Imagine que você está em 1990 e, na fila do supermercado, pergunta à pessoa ao seu lado: o que você gostaria de ter para tornar a sua vida e o mundo melhores? A resposta dessa pessoa certamente não seria “um aparelho que caiba na palma da mão e seja capaz de conectar todas as pessoas, em todo o mundo, a partir de apenas um clique”.
Ou seja, quando o Google, a Amazon, a Apple ou até mesmo a Samsung – tem para todos os gostos! – não trabalhavam para atender às nossas necessidades a cada segundo, o que acontecia? Seguíamos as nossas vidas. Afinal, não éramos nós os gênios que pensavam em tudo o que poderiam fazer para ampliar os limites da tecnologia.
E assim o mundo foi mudando. O resultado, como afirma Martin Wezowski, especialista em um tipo de design realmente impactante, é que as mudanças, agora, acontecem cada vez mais rápido e em mais quantidade.
Apresentando esse contexto, ele comenta sobre o conceito de modernidade líquida – período em que vivemos, segundo o recém falecido sociólogo Zygmunt Bauman. A ideia que consiste basicamente em uma realidade em que as relações são fluidas, as decisões são passageiros, nada é concreto, nada perdura.
O desafio maior, nesse caso, é para as empresas: como pensar um mundo em que tudo simplesmente passa? Como planejar? Como realizar desejos? “Tudo o que já foi analógico vai passar a ser digital e tudo o que pode ser conectado, será”, comenta Wezowski.
Exemplo simples disso – e controverso, em muitos casos – é a chamada “Hello, Barbie” – produto da Mattel que consiste simplesmente em uma boneca que conversa, interage, responde perguntas, devolve questionamentos. Mais do que assustadora, ela é inteligente – ou melhor, o computador dentro dela é.
“O que acontece se a criança falar para a Barbie que está com fome?”, questiona o palestrante. Ele não sabe a resposta, mas todos nós gostaríamos de saber. “Imagine se o dispositivo estiver conectado ao Google e simplesmente pedir um lanche do McDonald’s”, brinca.
Ah, a solução
Wezowski cita, ainda, um dispositivo que identifica (e digita) o pensamento de uma mulher que tem o corpo todo paralisado. E chega, por meio dos mais diversos exemplos, ao ponto onde queria chegar: o bom design é aquele que muda o mundo e principalmente facilita a vida do usuário.
“As pessoas não sabem do que precisam, o design é feito para desenvolver justamente isso”, diz. “O próximo grande negócio virá de alguém que percebe a necessidade que o cliente não é capaz de articular. Empatia é o segredo”, diz.
Nesse sentido, ele aponta para a necessidade da interação entre pessoas e não apenas o uso de dados: não adianta conhecer todas as informações de alguém sem ter empatia por essa pessoa. E conclui: “as máquinas podem continuar coletando dados, enquanto humanos se concentram em seres humanos. Criar qualquer nova tecnologia que pode vir a ser inútil e que não corresponda às necessidades reais, pode ser uma perda de um tempo. Poderíamos aproveitar para entender as pessoas e criar o que é realmente útil”.