Humildade é o primeiro passo para o diálogo
- Por Melissa Lulio
- 3 min leitura
Chega a ser ousado falar em diálogo em meio a tantos conflitos. Por todos os cantos, há agressões entre pessoas de diferentes nações, gerações, religiões, com visões políticas, princípios éticos e morais divergentes. Os recursos variam: vão desde as palavras até as bombas, mas o princípio por trás da insolubilidade de cada discórdia é o mesmo: a incapacidade de aceitar a existência do outro, de quem é, pensa ou age de maneira diferente.
Sem dúvidas, falar em liberdade plena, ilimitada e irrestrita beira o anarquismo, afinal, não há leis em um lugar onde tudo é permitido. Por isso, existem princípios que guiaram a humanidade em sua evolução – por exemplo, não matar. Mas e as guerras? Elas são inevitáveis e, por isso, existem regras que determinam, inclusive, o que é permitido dentro de um conflito entre nações. Nesses casos, em suma, o que se proíbe é o uso de meios e técnicas que coloquem em dúvida o caráter racional – que nos classifica como homo sapiens. Ainda que estejamos lutando por um território, por exemplo, enquanto seres pensantes não podemos ser cruéis, torturar, ter prazer na dor do outro.
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Mas não é só na guerra que a tortura acontece. Nem toda arma é de fogo: algumas são de palavras. E é nesse ambiente que o diálogo inexiste. Sem ouvir o outro e no mínimo respeitar outras visões de mundo (formadas a partir de inúmeros fatores pessoais e contextuais), não há como viver em uma sociedade plenamente civilizada.
Em cenários menos complexos, entre as paredes seguras de escritórios, sabe-se que o conflito existe. Nesse caso, trata-se, em geral, de um exercício de poder: o “mais forte” manda, enquanto os outros obedecem. Em ambientes como esses, não há cocriação, respeito e, muito menos, diálogo.
O exercício começa do lado de dentro de cada um de nós: quem acredita estar acima do outro (seja por condição financeira, seja por um cargo ocupado ou por condição intelectual) não está, por princípio, aberto à escuta ativa ou a uma conversa franca. Ainda que se fale muito em empatia, acredito que o primeiro passo está na humildade em reconhecer que, da realidade do outro, não se sabe nada – quando muito, sabemos plenamente das nossas. Sendo assim, só nos cabe aprender para no futuro (quem sabe?) vivermos de fato a era do diálogo.
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