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3 tendências de IA para um futuro possível, segundo Amy Webb

3 tendências de IA para um futuro possível, segundo Amy Webb

A tecnologia como a conhecemos hoje não é a fronteira final, e sensores e modelos de busca de dados deverão marcar a Geração da Transição.

Para Amy Webb, futurista e fundadora do Future Today Institute, responsável por um dos relatórios de tendências de tecnologia mais esperados anualmente, o Brasil está vivendo no passado – pelo menos em partes. Isso porque as indústrias que mais contribuem para a economia do país são do século passado, em setores como óleo, mineração e agricultura. Apesar de essenciais para a vida em sociedade global, a especialista afirma que a iteração das lideranças as impede de priorizar a inovação que irá disruptar essas indústrias num futuro não tão distante.

Quando o assunto é Inteligência Artificial, ela aponta dois princípios que guiam a tomada de decisão dos gestores de empresas dos mais diferentes setores: medo e FOMO – ou fear of missing out, o medo de ficar de fora.

“Estou assistindo às empresas do século XX não se prepararem para a inovação, com uma abordagem ríspida. Já as crescentes indústrias estão com medo de perderem a onda, tomando decisões de forma rápida demais”, disse Amy Webb durante seu painel na Febraban Tech 2024, realizada em São Paulo. “Esse é o ambiente mais complexo para negócios que eu já vi na minha carreira, e isso é verdade para várias indústrias – incluindo o sistema bancário”.

Superciclo econômico

A complexidade do cenário contemporâneo não se dá por uma única tecnologia. Segundo Webb, cuja equipe do Future Today analisou cruzamentos de uma série de dados, há uma tendência de investimento e desenvolvimento de patentes ao redor do mundo em três principais tecnologias: IA, sensores e biotecnologia.

“Essas tecnologias se sobrepõem”, explica a especialista. “O que achamos mais interessante é que cada uma pode ser considerada uma general purpose technology, ou seja, novos GPTs”.

São tecnologias como a eletricidade, o motor à combustão ou mesmo a internet – inovações que podem ser utilizadas nos mais diversos setores para inúmeras funcionalidades. Consequentemente, seus surgimentos são acompanhados de profundos impactos na economia.

Amy Webb, fundadora do Future Today Institute, no palco da Febraban Tech 2024.

Segundo Webb, essas três tecnologias, juntas, serão responsáveis pelo próximo superciclo econômico, períodos extensos de crescente demanda que eleva preços e assets para patamares sem precedentes. “Não são três ciclos acontecendo ao mesmo tempo, mas um com três tecnologias, algo que acontece pela primeira vez na história. Estamos nos primeiros dias desse movimento que se conecta a todos os aspectos da nossa vida cotidiana. É algo que vai mudar a existência humana, transformando-a de formas incríveis e preocupantes”.

Por isso, Amy Webb utiliza uma nova denominação para se referir ao momento: a Geração T, ou Geração da Transição. “Somos todos parte de uma grande transição, e nossa sociedade será muito diferente depois disso. A pergunta que fica é: que valor você vai gerar para seu negócio durante o superciclo tecnológico?”.

Três tendências emergentes em IA

Para ajudar no entendimento dos futuros cenários à frente das empresas e negócios do sistema bancário, Amy Webb apresentou três tendências de Inteligência Artificial que deverão se concretizar em um futuro próximo.

1. Persistent Assistance

    Hoje, a Inteligência Artificial generativa demonstra um potencial gigante na automação de tarefas, busca e cruzamento profundos de informações e dados a velocidades inéditas. No entanto, ainda se resume a um potencial a ser realizado. Segundo Webb, em grande parte, as ferramentas de IA generativa dependem de comandos detalhados e repetitivos, e que mesmo assim geram respostas um tanto genéricas – às vezes, baseadas em poucas fontes disponíveis na internet.

    No entanto, com o uso de Retrieval Augmented Generation (RAG), a linguagem natural da IA generativa pode ser potencializada com o preenchimento de dados extras. Trata-se de uma abordagem híbrida que combina técnicas de recuperação de informações (retrieval) com geração de texto por modelos de linguagem.

    Em um exemplo prático, bancos poderiam utilizar dados privados e individuais a partir dos smartphones de clientes, armazenando-os localmente. Além de oferecer maior assertividade e personalização no atendimento, o cliente também se sentirá mais seguro em relação à privacidade de seus dados pessoais.

    2. Embedded AI

    Amy Webb apontou um outro desafio da IA generativa: seu treinamento. Uma vez que é feito de forma online, não é possível interagir com os usuários ao longo do processo. Com um mundo dinâmico e em constante transformação, os dados ficam rapidamente ultrapassados. “Uma vez que ainda não criamos um modelo do mundo real, não precisamos de mais dados, mas sim de mais tipos de dados”, ela argumentou.

    Por isso, aponta que os grandes modelos de linguagem não serão mais suficientes para suprir a demanda por IA generativa. O que entra em cena são os chamados large action models que, mais do que oferecer informações, irão prever o virá a seguir e conseguirão executar tarefas ainda mais complexas.

    Junto a isso, chegam os sensores como essa conexão mais direta entre a tecnologia e o mundo real. É a ideia dos connectables, ou conectáveis, uma rede de dispositivos interconectados que se comunicam e trocam dados para facilitar e abastecer o avanço da Inteligência Artificial.

    A ideia não é tão nova quanto pode parecer. Em 2010, a Microsoft lançou o projeto Skinput, no qual um dispositivo vestível usava a superfície da pele humana do usuário para projetar imagens, como telas de um smartphone. Segundo Webb e o Future Today Institute, a realidade hoje é essa: dispositivos que podem ser utilizados como uma peça de roupa ou acessório com capacidades de dados limitadas.

    No entanto, um futuro possível é que o conceito se amplie e amadureça, com sensores que consomem e interpretam dados em escala para uso em tempo real.

    3. Software On Demand

    A terceira tendência apresentada por Amy Webb no palco principal da Febraban Tech 2024 é parecida com a ideia de um software generativo. Ou seja, um recurso que pode ser usado para diferentes funções a qualquer momento. Essa não é a realidade das empresas hoje, que muitas vezes utilizam os mesmos softwares há anos como parte de um legado das diferentes áreas. Mudar essas ferramentas para novas soluções é uma tarefa que pode levar meses e até anos.

    “Somos forçados a usar sistemas, o que significa que não conseguimos usar sistemas que queremos e, assim, não conseguimos agir rapidamente”, explica Webb. Por isso, a tendência é de softwares que podem ser acessados quando, como e onde a empresa quiser – ou seja, softwares sob demanda. Segundo Webb, “90% dos softwares que você usará nos próximos cinco anos ainda não foram escritos”.

    Pensando em cenários

    Imaginar cenários futuros, segundo Webb, se trata de uma extrapolação do que está por vir, e não necessariamente uma previsão específica. O objetivo, portanto, é estar preparado para qualquer coisa, e não para tudo.

    Seguindo um cenário mais otimista e as tendências listadas durante sua fala, Amy Webb cantou a bola: em 2028, por causa da Persistent Assistance, será extremamente fácil para os brasileiros se tornarem bancarizados e terem relacionamentos positivos com suas instituições. Além disso, bancos vão alocar cada vez mais capital para testar modelos de IA avançados, em uma nova era de transformação. “Em 2028, precisaremos de pessoas com conhecimento técnico e de empresas para construir as ferramentas de fintech que os bancos precisam”, afirma.

    Em um cenário catastrófico, a possível realidade é uma jornada bancária frustrante, com IAs irritantes que não entendem as demandas dos clientes, além de sistemas que não funcionam corretamente e modelos de prevenção de risco falhos.

    “O futuro ainda não foi decidido, e eu vejo as possibilidades. O futuro não nos é revelado, é resultado das nossas decisões todos os dias”.

    *Foto: Duas Fotógrafas/Febraban Tech 2024.

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