O sistema de crédito direto ao consumidor poderia ser um grande acelerador do consumo, “mas está basicamente estagnado há muitos anos”. A frase é do presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto.

Importante destacar que o Crédito Direto ao Consumidor, chamado de CDC, é um tipo de financiamento, disponibilizado ao cliente, que passa por uma análise do banco ou instituição financeira para atenuar riscos de inadimplência. Os valores são liberados de acordo com a capacidade financeira do consumidor.

Na visão do presidente do BC, o parcelamento sem juros no cartão de crédito faz com que haja aumento nos juros cobrados no CDC. Portanto, caso essa situação se revertesse, o endividamento, que hoje atinge 71,45 milhões de brasileiros, como apontam dados da Serasa, seria atenuado.

O parcelado sem juros no Brasil corresponde a 15% de todo o crédito do Brasil. E esse percentual, nos últimos anos, saltou de uma média entre 5% e 7% para 15%. “Você tem um produto ligado a cartão de crédito, que é 15% do crédito. Quando pega o CDC, era 5% e foi para 6%. Ou seja, o crédito ligado ao consumo está ligado ao parcelado sem juros do que o crédito ligado ao consumidor”.

As declarações de Roberto Campos Neto foram dadas em um café da manhã organizado pela Frente Parlamentar pelo Livre Mercado. A expectativa é que, nas próximas reuniões do Copom, a manutenção da redução da taxa de juros continue. “Com a inflação caindo, as taxas reais de juros sobem e há espaço para cortar os juros e continuar no campo restritivo”, disse ele à Bloomberg.

No Brasil, os bancos e as instituições financeiras têm liberdade para estabelecer as taxas de juros, vez que não existe nenhuma regra ou lei que limite essa cobrança exigida dos consumidores, em casos de empréstimos. Dessa forma, cabe ao Conselho Monetário Nacional (CMN) estabelecer as políticas públicas e as regras para o mercado de crédito, entre elas limitar as taxas de juros, a exemplo do que foi feito no cheque especial, de 8% ao mês para a modalidade.