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Brasil com ou sem X?

Brasil com ou sem X?

Na tarde do dia 8 de outubro, o STF liberou o retorna da operação do X no Brasil. Nesse meio tempo, novas redes sociais ocuparam o vácuo deixado pela plataforma, e tensões ainda precisam ser dissolvidas.

A transição do Twitter para X, sob a liderança de Elon Musk, trouxe uma série de mudanças que desagradaram muitos usuários. Com modificações nas políticas de conteúdo, funcionalidades e usabilidade, a migração de usuários para outras redes sociais foi inevitável.

Mais tarde, com o bloqueio do X no Brasil no final de agosto, após ordem do Supremo Tribunal Federal devido a não cumprimento de requisitos e obrigações legais da organização no país, o vácuo deixado pela rede social deu um impulso ainda mais intenso para a adoção de novas plataformas.

Nesse novo cenário, algumas redes sociais emergiram como principais concorrentes, ganhando uma base sólida de seguidores e altas taxas de engajamento. São funcionalidades similares às do ex-Twitter, que estimulam conversas por textos, imagens e vídeos e o compartilhamento de conteúdo.

Agora, o X voltou a operar no Brasil, após liberação do STF na tarde do dia 8 de outubro.

Confira as plataformas que, agora, convivem junto ao X entre os usuários brasileiros!

1. Threads: o competidor direto liderado pelo Meta

Threads, lançado pela Meta (empresa controladora do Facebook e Instagram), rapidamente se posicionou como um concorrente direto ao X. Integrado ao Instagram, o Threads aproveitou sua gigantesca base de usuários para atrair milhões de adesões logo nos primeiros dias.

De acordo com dados recentes, Threads alcançou mais de 100 milhões de contas em poucos dias, mas o desafio tem sido manter o engajamento desses usuários. Ao permitir conversas em formato de texto, semelhantes ao Twitter, Threads tem como diferencial a integração com o Instagram, o que facilita a migração de seguidores.

No entanto, o engajamento contínuo tem sido um desafio, com muitos usuários retornando ao X ou buscando outras plataformas. O futuro do Threads depende da sua capacidade de inovar e reter a atenção dos usuários, que frequentemente buscam redes sociais mais dinâmicas.

2. Mastodon: a rede descentralizada

Embora o Mastodon tenha sido lançado em 2016, foi com as mudanças no X que a plataforma viu um aumento exponencial de novos usuários. Baseado em uma arquitetura descentralizada, o Mastodon permite que diferentes comunidades (conhecidas como “servidores” ou “instâncias”) controlem suas próprias regras, oferecendo uma alternativa mais livre e personalizada ao X.

Com mais de 10 milhões de usuários em crescimento constante, o Mastodon se consolidou como um refúgio para quem busca interações mais autênticas e longe das políticas centralizadas de plataformas maiores.

Sua estrutura descentralizada e a possibilidade de criar servidores específicos tornaram o Mastodon uma escolha popular entre jornalistas, programadores, e ativistas que se preocupam com privacidade e moderação comunitária.

3. Bluesky: a visão de Jack Dorsey

Fundado por Jack Dorsey, ex-CEO do Twitter, o Bluesky tem como proposta oferecer uma experiência descentralizada, onde os usuários têm mais controle sobre seus dados e o conteúdo que consomem. O projeto, inicialmente financiado enquanto Dorsey ainda estava no comando do Twitter, foi acelerado após as mudanças no X.

Com um sistema ainda em fase beta e acesso limitado por convites, o Bluesky ganhou tração ao ser visto como uma alternativa mais leve e focada em privacidade e controle descentralizado.

Embora não tenha uma base de usuários tão grande quanto Threads ou Mastodon, o engajamento da comunidade é significativo, especialmente entre influenciadores, jornalistas e especialistas em tecnologia. As expectativas de crescimento permanecem altas à medida que a plataforma expande o acesso.

4. Substack Notes: para escritores

O Substack Notes surgiu como uma extensão da popular plataforma de newsletters Substack, oferecendo uma nova forma para escritores e criadores de conteúdo interagirem diretamente com seus seguidores em um formato semelhante ao X.

O Substack, já conhecido por fomentar comunidades em torno de newsletters pagas, aproveitou o êxodo do X para atrair jornalistas, escritores e pensadores que buscam conversas mais profundas e com menos ruído.

Oferece uma vantagem competitiva importante: a monetização. Criadores podem ganhar dinheiro diretamente por meio de assinaturas pagas, e isso tem gerado engajamento constante e leal.

A plataforma está em crescimento constante, consolidando-se como um espaço de discussões mais longas e focadas, em comparação com outras plataformas sociais.

As causas do cenário de instabilidade no X

A transição do Twitter para X marcou o início de uma nova era para as redes sociais. Enquanto algumas plataformas tradicionais lutam para se adaptar, outras redes emergentes estão ganhando espaço ao oferecer alternativas que se alinham melhor às demandas dos usuários, como maior controle, descentralização e novas formas de monetização.

Entre Threads, Mastodon, Bluesky e Substack Notes, as opções estão mais variadas do que nunca, permitindo que os usuários escolham onde querem se engajar de acordo com seus valores e interesses.

Essas plataformas continuarão disputando espaço e audiência, mas o cenário sugere que o poder agora está nas mãos dos usuários, que buscam experiências mais autênticas, personalizadas e controladas.

No dia 8/10, o Supremo Tribunal Federal voltou a liberar a operação do X no país depois que a plataforma voltou a cumprir com as suas obrigações legais – após muita resistência por parte de seu CEO, e até as multas pagas para a chave de Pix errada. Os usuários celebraram a volta da rede social, mas ainda é incerto se os pontos de tensão foram dissolvidos ou se persistem.

Vários pontos geraram essa tensão:

Desinformação e discurso de ódio

O governo brasileiro, especialmente após a eleição presidencial de 2022, intensificou os esforços para combater a disseminação de desinformação e discurso de ódio nas redes sociais.

O X foi alvo de críticas por supostamente não agir de maneira eficaz para moderar esse tipo de conteúdo. Com as mudanças na política de moderação de conteúdos após a aquisição por Musk, surgiram preocupações de que o X estaria sendo mais permissivo com postagens consideradas prejudiciais.

Conflito com a legislação brasileira

A Lei Brasileira de “Fake News” (PL 2630) busca regular a disseminação de informações falsas nas plataformas digitais. No entanto, as empresas de redes sociais, incluindo o X, enfrentam desafios para se adaptar a essas regras.

A falta de cooperação em relação às regulamentações brasileiras de combate à desinformação poderia levar a penalidades severas ou até à suspensão de operações.

Questões com moderação de conteúdo

A moderação de conteúdo se tornou um ponto crítico nas tensões entre o X e o Brasil. Autoridades afirmaram que o X estava permitindo uma quantidade excessiva de discurso de ódio e desinformação, violando as leis locais.

Houve momentos em que a justiça brasileira ordenou que o X removesse conteúdos específicos, com ameaças de sanções caso não fosse cumprido.

Postura de Elon Musk

Musk tem criticado publicamente as iniciativas governamentais de regulamentação de redes sociais, tanto no Brasil quanto em outros países.

Seu compromisso com a liberdade de expressão irrestrita, incluindo para conteúdos polêmicos, gerou atrito com governos que buscam conter a desinformação on-line. Sua postura em relação à moderação de conteúdo foi vista como um obstáculo ao cumprimento das leis brasileiras.

E agora?

O retorno da plataforma pode ser visto como um interesse do X em atender às expectativas de seus usuários, consolidar sua presença no Brasil e gerar negócios no país.

Mas ainda há tensões entre a plataforma e o governo brasileiro, especialmente em torno de questões relacionadas à moderação de conteúdo e conformidade com as leis nacionais. Nos próximos capítulos, será possível acompanhar até que ponto o X construirá uma relação harmônica com a Justiça brasileira.

*Imagem gerada com DALL·E.

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