O Sebrae (Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas) liberou hoje (14) R$ 25 milhões para o Bradesco utilizar como garantia para financiar pequenos empresários do setor de franquias.
O valor foi liberado em acordo assinado agora a pouco pelo vice-presidente do Bradesco, Domingos Figueiredo de Abreu, pelo presidente do Sebrae, Luiz Barretto, pelo ministro da Secretaria da Micro e Pequena Empresa, Guilherme Afif Domingos, pela presidente da Associação Brasileira de Franchising, Cristina Franco, pela diretora-técnica do Sebrae Nacional, Heloísa de Menezes, e pelo diretor executivo do Bradesco, Altair Antônio de Souza.
O acordo de cooperação foi assinado sob o âmbito do Fampe (Fundo de Aval às Micro e Pequenas Empresas), do qual o Bradesco é a primeira instituição financeira privada a participar. Criado há 20 anos, o Fampe já realizou 256 mil operações de crédito para micro e pequenas empresas que somaram R$ 11 bilhões. Hoje, existem cerca de 110 mil contratos cujo valor vigente soma em torno de R$ 3,5 bilhões. Desse total, 85% são contratos para empresas de pequeno porte, sendo que o comércio representa praticamente a metade disso.
Para o ministro Afif, acordos como esses, em cenários como esse, só estimulam o setor. “Na franquia já existe um processo de pré-seleção do risco, porque o próprio franqueador já faz uma seleção do empreendedor com todo o rigor necessário. Mas esse empreendedor tem dificuldade de encontrar crédito no mercado, porque ele não tem garantia real para dar e o sistema financeiro hoje tem taxas muito altas em função da exigência de uma garantia real”, disse.
Para ele, o acordo ainda deve ajudar a revitalizar o Fampe. “Ele agora vai sofrer um processo de revitalização com essa orientação que vai nos dar experiência necessária para avançar em outros setores e em outros arranjos produtivos que têm uma pré-seleção de risco, como as franquias. Ou seja, que tenham a qualificação do empreendedor, que é fundamental para o barateamento do crédito”, afirma.
O valor inicial de R$ 25 milhões do Sebrae deve garantir mais de R$ 300 milhões em empréstimos a franqueados de pequeno porte para capital de giro, a juros de 1,98% ao mês. “Estamos trabalhando com esse valor de R$ 300 milhões, mas há potencial para mais, porque agora a economia não está ajudando, mas quando ela voltar a rodar mais, esse valor pode ser maior”, disse Abreu, do Bradesco.
Do total de 1,2 milhões de clientes pessopa jurídica do banco, as micro e pequenas empresas representam 90% desse total. E o crescimento desses empreendedores representa bons negócios para o banco. “O desenvolvimento desse empreendedor é fundamental porque ele fazendo bem o negócio dele permite que ele trabalhe melhor. Por isso essa parceria do Sebrae é tão importante”, disse Abreu. O Bradesco já trabalha com o Sebrae há dez anos no sentido de facilitar serviços e crédito para as MPEs.
O acordo atenderá apenas pequenos negócios que estão no sistema de franquias e que faturam até R$ 3,6 milhões por ano. Segundo Barretto, qualquer franqueado que se enquadre pode buscar o crédito – não apenas os associados à ABF. A ideia é que cerca de seis mil contratos de financiamentos para serem usados, inicialmente, como capital den giro.
Para Barretto, o acordo ajuda o segmento de micro e pequenas empresas a vencer a barreira do crédito. “É um tema importante para as MPEs, e demos um passo significativo ao ofertar crédito por meio de um banco privado a um setor que é carente de crédito”, afirma. “É um avanço e temos de dar condições para o empresário, que tem criatividade e que precisa do crédito. Estamos nos movimentando para nos adequar às novas realidades”, disse ele, que revelou que pode surgir um acordo semelhante com o Santander.
“A nossa aposta é no Brasil que dá certo e acreditamos que ele dá certo quando a gente faz a melhor entrega para o consumidor e isso acontece quando o empresário tem crédito”, pontua a presidente da ABF, Cristina Franco.
“Vamos começar a bater no BC”
Durante a assinatura do convênio, Afif foi enfático ao defender a liberação de crédito aos pequenos empresários. E para tanto, ele defende uma liberação maior dos compulsórios para os bancos para que essa liberação se reverta em mais crédito para os empreendedores. “Vamos começar a bater no BC”, disse o ministro. O compulsório é a quantidade de dinheiro depositado pelos bancos para o BC a fim de o órgão controlar a movimentação bancária do País.
O ministro defente que essa depósito seja menor – dessa forma, os bancos teriam mais dinheiro em caixa para financiamentos. “Estamos brigando porque precisamos baratear o custo do dinheiro. Nosso aliado é a crise, porque se você não tiver medidas de salvaguarda de emprego e da renda, o principal capital para o pequeno empresário é o capital de giro”, explica.
“Imagine uma pequena empresa que é obrigada a antecipar tributo para substituição tributária. Depois ainda tem o segundo problema, que é aumento de custo. Se você não tiver uma medida compensatória para ele passar pela tempestade, vai ter uma mortalidade muito grande no meio do caminho – o que não é desejável”, disse.
Pela conta feita pelo ministro, uma liberação de 17% do volume de compulsórios liberaria cerca de R$ 40 milhões para crédito. Segundo o ministro, esta é uma posição do ministério e está “na mesa” para debate. “Por enquanto só se fala em ajustes, então isso está no prego”, disse.
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