Como dizia Ariano Suassuna, infelizmente a gente só tem uma vez para educar os filhos. Não é novidade a extensa jornada de trabalho de líderes, executivos e empresários. A rotina envolve reuniões, telefonemas, visitas a clientes, parceiros e fornecedores. Mas em algum momento essa rotina esbarra com a razão de ela existir: a família. E justo para esse compromisso, muitas vezes, não reservamos tempo de qualidade o suficiente e dessa forma acabamos errando.
Meu amigo Vicente Carvalho teve uma conversa com o motorista que o levava até o aeroporto de Guarulhos para fazer mais uma viagem de negócios. Compartilho com vocês, o relato na integra:
Peguei um 99 (táxi) pra ir ao aeroporto de Guarulhos e, no caminho, o motorista Diogo começou a conversar sobre coisas típicas das corridas, até que o assunto entra no motivo de ele estar trabalhando no aplicativo. “Eu escolhi trabalhar em outra coisa pra poder ver a minha filha crescer.”
Eu pedi pra ele me explicar. Ele, então, me contou que foi filho único de um pai que não expressava o amor por ele, vivia ocupado, e que teve que aprender tudo da vida com sua mãe, mas que sempre sentiu falta da presença do pai.
Quando a filha dele nasceu, ele disse que o trabalho simplesmente lhe roubou o primeiro ano de convívio com ela e que ele a encontrava apenas no aeroporto e já embarcava em outra viagem.
Até que, quando ela tinha 11 meses, ele chegou em casa, foi abraçá-la e ela começou a chorar: não o reconheceu e ficou com medo.
Isso o devastou. Desse dia em diante, ele começou a abrir mão dos clientes que tinha na empresa de concreto e recusar viagens e mais viagens. A empresa quebrou.
Mas ele foi categórico ao me dizer: “não me arrependo; não tem dinheiro que pague acordar com a minha filha me dando beijo, levá-la à escola”. “É claro que eu quero ganhar mais, ter mais dinheiro, mas em primeiro lugar eu quero que minha filha não se esqueça do meu rosto, quero ser pra ela o que meu pai não foi pra mim.”
Vicente Carvalho abriu mão da carreira em grandes corporações para tocar sua própria empresa, voltada 100% para divulgação e criação de ações com impacto social, e para ter mais tempo para momentos que o dinheiro não compra. Sua empresa chama-se Razões para Acreditar.
Ao questioná-lo sobre essa mudança e o motivo da existência do Razões para Acreditar, sua resposta também foi tão categórica quanto a do taxista. “Existe para nos lembrar diariamente que podemos ser pessoas melhores. Seja com uma atitude pequena que inicialmente parece não significar nada, passando por uma inspiração para empreender com princípios corretos, chegando até a tratar as pessoas de forma mais humana, como deveria ser. O Razões existe para ser um grande farol e iluminar as coisas boas que acontecem o tempo todo e que muitas vezes não vemos.”
Podemos gastar todo nosso tempo planejando e conquistando o mundo, mas não podemos nos esquecer de que somos o mundo para a criança que nos espera em casa. E essas crianças serão o futuro do Brasil.