Neste ano, a Chilli Beans vai ultrapassar a marca dos dez países. Dos Estados Unidos, passando por Portugal e desembarcando em Abu Dhabi, estamos vendendo a ?pimenta? para consumidores ao redor do mundo inteiro.
Com isso, tenho sido convidado a falar sobre o assunto, em palestras e congressos. Se eu tenho o segredo para fazer sucesso em terras estrangeiras? Sinto decepcioná-lo, mas não tenho. No entanto, após nove anos exportando a marca, aprendi muita coisa sobre o consumidor estrangeiro, e posso compartilhar a experiência:
– O Brasil é um valor, use isso: nunca, desde o primeiro ponto de venda que abrimos nos Estados Unidos, quis me posicionar como uma marca brasileira fora do país. Eu quero concorrer pelo cliente local, com outros players do meu segmento. No entanto, ao longo dos anos, e especialmente mais recentemente, ser brasileiro se mostrou um valor nos negócios. Tenha orgulho de levar uma marca brasileira para além-fronteira.
– Cada lugar é um lugar: de maneira geral, quando uma franquia pensa em internacionalizar, já vem à cabeça que precisa ter um máster-franqueado em outro país, mas nem sempre é isso. Nos Estados Unidos, por excelência a terra das franquias, por exemplo, das grandes marcas de moda, praticamente nenhuma é uma franquia. Sendo assim, no meu caso, optei por ter uma operação própria lá.
Por outro lado, há países nos quais o ideal é apostar em um parceiro local. Imagina empreender nos Emirados Árabes? A cultura local é forte e peculiar, praticamente não há maneira de desbravar sem a ajuda de um franqueado ou, melhor ainda, de um grupo local.
– Se adapte, mas não perca a identidade: claro que ter um negócio internacional envolve uma adaptação da marca, para atingir um público que é diferente do brasileiro. Preste atenção, no entanto, para não se perder no outro país, perder sua essência e a razão do seu sucesso.
Se a sua veia é a música, aposte em se posicionar via música, com patrocínio de shows e artistas. Se a sua pegada é o esporte, invista nessa frente. Como exemplo citaria a Red Bull, que está no mundo inteiro, mas não perdeu seu DNA.
O quê o ajudou a construir sua marca no Brasil, pode apostar, vai ajudá-lo a fazê-la internacionalmente.
– Não tenha medo: por fim, minha dica é para não ter medo. Lembre-se: você empreende no Brasil, sob um ambiente hostil, de tributos, burocracia e dificuldade. Você é casca grossa, e não há porque temer se ?lançar ao mar?. Em muitos lugares, você terá a grata surpresa de perceber que é mais fácil ter sua empresa do que no seu próprio país.
* Caito Maia é presidente da Chilli Beans