Se você é como eu, provavelmente não conta os passos necessários para chegar da porta da sala até a porta do seu quarto ou até a cozinha. Não é comum, ainda, que pensemos o quão inacessível aquele café que gostamos pode ser para uma pessoa com deficiência. Isso porque, em vários aspectos, nós não temos o hábito de nos colocar em situações que não são do nosso cotidiano.
Para Jason da Silva, prestar atenção na acessibilidade dos lugares tornou-se praxe aos 25 anos, quando ele foi diagnosticado com esclerose múltipla. Cineasta, ele já teve suas obras veiculadas na HBO e no PBS. Hoje ele utiliza uma scooter para se locomover. Foi a perda da mobilidade que fez com que ele tivesse consciência da diferença entre lugares acessíveis e inacessíveis.
Situações rotineiras como pegar o metrô e ir aos lugares favoritos com os amigos tornaram-se impossíveis. Jason fez um documentário, ?When I Walk?, disponível no Netflix, sobre sua luta pessoal contra a doença e a perda gradual da mobilidade.
Na busca por fazer mais do que documentar os desafios que encarou, Jason resolveu colocar em prática, nos Estados Unidos, ações que tornassem mais fácil a locomoção de pessoas com deficiência. Assim, ele e sua esposa, Alice Cook criaram o AXSmap, um mapa colaborativo para avaliar empresas com relação às suas acessibilidades.
?Quando Jason perdeu a habilidade de andar perdeu a habilidade de ir a vários lugares?, comentou Alice. ?E ele teve a ideia de que seria ótimo se as pessoas pudessem saber se o lugar é acessível antes de ir até lá?.
O AXSmap funciona tanto como um diretório de lugares acessíveis como uma maneira das pessoas comentarem sobre esse locais. Os usuários podem avaliar as localizações em uma série de métricas fáceis de entender como quão acessíveis são as portas de entrada e do banheiro, o número de passos para a porta da frente, se é autorizada a entrada e permanência de cão-guia, quão silencioso o local é, entre outras coisas.
As informações do aplicativo existem para pessoas com qualquer tipo de deficiência, seja ela ligada a mobilidade, visão ou audição. ?Nós quisemos que os comentários fossem realmente simples e algo que qualquer um pode fazer?, conta Alice.
Ela disse, ainda, que eles planejam acrescentar funcionalidades sociais no app. Uma pessoa que utiliza cadeira de rodas elétrica, por exemplo, tem uma experiência diferente no mundo quando comparada a uma pessoa com uma cadeira de rodas comum. Então, se uma pessoa seguir outra com deficiência semelhante a dela no AXSmap, ela, possivelmente, saberá exatamente como o outro experimentou o local.
Confira no vídeo abaixo como funciona o app.
Regulamente a comunidade do app se reuni para avaliarem, juntas, os locais que visitaram. Você pode ver os lugares analisados em AXSmap.com ou usando os aplicativos iOS ou Android.
Fonte: Fast Company.
Leia mais:
Mobilidade: a responsabilidade é pública, privada e do cidadão
O que você faz pela mobilidade ao seu redor?
Aplicativo Trafi Brasil auxilia na mobilidade urbana