A internet e os apps mudaram a nossa noção de tempo. Hoje esperar 10 minutos por um táxi pedido pelo aplicativo é uma espera absurda, mas há alguns anos era milagrosamente rápido. É como Luciana Stein, pesquisadora de tendências para América Latina da Trendwatching, exemplica a mudança de comportamento do consumidor.
?Eficiencia dos produtos e serviços alimenta a expectativa por produtos ainda melhores e mais eficientes. hoje temos uma brecha de expectativa entre o que se espera e o que é entregue. Expectativa só cresce, não diminui, explica Luciana?
A grande economia de expectativa é um mercado global e inclui vários segmentos. ? O consumidor tem experiências tão gigantes que compara marcas e categorias diversas?, diz.
Hoje uma empresa concorre com todas as outras, ainda que sejam de outros segmentos. Porque a demora da pizza é comparada à rapidez do táxi, em um varejo fast fashion o cliente quer consultoria como de uma revista de moda e porque a agilidade é cada vez mais fundamental para todos os mercados.
?O consumidor acostuma-se rapido às inovações, mas acompanhá-las, monitorar e organizar em tendênncias é obrigação das empresas e no momento em que as marcas se sintonizam com essas inovações, elas se sintonizam com o espirito do seu tempo?.
Para construir tendências, Luciana afirma que é preciso alimentar de inovações do mundo todo, que brifam inovações, questionam e extraem insights para concluir se dizem respeito às necessidades e desejos do consumidor ou não, a fim de ajudar as empresas a manter essa tal sintonia com seu próprio tempo.
?Consumidores sao complexos nao querem ser classificados facilmente porque não são pessoas fáceis?. Sobre isso, Luciana Stein explica o conceito de pós-demografia, ou seja, padrões de consumo que não são definidos pelos segmentos tradicionais, como idade, sexo, renda, região. Os consumidores em muitos mercados estão fragmentando as convenções e construindo identidades e estilos de vida próprios de maneira muito mais livre. Com isso cresce a necessidade de entender as microdemografias como oportunidades para inovar.
O novo normal
Luciana chama disso de ?o novo normal?. Mas como o varejo entra nessa equação? Um dos exemplos é a ação da Selfridges, com roupas unissex, com estilo sexo neutro, que abriu a porta para discutir o tema da identidade de gênero.
Se por um lado o varejo apenas vende, por outro abre espaço para coisas que não cria, mas enxerga e executa. Uma forma proposta pela pesquisadora de tirar proveito desse cenário é a fertilização demografica, que significa oferecer seu produto para segmentos que não comprariam seus produtos tradicionalmente.
Em outras palavras, suberver a tradição da sua marca, criando extensões para atender outros públicos que nao têm acesso ao seu produto. Como fez a Lululemon, marca de yoga canadense, que criou uma pop up store com roupas para homens para testar esse modelo. O resultado positivo fez com que uma loja direcionada para o público masculino entrasse nos planos.
Status
Pai de todas as tendências, o desejo de reconhecimento de consumidores é universal, embora o que cause isso não seja igual para todos. Antes status era ter carro importado, mas cada vez mais, novos núcleos de status estão emergindo, pessoas querendo ser reconhecidas por outras coisas alem do tradicional. ?Pessoas não querem mais ser reconhecidas pelo que possuem, mas pelas suas atitudes?, exemplifica Stein. ?As pessoas querem empreender, querem ser sustentáveis e generosas, querem histórias mais interessantes e raras. Empreendedores são os novos rock stars e doar tempo e energia é uma forma de mostrar quem você é?.
?Hoje as pessoas não exigem apenas ?Just do it?. Elas exigem ?me ajude a ?just do it??. Ou seja, o papel das marcas evoluiu da inspiração para a capacitação das pessoas?. Luciana Stein.
Para ela, a maior barreira para melhorar somos nós mesmos. Com isso, marcas entram na vida das pessoas e criam maneiras de fazer as pessoas atingirem suas metas. O simbolismo é cada vez mais entrar para ajudar nas mudanças que querem fazer. ?Monitorar tendências e inovações é a melhor maneira para sintonizar, como tendências podem gerar novas visões para o seu negócio. Marcas devem ajudar consumidores a serem quem desejam ser?, finaliza.