Em um momento de crise econômica profunda no Brasil, com o aumento do desemprego, inflação elevada e juros astronômicos, é preciso manter o controle sobre as finanças pessoais. Colocar tudo na ponta do lápis pode ajudar a entender o tamanho dos gastos. Assim, é possível identificar onde está o excesso e o que pode ser cortado do orçamento.
Mesmo com as contas enxutas, gastando só com as necessidades básicas, já não está fácil para a maioria dos brasileiros. No entanto, a necessidade (na crise), pode ser uma boa oportunidade de aprender a se organizar para sair do vermelho e não voltar mais.
Confira abaixo, os 10 passos que o educador financeiro Reinaldo Domingos, presidente da Associação Brasileira de Educadores Financeiros (Abefin) e da DSOP Educação Financeira, listou para nos ajudar a sair do sufoco.
1 – Para organizar as finanças em tempos de crise é preciso conhecer a sua verdadeira situação. Pode parecer estranho, mas muitas pessoas não sabem exatamente o quanto ganham. Portanto, o primeiro passo é tomar consciência de qual valor dispõe mensalmente. Não considere sua renda bruta, e sim a líquida, após serem feitos os descontos.
2 – O segundo passo é saber de que forma você gasta seu dinheiro. O diagnóstico financeiro é o método que te ajudará nessa etapa: anote durante trinta dias todos os seus gastos, separando por tipo de despesas – incluindo as pequenas, como guloseimas e gorjetas. No final do período, você conhecerá seus hábitos de consumo e saberá em quais pontos pode melhorar.
3 – Se estiver com dificuldade em honrar seus compromissos financeiros, faça um levantamento de suas dívidas. Considere o saldo devedor, a quantidade de parcelas e os juros aplicados. Relacione todas, mas priorize as essenciais, que correspondem a produtos e serviços indispensáveis (como aluguel, energia e água) e também as de maiores juros, como cartão de crédito e cheque especial.
4 – De nada adianta conhecer a sua situação financeira atual, se você não pensar no futuro. Por isso, estabeleça sonhos que deseja realizar. Pense em tudo o que gostaria de conquistar, incluindo sair das dívidas, e defina pelo menos três sonhos: de curto prazo (a ser realizado em até um ano), médio (entre um e 10 anos) e longo prazo (após 10 anos).
5 – Ao estabelecer os sonhos, pense no padrão de vida que deseja ter quando se aposentar. Nesse período de instabilidade econômica, é muito importante se organizar para não precisar continuar trabalhando ou dependendo de ajuda de familiares. Sabemos que o salário do INSS pode não ser suficiente, por isso, sugiro que estabeleça como sonho de longo prazo a conquista de sua independência financeira.
6 – Procure saber quanto custa realizar cada um desses sonhos. Orce e veja o quanto será necessário poupar mensalmente para conquistar no tempo desejado. Tendo consciência dos gastos cotidianos que pode reduzir ou eliminar, e tendo vivos na mente e no coração os sonhos que deseja realizar, você será capaz de poupar.
7 – Lide com o seu dinheiro de uma forma diferente: priorize os seus sonhos frente ao consumo. Muitas pessoas deixam para poupar apenas se sobrar dinheiro no final do mês. Portanto, aja de forma diferente, quando receber seus rendimentos, reserve primeiro o valor previsto para conquistar os seus objetivos.
8 – Invista o valor poupado em modalidades de investimentos adequadas ao período de realização do sonho. Em curto prazo, a poupança é bastante indicada. Em médio, considere CDBs, títulos do tesouro direto e fundos de investimento. Em longo prazo, os planos de previdência privada são bastante adequados.
9 – Ao fazer compras, considere a forma de pagamento mais adequada para a sua situação. Caso opte por pagar à vista, peça descontos e considere se o valor não fará falta, caso passe por uma emergência. Caso prefira pagar a prazo, pense sobre o impacto de comprometer a sua renda por diversos meses e pondere se vale a pena arcar com os juros.
10 – Antes de fazer qualquer compra, pergunte-se: preciso mesmo desse produto/serviço? Se não comprar agora, o que acontecerá? Estou comprando por que quero, ou por influência de outra pessoa, de uma propaganda ou movida por baixa autoestima? Essas questões evitam o consumo desenfreado e impensado, que pode levar ao comprometimento de sua saúde financeira.