Mas o que exatamente é Colette? É difícil dizer. É a primeira loja-conceito de Paris e certamente, mesmo depois de quase duas décadas, continua com a posição de mais cool da cidade. O que mais me admira nessa operação não são os produtos ou marcas que fazem parte do seu portfólio, mas a rapidez com que consegue assimilar e perceber pequenos movimentos e alterações no comportamento de consumo numa reinvenção diária e constante. Por isso é quase impossível dar uma descrição da loja que seja válida amanhã.
O mix de marcas e produtos é surpreendentemente cool: telefones celulares ou vestidos, tênis ou sapatos de salto alto, joias ou bijuterias, que vão desde a mais nova it-bag a um pequeno bichinho de plástico daqueles que você certamente tinha quando era pequeno, mas quando colocado naquele conceito se torna a lembrança perfeita para o amigo descolado.
A loja que ocupa o número 213 da Rue du Faubourg Saint-Honoré surgiu em 1997, quando Colette Rouseaux e sua filha Sarah Lerfel decidiram arriscar num novo conceito de loja, que pudesse reunir mais do que roupas. Nessas quase duas décadas a Colette tornou-se quase que o Midas do cool, tudo o que tocam instantaneamente transforma-se em referência e se torna especial. Da água aos bichinhos de plástico made in China, a operação se tornou uma vitrine de branding e posicionamento de marca.
Colette Rouseaux pratica para si a mesma política que definiu para a sua loja: raramente dá entrevistas à imprensa e apenas algumas poucas fotos estão disponíveis on-line. É uma boa estratégia, tanto para a empresa como para o burburinho em torno da fundadora, propor algo difícil de se apossar, quase que uma edição limitada, assim como quase todos os produtos da loja: exclusivos e limitados.
O que me surpreende no caso da Colette são duas coisas principais: a consistência da operação, que consegue se manter atualizada e influenciadora mesmo depois de tanto tempo, num mercado que por si só é volátil; e a facilidade que demonstra possuir em se reinventar constantemente, de forma a sempre preservar a sua essência.
A receita de sucesso rendeu uma série de colaborações com marcas de prestígio, que usam o espaço da 213 da Saint Honoré como vitrine de contato com um segmento de mercado muito rico, composto na sua maioria por trendsetters em seus grupos sociais. A Colette tornou-se numa espécie de chancela do que está dentro ou fora do circuito jovem ? cool. Não apenas isso, a loja criou um segmento de varejo totalmente novo: o de lojas-conceito. Hoje, são inúmeras que tentam recriar o modelo de sucesso da francesa Colette, mas não será tão fácil reproduzir o olhar preciso em reconhecer tendências e aplicá-las com rapidez, o que a loja faz com maestria.
Com certeza é um lugar obrigatório para todos nós que de uma forma ou de outra lidamos com estratégias de varejo, serviços, ponto de venda e equipe. Uma verdadeira inspiração!