Qual é o melhor negócio a fazer no mundo melhor?
- Por Marina Pechlivanis
- 3 min leitura
Construir imaginários de sistemas perfeitos pode ser considerado um desejo recorrente da humanidade nas mais diversas culturas e épocas. As lendárias Atlântida, Eldorado e Shangri-la, entre tantas localidades, reais ou utópicas, eternizadas por suas construções e civilizações fascinantes, são a prova disso. Representam tentativas de oferecer um mundo melhor no melhor dos mundos, onde cada pequeno detalhe é projetado cuidadosamente para funcionar bem, pensando no bem-estar de todos.
O mercado também se especializou nisso: muitas marcas prometem um “mundo melhor” e o “melhor dos mundos”, com mais disso, daquilo e tudo de bom para os colaboradores, investidores, distribuidores, clientes, consumidores… tanto neste universo quanto no metaverso.
Para comprovar suas intenções e legitimar suas entregas futuras, muitas vezes intangíveis, uma das formas é participar de rankings de “melhor” das categorias que estiverem na moda no momento, contando histórias bem-arquitetadas e mostrando fórmulas quiméricas de sucesso. Pode ser algo mais quantitativo, como Crescimento, Performance e Resultado, ou mais subjetivo, como Reputação, Inovação, Engajamento Digital, Responsabilidade Social, Respeito ao Cliente ou ESG, por exemplo.
Por serem maiores, mais produtivas, mais lembradas, mais amadas, mais sustentáveis, mais criativas, mais respeitosas, mais inclusivas ou mais solidárias, entre tantas possibilidades, essas marcas ganham visibilidade na mídia, se transformam em referência (os famosos “cases”) e podem, inclusive, melhorar o valor financeiro de seus ativos. E essa fama pode durar enquanto todos os públicos com os quais a marca se relaciona considerarem isso tudo legítimo, transparente e consistente.
Hora da verdade, para acabar com algumas ilusões:
1. O “melhor dos mundos” para as marcas não é, necessariamente, o “melhor dos mundos” para todos com quem estas marcas se relacionam. Deveria, mas conseguir isso ainda é uma utopia e requer mudanças sistêmicas, complexas e amplas perante todos os stakeholders.
2. O “mundo melhor” é uma idealização. As pessoas têm percepções distintas sobre o que pode ser melhorado no mundo: suas necessidades e seus desejos mudam conforme suas histórias, seus contextos e sonhos. A inteligência coletiva pode mudar isso, mas por hora também é utopia.
E agora?
Não prometa felicidade e abundância em um futuro inexistente. Seja sincero com os outros – e com você mesmo. Pode não parecer o melhor dos negócios, mas é o negócio melhor a se fazer.
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