemos esperar de marcas e de situações.

A função do colorista

E a carreira de colorista? Para que serve essa especialidade no cinema de hoje? Para Mikey, há muitos paralelos em colorir com tocar música. Ele pensou em ser músico e, por isso, viu na coloração um processo similar de criação.

Qual é a relação do colorista com o diretor de cinema para a entrega do produto filme? Mikey fala, enquanto mostra como o espectador reage à mesma cena colorida de formas diferentes (aliás, impressionante verificar como o cérebro reage e interpreta as cores): “Eu tento traduzir a linguagem que o diretor quer utilizar em sua obra. Eu sei que vemos a mesma cena de modos diferentes. Eu sou simplesmente tradutor. Quero dar a ele o que quer e não o que ele fala”.

O painel então caminhou para o final, enfocando a diferença substancial entre as cores que existem na realidade e aquelas que são “criadas” no cinema e nas artes. Há maneiras diferentes em que uma máquina e um homem “veem” o mundo. Nos filmes, então, a realidade é estilizada, justamente porque a cor está a serviço de um propósito, de uma história. O trabalho do colorista é imprimir esse propósito no cérebro da audiência”.

*Jacques Meir é Diretor de Conhecimento e Plataformas de Conteúdo do Grupo Padrão

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