Greenwashing e a verdadeira sustentabilidade: é hora de regenerar
- Por Iza Dezon
- 3 min leitura
Greenwashing é como as “narrativas climáticas” do setor privado são conhecidas. É quando as companhias apropriam-se do discurso sustentável apenas visando fins comerciais e lucrativos – ainda que grande parte dos governos, das empresas e da sociedade negligencie os impactos ambientais.
O termo inglês, que podemos apelidar de “lavagem verde”, é uma suposta autopromoção que está impregnada na maioria das campanhas e criações de marketing ditas sustentáveis da atualidade. Uma pesquisa da Harris Poll, nos EUA (2022), com donos de companhias acima de 500 funcionários, mostrou que 68% dos executivos admitiram que suas empresas usam a narrativa greenwashing. Curiosamente, 65% disseram que gostariam de realizar práticas mais sustentáveis, mas não sabem como implantá-las.
No Brasil, uma pesquisa da PwC e do IBRACON (2020) identificou que 48% das empresas não checam dados de responsabilidade ambiental e social. Já o estudo da IBM Institute for Business (2022) mapeou CEOs de mais de 40 países, inclusive do Brasil, e 51% deles afirmaram que a sustentabilidade é o desafio principal dos próximos anos.
Diante do colapso ambiental e de narrativas que maquiam os impactos de empresas, nomes ao redor do globo intensificam as denúncias de mentiras ocultas em falsas propagandas. A incansável ativista e diretora criativa Stella McCartney, durante o lançamento de sua linha de beleza neste ano, apontou que a indústria se aproveita do termo “clean beauty” (beleza limpa), mas que ele não passa de uma propaganda, sem compromissos verdadeiramente circulares e sustentáveis.
À medida que o tempo passou com as companhias usando discursos vazios, a desconfiança dos consumidores também aumentou, e eles estão exigindo mais responsabilidade. Segundo o relatório da inglesa Bazaarvoice (2021), pelo menos 30% dos entrevistados tinham a certeza de que marcas não são transparentes com o público, enquanto 88% acreditavam que empresas têm a responsabilidade de proteger as pessoas e o planeta.
A verdadeira sustentabilidade, no entanto, é uma questão que deve funcionar de forma estrutural – (re)definindo profundamente o ecossistema da empresa como um todo, e não aquela em que trocamos uma matéria-prima por outra menos agressora; nem aquela cuja compensação de carbono é suficiente para bancar mais do mesmo. Não se trata da empresa que se diz inovadora, porém desconhece quem são seus fornecedores e a origem de insumos, tampouco vende um produto sem, ao mínimo, se preocupar com o descarte e os impactos no planeta.
São poucas iniciativas que se aprofundam verdadeiramente na preocupação ecológica. Porém, contra práticas extrativistas e mentirosas do greenwashing, começamos a reinventar negócios e indústrias a partir da regeneração planetária e social.
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