A Geração Z latina não vai salvar o mundo; o desafio é outro
- Por MARINA ROALE
- 3 min leitura
Quem nunca saiu de uma palestra ou reunião preocupado em criar uma marca cool e cheia de propósito para conquistar os jovens da vez? Nos cantaram a pedra de que a Geração Z salvaria o mundo, mas a verdade é que, em solo latino, tem sido difícil salvar a si mesmo. Isso ocorre porque boa parte do mercado projetou nesse grupo uma versão potencializada – mais conectada e ativista – da geração anterior. Mas essa é uma visão equivocada.
Desde 2018 acompanho de perto estudos geracionais envolvendo os Zs e, no ano passado, nos debruçamos sob o recorte latino para entender mais a fundo o que esperar deles em um cenário pós-pandêmico. E a verdade nua crua é que eles são um mix de consciência com impotência.
É fato que dominam completamente os recursos tecnológicos, e por isso estão sintonizados em notícias que vão da política ao mundo pop. Isso os torna hiperconscientes dos problemas que a sociedade enfrenta hoje, mas não garante que se sintam aptos ou responsáveis pela missão de consertar os velhos problemas do mundo. Apesar de uma consciência maior de problemas estruturais e coletivos, essa geração se sente paralisada diante dos conflitos atuais, não sabendo por onde começar, nem se é possível conseguir ajudar. Quando o cenário externo só gera incerteza, o resultado são jovens que prezam estabilidade: nas relações, na carreira e na própria mente.
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Por isso, os Zs são cheios de contradições – esse é o efeito colateral de quem cresceu em um mundo nada linear, cheio de informações em fluxo e onde a única certeza é que tudo muda rápido – sobretudo em solos latinos. Por aqui, o senso de confiança anda ainda mais abalado. Quando se trata de um jovem de 22 anos, dá pra começar o dia postando textão sobre questões ambientais e fechar o dia comprando mais blusinhas baratas da marca chinesa hype de cadeia produtiva duvidosa. Também dá para meditar de manhã para alinhar os chacras e fechar a tarde com junk food em nome da saúde mental.
O desafio que fica para as marcas é ter olhares menos utópicos e lentes mais realistas. Afinal, decifrar esta nova safra de consumidores demanda o abandono das generalizações ou das frases de impacto que o mundo do marketing adora e que sempre ficaram bonitas no PowerPoint.
Isso porque o jeito certo de fazer branding com esses jovens não é buscando respostas de sim ou não, mas reformulando constantemente as perguntas para conectar discursos e contextos.
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