A rede supermercadista Econ acaba de receber um alento em sua grave crise financeira. O juiz Daniel Costa, da 1ª Vara de Falências de São Paulo, aceitou o pedido de recuperação judicial da empresa, que agora tem 60 dias para apresentar uma solução à sua situação econômica.
O escritório de advogados Moraes Junior faz a defesa da companhia. De acordo com a advogada Cybelle Guedes Campos, daqui para frente a rede terá que apresentar aos credores maneiras de pagar suas contas. Deverão entrar em cena parcelamentos, amortizações e pedidos de carência.
A advogada Juliana Alconchel explica que, na prática, a recuperação judicial demonstra que a empresa tem condições de se reerguer e viabilidade econômica para acertar o que deve. O constitucionalista Alexandre Moraes foi nomeado administrador judicial para fiscalizar a regularidade do processo e o cumprimento de prazos. Os imóveis alugados das lojas que foram fechadas já foram entregues às imobiliárias.
As unidades ainda em funcionamento ficam na avenida Duque de Caxias, 325 ? Santa Ifigênia e na rua Major Diogo, 105 ? Bela Vista, na capital paulista. Os acionistas estão tomando as providências para tentar abrir mais duas lojas nos próximos dois meses.
Histórico
O Econ começou suas operações em 1999 com a estratégia ?hard discount?, tendência que surgiu na Europa de focar em lojas de dimensões reduzidas, menor variedade de produtos e baixo investimento estético, tudo para conseguir oferecer o menor preço possível. Nos anos seguintes, conseguiu se expandir e abriu 35 lojas, todas na Grande São Paulo.
No entanto, neste ano as contas entraram no negativo e a rede se desestabilizou completamente, culminando no fechamento de 33 unidades e demissão de 400 de seus 600 funcionários. A demissão dos primeiros 170 empregados, em fevereiro, gerou revolta do Sindicato dos Comerciários de São Paulo, que organizou protesto contra a empresa. O Econ é acusado de não pagar aviso prévio, 13°, FGTS e seguro-desemprego aos ex-funcionários.
O Sindicato também criou perfis no Twitter e Facebook para reunir os empregados demitidos. Na época que a primeira leva de funcionários foi mandada embora, estimativa era que a dívida ultrapassasse R$ 1 milhão (somente em verbas rescisórias, sem contar os fornecedores). A diretoria não divulgou o total de dívidas da rede.
Leia mais:
O buraco negro do varejo
Decidido e cauteloso: Carrefour retoma sua expansão
Fim das lojas Blockbuster sepulta a era da locação de filmes