Em tempos de conexão absoluta, não existe ferramenta mais expressiva do que emoji. Existem carinhas para praticamente todos os sentimentos humanos – de extrema tristeza até a maior felicidade possível. Mas, você já parou para pensar em como esses emojis foram inventados? Quem decidiu que eles fossem para o seu celular? Quem escolheu essas carinhas e não outras para compor o teclado de emoções do celular?
O segredo é que existe um processo muito rígido de decisão de quais serão os emojis que chegarão aos aparelhos, realizado pelo Consórcio Unicode. A organização, que não prevê lucros, é baseada no Vale do Silício e composta por pessoas de empresas de tecnologia – como a Apple, a SAP, a IBM – e, curiosamente, o governo do Omã.
Jennifer 8. Lee, membro do Subcomitê de Emojis do Unicode e jornalista do The New York Times, veio ao SXSW comentar sobre esse processo e fez uma das mais divertidas palestras – até mesmo cartões postais foram distribuídos.
Como tudo começou
Jennifer conta que, há dois anos, não conhecia muito bem emojis e nem mesmo os utilizava. Porém, a jornalista é amiga da designer que elaborou a baleia do Twiiter – aquela que aparecia quando a página dava erro, lembram?
Durante uma conversa, ambas perceberam que não havia um emoji correspondente a um bolinho adorado por elas – algo parecido com a nossa empanada. E cada uma das amigas buscou a solução para o problema da forma como haviam aprendido: a designer fez o próprio emoji, enquanto a jornalista buscava descobrir quem era responsável por inventar as carinhas. Jennifer encontrou, então, a organização que trabalhava com isso.
Interessada, ela se inscreveu para participar do comitê. No primeiro convite, foi parar em uma sala cheia de engenheiros, homens, 15 pessoas que trabalhavam juntas há anos. E ela era como um fenômeno para eles, porque não era comum que houvesse pessoas novas por lá.
Emojis de comida
No primeiro dia de participação, Jennifer encarou um debate sobre emojis ligados a alimentação. Ela exemplifica que o símbolo do leite gerou uma longa discussão: deveriam ser em formato de garrafa, copo, caixa?
Mas, apesar de parecer cômico ou exagerado, o segredo é que o emoji não pode excluir pessoas. O primeiro critério a ser considerado em uma criação é justamente se ele representa muitas pessoas. “É um emoji relevante aquele que tem muita popularidade, uma interpretação clara e nada confusa, se é fácil de ser identificado”, comenta Jennifer. “Um emoji muito específico, como um cão de determinada raça, ou um sushi de salmão, é desnecessário. O mesmo vale para emojis redundantes”. Além disso, é claro, nada relacionados a marcas e celebridades é aceito.
A vida do emoji
Uma vez elaborada a ideia e o tema de um novo emoji, ele passa pelo comitê e é votado. Isso acontece quatro vezes por ano. Em novembro, todos os emojis que foram aprovados são preparados para ir para o celular – e isso ainda demora.