Respeito acima de experiências sem limites
- Por Melissa Lulio
- 3 min leitura
O excesso de prazer pode levar à infelicidade. Parece contraditório, mas isso é o que explica a psiquiatra Anna Lembke no livro Nação Dopamina: conhecida como um dos hormônios da felicidade, a dopamina é liberada no cérebro quando se atinge um objetivo – seja finalizar um projeto trabalhoso, seja receber uma notificação ou um like em redes sociais.
O acesso a gadgets e a ambientes digitais desenhados para agradar o cérebro humano, então, criou um cenário propício a descargas recorrentes de dopamina. Consequentemente, ficamos mais tolerantes – ou seja, acostumados – a essa substância e, portanto, são necessários estímulos cada vez maiores para que o prazer seja percebido, de fato.
O resultado é que, como sociedade, estamos viciados em estímulos (como as notificações, o som do e-mail, a atualização do feed) e, com isso, passamos a ser pessoas imediatistas e exigentes. A essa situação foram dados nomes bonitos – como “a Economia da Atenção”, por exemplo. Assim, as empresas entenderam que a disputa é, basicamente, pelo foco do consumidor. Mas o que está em jogo não é apenas a qualidade do produto ou do serviço, mas o prazer gerado ao longo da jornada.
Então, quando as empresas investem esforços na criação de experiências magníficas, estão buscando agradar a um público para o qual os melhores e maiores estímulos são, cada vez mais, vistos como “mais do mesmo”. É uma luta ingrata. Nesse cenário, em vez de conquistar o consumidor por meio de seus instintos – como a busca por prazer –, a proposta é que as empresas conheçam o contexto e quais soluções (seja preço, seja sustentabilidade ou até experiências sensoriais) vão preencher lacunas na vida dele, gerando soluções verdadeiras.
Para isso, é necessário dedicar-se ao conceito central da edição que encerra 2022 da Consumidor Moderno: respeito. O único caminho viável para conquistar o consumidor, gerar encantamento, ganhar a preferência e ser, para ele, um atalho para experiências prazerosas é conhecê-lo para além dos rótulos e respeitá-lo por quem ele é.
É preciso lembrar, portanto, que, para além de todo título ou classificação, existem motivações, histórias de vida, sonhos, tradições e, é claro, traumas. Por trás de todo CPF existe um ser humano com uma trajetória. E é esse indivíduo que as empresas, a partir de seus tão minuciosos dados, devem encantar. Assim, organizações podem ser verdadeiros agentes de transformação da sociedade – mais do que CNPJs em busca de um belo relatório anual para investidores.
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