No dia a dia, acabo usando bastante Uber – mais do que gostaria, até. Hoje, pela primeira vez, fui indicada pelo algoritmo para um motorista de nota 5.0. Como outros motoristas já me disseram, basta uma nota de quatro estrelas para derrubar a nota de alguém – ou seja, quem tem 5.0 certamente tem uma coleção de cinco estrelas.
O carro 5.0 era um Cobalt. O modelo não é de luxo, mas o serviço e a condição do veículo faziam lembrar o começo do Uber: condições perfeitas, balas, água e, principalmente, motorista educado. A questão é que esses motoristas estão em extinção. Por usar bastante o serviço, vejo de tudo – desde gente que tem um carro caindo aos pedaços até pessoas que parecem nunca ter ouvido falar em água mineral.
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Comentei isso em casa e ouvi o seguinte comentário: “coitado do motorista, às vezes ele está dando o máximo que pode”. De fato, não posso discordar. É indiscutível que muitas pessoas escolheram essa alternativa para não passarem fome durante a crise — e isso é perfeitamente legítimo. Mas, a questão é: onde está o propósito do Uber nisso tudo? Onde está todo o critério que eles afirmam ter (o cuidado com a experiência, por exemplo)?
O motorista 5.0 me fez pensar sobre a concorrência. Ele fez um trabalho ótimo – e recebeu cinco estrelas de novo. Mas andei usando táxi, também, e tive um bom serviço. O Uber chegou desafiando o velho modelo de transporte individual, colocando a questão da concorrência para arrepiar os cabelos de quem presta um serviço terrível.
Hoje, com Uber X e todos os tipos de motoristas dirigindo pela cidade, tenho a impressão de que parte dos taxistas estão aprendendo a prestar um bom serviço, e que as estrelinhas do Uber são cada vez mais relevantes. Ainda bem que temos a concorrência! Quem ganha com isso é principalmente o consumidor.