A tecnologia é um dos principais motores de mudança e inovação da sociedade e cada vez que uma nova descoberta tecnológica surge, inúmeras possibilidades surgem com ela. Com tamanho potencial, é de esperar que as empresas tenham que se adaptar cada vez mais rápido às novidades. Porém, mais do que apenas se ajustar às mudanças, saber utilizar essas inovações a favor da companhia é ainda mais importante.
“A inevitável integração entre os negócios e a tecnologia acontece na medida em que o avanço tecnológico tem que ser considerado com mais profundidade no planejamento estratégico”, afirma Vivaldo Beternitz doutor em ciências na Universidade de São Paulo (USP), consultor e diretor do Fórum Brasileiro de Internet das Coisas.
Ou seja, com a presença cada vez mais forte das tecnologias nos diversos setores da vida e, inclusive, no mundo empresarial, o caminho tornou-se de mão dupla: as tecnologias auxiliam a estratégia organizacional e essa, por sua vez, precisa ser feita levando em consideração também essas tecnologias e seus avanços.
Além disso, Vivaldo Breternitz coloca como grande característica desta integração a rapidez com que ela ocorre: “o planejamento estratégico não pode mais ficar amarrado, em ciclos quinquenais, por exemplo, que iam sendo atualizados na medida do possível. A ideia é fazer ciclos mais curtos de planejamento, principalmente no que diz respeito à tecnologia da informação”.
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A estratégia organizacional hoje
Se antes a estratégia organizacional de uma empresa era feita a partir do conhecimento técnico dos colaboradores e com a análise de dados passados, hoje a tecnologia permite que os negócios tenham informações muito mais aprofundadas do cenário geral e específico de sua atuação, contribuindo até mesmo com projeções sobre o que esperar do futuro.
“O uso de dados é um fator novo que está ganhando uma intensidade muito grande. Existem hoje organizações que são chamadas inclusive de data driven, que usam dados para planejar todos os seus próximos passos”, fala o diretor do Fórum Brasileiro de Internet das Coisas.
Assim, se o que é preciso são ciclos ágeis de planejamento e que ocorrem com maior frequência, o uso de dados se torna essencial para garantir resultados igualmente rápidos. Até por isso, as inovações tecnológicas se tornaram grandes viabilizadoras de negócios e estratégias, algo que é visto como tendência 2022 no mundo corporativo.
Neste contexto, Vivaldo Breternitz destaca os aplicativos, como Facebook e Instagram, que estão presentes no dia a dia de todos e coletam dados dos consumidores em troca do fornecimento do serviço gratuito. A lição para as empresas é que todo tipo de dado das pessoas importa: onde vão, o que curtem, o que consomem, preferências, etc.
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O uso das tecnologias na prática
Investir sempre em inovação é o desejo de grande parte dos gestores, mas nem sempre isso é possível. Por isso, entender as tecnologias, reconhecer o potencial de cada uma delas e enxergar suas funções dentro de uma empresa (seja para montar uma estratégia ou não), é um passo considerado essencial pelo consultor.
“Ela tem que acompanhar o mercado de tecnologia e sua evolução e ir adotando aquilo que pode auxiliá-la em seus negócios. Mas é preciso cuidado com o entusiasmo! Muitas empresas simplesmente aderem ou adquirem novas tecnologias que parecem ser as alavancas e acabam gastando dinheiro com coisas que não se mostram efetivamente úteis”
Com a exigência desta expertise tecnológica dentro dos negócios, não é à toa que profissionais da área têm se destacado nas corporações. Um exemplo da convergência foi a entrada de Thiago Maffra como CEO da XP Inc. O profissional, que é responsável pelas principais decisões de negócios da empresa de gestão de investimentos, esteve por quase três anos à frente do seu setor de tecnologia.
Outro dado que reforça a tendência vem de uma pesquisa do Deloitte – Wall Street Journal Intelligence, que mostrou que 40% dos CEOs disseram que seu CIO ou líder de tecnologia será o principal impulsionador da estratégia de negócios, mais do que todos os outros setores combinados.
Possibilidades tecnológicas para as empresas
Hoje, existem centenas de possibilidades tecnológicas para uma empresa otimizar seu trabalho. Entre as tecnologias mais relevantes, é possível citar a Inteligência Artificial (IA), o 5G e a Internet das Coisas (IoT). Cada uma delas apresenta funções e podem gerar resultados diferentes, por isso é importante avaliar a contribuição real que conseguem trazer para os objetivos da companhia.
O consultor e diretor do Fórum Brasileiro de Internet das Coisas, Vivaldo Breternitz especifica algumas particularidades de cada uma delas para o futuro dos negócios:
Inteligência Artificial:
ela vem ganhando espaço nas empresas na medida que vem sendo utilizada mais intensamente. A preocupação é em relação ao seu mau uso, por isso, espera-se que em breve governos comecem a impor maior controle e restrições para evitar, por exemplo, propagação de deep fakes.
5G:
“existe uma empolgação entre as pessoas físicas sobre ele, mas o maior impacto será nas áreas industriais e comerciais até que ele efetivamente atinja a vida”, fala o especialista, que acredita que o 5G irá revolucionar o mundo empresarial.
Internet das Coisas (IoT):
atrelada à IA e ao 5G, hoje existe uma série de pequenas aplicações sendo feitas em uma etapa de testes. Ou seja, as empresas estão ganhando experiência neste tipo de ferramenta para então começar a implantá-la efetivamente.
Inovação e fator humano no avanço tecnológico nos negócios
Investir em tecnologia é apenas um dos passos para deixar marcas tecnológicas na estratégia organizacional. Para que ela desempenhe um papel realmente importante nos negócios, é preciso ter uma estrutura empresarial que impulsione isso. Para Vivaldo Breternitz, encaixam-se aí duas palavras-chave: inovação e capital humano.
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No entanto, a inovação a qual ele se refere não precisa ser exatamente algo disruptivo ou radicalmente novo. É, sim, necessário ficar alerta às novidades, mas também à possibilidade de pequenas inovações nas operações e negócios do dia a dia. “Tem uma expressão antiga que chama isso de melhoria contínua, que diz que tudo o que você faz pode ser melhorado. Então, inovação não é apenas algo totalmente novo, podem ser coisas pequenas que fazem os negócios avançarem”, comenta.
Ele acredita que incentivar os colaboradores a trazerem estas inovações, recompensando-os pelas ideias, é uma prática que deveria ser retomada no setor corporativo. Afinal, a tecnologia sozinha não irá fazer milagres e o consultor é enfático no exemplo: se o que a empresa tem são processos e produtos ruins e gente mal preparada, não há investimento em tecnologia que possa resolver seus problemas mesmo com alguma estratégia organizacional.
“A empresa deve ficar atenta às tecnologias, mas também planejar constantemente e fazer com que seus funcionários evoluam. É cada vez mais importante que os funcionários consigam executar bem suas funções e tragam inovações. Educação tecnológica com o suporte da tecnologia adequada certamente baliza o caminho para o sucesso da organização”, recomenda.
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