Quando o assunto é sustentabilidade, pode-se dizer que a indústria da moda foi uma das que mais demorou para começar a mexer em seu modo de produção. Tudo por conta do frenesi (e do sucesso) imposto pelas marcas de fast-fashion nos últimos anos.
Mas com o crescente interesse no tema do consumo consciente, alguns perfis nas redes sociais se destacam nesse processo de mudar a maneira de comprar roupas. Tanto que a reutilização de peças (o bom e velho brechó) está dentro das tendências de consumo e comportamento mais promissoras para a próxima década.
Olhando para o cenário brasileiro de influência dentro do tema moda, três perfis no Instagram se destacam com conteúdos que conversam diretamente com essa proposta mais atual de consumo de roupas – que passa bem longe da febre do look do dia, que dominou o universo fashion com o boom dos influenciadores.
De forma original, elas colocam temas ligadas a maneira de se vestir em pauta e valem o seu follow. Confira:
Com mais de 62 mil seguidores, o perfil foca bastante em discutir sustentabilidade na produção fashion, mas com profundidade –o que é excelente para mostrar o real impacto que a cadeia de produção de roupas tem na sociedade. Para isso, traz frases inspiracionais que puxam para o debate e conversas com economistas, ativistas, ambientalistas e, claro, gente que vive da moda. O @modefica também é um site e tem conteúdo em forma de podcast. Outros temas intimamente ligados ao que elas apresentam é o veganismo e o feminismo. Pra começar a seguir já e ir muito além da informação de quantos litros de água se gasta para fazer um jeans: aqui a mudança de consumo proposta é social e estrutural.
@fash_rev_brasil (Fashion Revolution Brasil)
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O movimento internacional de mudança na forma de consumir / comprar roupas tem neste perfil seu maior representante. Com mais de 90 mil seguidores e posts absolutamente informativos sobre o assunto (como por exemplo o tanto de lixo gerado pelas fantasias das festas de Halloween), provoca discussão com a hashtag necessária – #quemfezminhasroupas. Ao pedir por transparência na produção e questionar como costureiras são pagas, o perfil fala diretamente com as marcas brasileiras e com quem tem poder aquisitivo para encher o closet. Administrado no Brasil por Fernanda Simon, diretora-executiva da rede, o Fashion Revolution começou após a tragédia do desabamento de um edifício, em Bangladesh, no dia 24 de abril de 2013. Mais de três mil trabalhadores da indústria da confecção estavam no local e cerca de 1.134 pessoas morreram. Todas elas trabalhavam para marcas globais de roupas, em condições consideradas de escravidão.
O perfil é um gigante no assunto, com mais de 540 mil, e abrange mais temas além do consumo consciente de peças de roupa. A gestão do lixo é o ponto importante do perfil – que produz conteúdo em redes sociais afinado com a plataforma Menos1lixo.com.br. Criado por Fernanda Cortez, ambientalista e defensora da campanha Mares Limpos pela ONU Meio Ambiente, que ficou conhecida após criar um copo portátil de material não poluente, capaz de ser levado na bolsa e que diminui vertiginosamente o uso dos plásticos descartáveis. A plataforma é uma grande incentivadora da reutilização de roupas – aquele levar na costureira, sabe? – bem como dos brechós e da troca entre amigas.
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