Geração Z vs. o poder das tribos: abrace as estranhezas
- Por Carolina Cruz Perrone
- 3 min leitura
Geração Z (ou Centennials, Zoomers etc.): há quem acredite que eles vão salvar o mundo; há quem os considere superficiais e desinteressados, atribuindo-os, pejorativamente, o apelido de “nem-nem”. Uns consideram que eles têm maior consciência coletiva, outros os acham mimados. Paradoxal, né?
É fato que a primeira geração nativa digital quebrou paradigmas na forma como vivemos e consumimos. São adeptos do smart buying, estão acostumados às barganhas e à conveniência das compras on-line. Com isso, provocam empresas e experiências a se adaptarem às suas necessidades.
Mas será que é mesmo possível tentar encaixar mais de 1/3 da população mundial em um único estereótipo? Pensando em uma curva normal de distribuição de comportamentos dentro de uma geração, existe mesmo uma maioria – um normal – atualmente? O mundo é cada vez menos preto e branco e mais tons de cinza, menos categorias e mais espectros.
Nos conectamos com as pessoas muito mais por interesses comuns do que por termos nascido no mesmo ano ou qualquer outro dado demográfico. O ser humano é essencialmente social. Historiadores dizem que nosso sucesso como espécie se deu porque colaboramos – construímos comunidades, tribos. Claro que as tribos dos primeiros sapiens são muito diferentes das atuais, mas a essência é a mesma: conexão. Hoje nos conectamos menos para sobreviver e mais para viver.
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O maior estudo longitudinal já realizado colocou as relações sociais como o maior preditivo de longevidade e felicidade. Compartilhamos hobbies, interesses, rituais: colecionadores de vinil, mães veganas. E é claro que o digital impulsionou as conexões entre essas tribos, mas elas vão muito além dos nativos digitais. Os vovôs do TikTok já migraram faz tempo para a internet.
Ao tentarmos endereçar estratégias para toda uma geração, estamos produzindo para as massas. O mercado de massa faz produtos medianos para pessoas medianas – seu principal objetivo é fornecer produtos padronizados para o maior número de clientes com qualidade aceitável e preço baixo. O século 20 foi marcado por isso, mas a lógica das massas não é mais dominante na nossa cultura. A “geração Netflix” quer ter liberdade e controle sobre o que consome; insiste em fazer escolhas.
Seth Godin, em seu livro We Are All Weird, define essa vontade de fazer escolhas como “estranheza”: “Tudo o que não é normal é estranho, e, agora, há mais estranheza do que nunca.” É sinal de que como sociedade – em cada tribo – estamos defendendo nossas crenças, escolhendo o que queremos, saindo da normalização das massas. Mirar as necessidades e os interesses comuns de membros de uma tribo é uma estratégia muito mais atual do que tentar conter toda uma geração. O futuro é abraçar as estranhezas!
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