Tenho mais CDs – mesmo hoje, em 2016 – do que amigos. Tenho também mais shows assistidos do que amigos e, com certeza, muito mais DVDs do que companhia para o cinema no final de semana. A questão é simples: meus amigos são ótimos, mas só alguns pouquíssimos são melhores do que a música.
A questão aqui, porém, não são os amigos, mas os shows. Carrego um bom histórico: Madonna, Roger Waters, David Gilmour, U2, Paul McCartney etc. Não tenho a menor dúvida de que uma noite ao som dos artistas que amamos vale muito mais do que as grandes, exorbitantes, abusivas e desrespeitosas taxas de conveniência. A experiência faz valer o valor dos ingressos, o lucro absurdo das empresas de cerveja, a luta na compra do ingresso – principalmente pela Tickets for Fun – e a dificuldade para acessar o banheiro dentro dos estádios.
Poderíamos passar dias falando sobre os tais valores. Mas, o tema hoje, é claro, são as pedras que rolaram ontem (24/02) no Estádio do Morumbi. Nunca enlouqueci por causa dos Rolling Stones – até ontem – e nunca havia planejado ir ao show dos caras – até o ano passado.
É bom deixar claro que cheguei ao Morumbi, então, com expectativas altas, mas com referências mais altas ainda – afinal, já vi cair o muro de The Wall, já ouvi a guitarra de David Gilmour e as performances da Madonna.
Os Rolling Stones, porém, em seus tantos anos de música, parceria, criação, inspiração e rock’n’ roll construíram uma história única e chegaram aonde ninguém chegou. Depois de mais de 50 anos de banda, os caras ainda continuam com uma vivacidade incomparável e fazem sentir algo maravilhoso: a vida vale a pena. As vozes da plateia ao som de Miss You, Gimme Shelter, Start Me Up e (I Can’t Get No) Satisfaction provavam que a alegria dos integrantes da banda é contagiante e incomparável.
Foto: Renaud PhilppeMesmo depois de tantos shows, devo admitir: é óbvio que me emocionei mais ao realizar o sonho de ver David Gilmour, Roger Waters e Madonna, que são meus artistas preferidos, mas a energia que senti na apresentação dos Rolling Stones é incomparável. A banda carrega a essência do rock e os músicos transmitem amor pelo que fazem. O show é um espetáculo sem igual e a vida – ah, a vida! – vale a pena.