O MALL X A AMAZON
- Por Consumidor Moderno
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Sim, o império contra-ataca. O mall (ou shopping na linguagem da pátria desalmada) é um daqueles dinossauros que se recusam a ser abatidos pelo meteoro Amazon.
Não há dúvidas de que os profetas do apocalipse varejista exageram sobre a morte do mall. O atestado de óbito é prematuro, embora bastiões do varejo americano no século 20, como Sears e Macy’s, âncoras tradicionais do mall, vivam em agonia.
Agora em março, tivemos mais um marco da sobrevida do mall com a plena abertura do American Dream, nas cercanias de Nova York. Mais de 90% das lojas de fachada já foram alugadas.
Tal megaprojeto se segue à inauguração do Hudson Yards, dentro da própria Manhattan, a ilha de preços astronômicos por metro quadrado, e os empreendedores do American Dream seguem no sonho, planejando uma segunda locação em Miami (Ah! sonho meu, sonho meu! Imagine se um dólar voltasse a valer R$ 3? Quem sabe, até R$ 4?).
Na luta de resistência, o mall faz o que pode para dar a volta por cima e muda por dentro para atrair os consumidores. O ponto diferencial do American Dream em contraste aos malls, que já merecem o atestado de óbito, é que apenas 45% do espaço é devotado ao varejo. O restante, 55%, é destinado a um leque de entretenimento, incluindo rinque de patinação e parque de diversões.
“Onde estavam âncoras do varejo, agora existem academias de ginástica.
Tal sonho para desbalancear o peso tradicional do varejo dentro do mall é perseguido em todas as partes nos EUA. Onde estavam âncoras do varejo, agora existem academias de ginástica, cinemas e até locais de compartilhamento de escritórios. O mall se transforma em um estilo de vida.
Nos dados do International Council of Shopping Centers, entre 2014 e 2018, o espaço destinado a lojas nos malls americanos caiu quase 7%. Em contrapartida, aumentou em 5,4% o espaço de entretenimento e serviço. No caso do setor alimentício, não houve mudança expressiva, pois restaurantes e lanchonetes sempre estiveram casados com o varejo dentro do mall.
Olhando de fora, podemos ver que os setores de varejo e serviço que parecem mais duros na queda para enfrentrar o comércio eletrônico, tanto no mall como no tradicional comércio no qual os americanos chamam de “Main Street”, têm sido academias de ginástica e áreas cosméticas, como salões de beleza e de tatuagem.
São serviços que ainda não foram abocanhados pelo monstro on-line. No entanto, um dia minha barba gloriosa será aparada por um robozinho com sotaque italiano, como os meus barbeiros aqui nos EUA.
Há um efeito positivo, na medida do possível um win-win, pois este cruzamento de experiências no mall acaba ajudando lojas sobreviventes em geral, devido a mais trânsito de consumidores.
Mas, de novo, é preciso cautela no sonho, neste literal American Dream. Mais de 10 mil lojas fecharam nos EUA em 2019 e 60 grandes cidades amargaram a perda de empregos no setor varejista numa fase recordista de baixo desemprego no país. Existe este revigoramento do mall em grandes cidades e subúrbios mais afluentes, mas no interiorzão americano é de fato o pesadelo varejista e não o American Dream.
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