Todas as camadas da sociedade voltam o olhar para ao Dia Mundial do Meio Ambiente, celebrado em 5/6, uma data importante no calendário que fomenta uma discussão crítica e ativa em relação aos problemas ambientais e preservação dos recursos naturais. No setor aéreo, há uma forte cobrança pelas companhias de aviação se comprometerem com a sustentabilidade.
De acordo com a Aviation Environment Federation, organização sem fins lucrativos voltada para os efeitos ambientais aéreos, a aviação emite aproximadamente 2% das emissões de carbono do mundo, mas é responsável por quase 5% do aquecimento global causado pela atividade humana devido aos impactos climáticos adicionais do setor.
No mês passado, a Agência Nacional de Aviação Civil (ANAC) deu um passo importante para tornar a aviação brasileira mais sustentável. Isso porque foi aprovada uma resolução que regulamenta o monitoramento e a compensação das emissões de dióxido de carbono (CO2) em voos internacionais. As novas regras entram em vigor no dia 1º de janeiro de 2025.
O operador aéreo deverá monitorar suas emissões de CO2 quando emitir, em um ano-calendário, quantidade superior a dez mil toneladas em etapas internacionais de voo, utilizando aeronaves de asa fixa com peso máximo de decolagem certificado acima de 5.700 kg. Quem não cumprir as determinações estará sujeito a multa.
Combustíveis de Aviação Sustentáveis
A Associação Internacional de Transporte Aéreo (IATA) anunciou que as suas projeções para triplicar a produção de Combustíveis de Aviação Sustentáveis (SAF) em 2024 para 1,9 mil milhões de litros (1,5 milhões de toneladas) estão no caminho certo. Isto representaria 0,53% das necessidades de combustível da aviação em 2024.
“O SAF fornecerá cerca de 65% da mitigação necessária para que as companhias aéreas atinjam emissões líquidas zero de carbono até 2050. Portanto, a esperada triplicação da produção de SAF em 2024 em relação a 2023 é encorajadora. Ainda temos um longo caminho a percorrer, mas a direção dos aumentos exponenciais está começando a entrar em foco”, disse em comunicado Willie Walsh, diretor geral da IATA.
Ações das companhias aéreas
GOL
A GOL Linhas Aéreas chegou a anunciar que iniciaria, em setembro de 2023, as operações piloto da compensação de Combustível de Aviação Sustentável (SAF) por meio do sistema Book & Claim.
Além disso, a empresa se comprometeu com o balanço líquido zero de carbono até 2050. Para atingir essa meta, a companhia se apoia em quatro pilares, como: a utilização de aeronaves tecnologicamente mais avançadas que propiciam menor consumo e emissão de CO2; melhorias operacionais contínuas (otimização do espaço aéreo e das operações em solo); uso de combustível sustentável, na sigla SAF; e medidas baseadas no mercado – como exemplo, a compensação voluntária de carbono pelos clientes.
LATAM
Com um apelo para acelerar os esforços para gerar as condições necessárias para uma aviação comercial mais sustentável, o CEO do LATAM Airlines Group, Roberto Alvo, tornou pública a aspiração do grupo de incorporar o SAF em sua operação, privilegiando a produção gerada na América do Sul. Isso faz parte da estratégia de sustentabilidade do grupo, que busca um crescimento neutro em carbono, neutralizando 50% das emissões domésticas até 2030 e alcançando a neutralidade de carbono até 2050.
Delta
No recém-lançado Relatório Ambiental, Social e de Governança de 2023, da Delta Air Lines, a companhia divulga uma economia acumulada de 21 milhões de galões em combustível, impulsionada pelo Conselho de Carbono da Delta por meio de iniciativas que incluem otimização de rotas e velocidade, redução do peso dos voos e trabalho com autoridades de controle de tráfego aéreo para encontrar rotas de voo mais eficientes. Além disso, a companhia entregou 3,5 milhões de galões de SAF, mais do que o dobro da quantidade de 2022.
Amelia DeLuca, diretora executiva de Sustentabilidade, conta que a companhia acredita que definir metas mensuráveis e acompanhar o progresso é crucial para alcançar o sucesso em sua jornada de sustentabilidade. “Na Delta, acreditamos que o que é medido é feito, portanto, nossa estratégia de sustentabilidade abrange marcos de curto, médio e longo prazo para orientar o que voamos, como voamos e o combustível que usamos – tudo isso enquanto apoiamos as experiências de alto nível que os clientes da Delta esperam”.
Azul
No segundo semestre de 2023, a Azul Conecta participou da MRO Brasil 2023, principal evento nacional de manutenção e reparos aeronáuticos. Na ocasião, a companhia responsável pelos voos regionais da Azul Linhas Aéreas apresentou ao público as inovações referentes à prestação de serviços técnicos operacionais. Além disso, mostrou o motor híbrido-elétrico, em parceria com a norte-americana Ampaire, líder em aviação híbrida.
O avião híbrido-elétrico da Ampaire reduz o consumo de combustível em até 70%, podendo ser próximas de zero as emissões quando se utiliza SAF. O custo de assento por quilômetro de operação é reduzido em 25% ou mais, dependendo da infraestrutura da rota utilizada. Essa redução auxilia as companhias aéreas a gerenciarem as despesas beneficiando os Clientes.
Entendendo o SAF
É um tipo de combustível alternativo, produzido a partir de matérias-primas renováveis ou derivadas de resíduos que atendem a critérios de sustentabilidade. A variedade de matérias-primas é ampla, podendo ser óleos de cozinha, gorduras, resíduos urbanos e resíduos agrícolas, entre outros. Além disso, existem outras alternativas, como o hidrogênio verde, que também pode ser usado para produzir o SAF – embora, no momento, não seja comercialmente viável para esse fim devido ao seu alto custo e baixo volume de produção.
Segundo dados da IATA, divulgados pela LATAM, o SAF proporciona uma redução de emissões de até 80% em relação aos combustíveis tradicionais, e se apresenta como a ferramenta mais viável para contribuir com o transporte de massa sustentável.